quarta-feira, 30 de abril de 2008

A FALTA DE TEMPO

Não sou uma pessoa de “passados”. Por vezes deixo-me ir na onda e recordo uma música, um lugar, um momento. Mas logo afasto.
Sou muito pelo viver aqui e agora. Sem passado e sem futuro. Deixando a vida correr como um rio.
Quando recebo e-mails que falam da nostalgia do passado, repasso-os para os que gostam desse tipo de emoção.
Para mim, nesta Nova Era o presente é fundamental. O que faço hoje e como o faço. Às vezes, perco-me porque sou desorganizada: acumulo livros que não tenho tempo para ler, filmes que permanecem na estante à espera da minha disposição, papéis e jornais acumulados e montinhos silenciosos, à espera do dia da grande arrumação.
Vivo ao sabor da apetência do momento, estudando ou pintando, escrevendo ou lendo e reservo um curto espaço para meditar, o que é fundamental.
Não sei se dão atenção a um fenómeno dos nossos dias, o tempo voa! Mal começa a manhã e já são quase horas de ir dormir e logo aí está outro dia cheio de corridas, sem tempo para fazer tudo o que imaginávamos poder fazer.
Tive conhecimento, há tempos, de uma teoria sobre o «encurtamento do tempo», baseada em estudos feitos por um físico alemão muito conhecido – SCHUMANN
Pareceu-me interessante, embora nada disto esteja muito divulgado nem confirmado.

“Pela ressonância, Schumann procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou, em 1952, que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (daí chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7, 83 pulsações por segundo.

Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, durante as viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à acção de um simulador, Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde. Por vários anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida desenrolava-se em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada, a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz.

O coração da Terra disparou. Concomitantemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está a passar rápido demais não é ilusória,mas teria base real nesse transtorno da ressonância Schumann.

Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cientistas e biólogos de que a Terra é, efectivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade foram feitos para estarem sempre em harmonia, como os astronautas testemunham a partir das suas naves espaciais. Nós, seres humanos, precisamos da Terra que é a nossa casa e que amamos. Porquê? Segundo a teoria de Schumann, possuímos a mesma natureza bioeléctrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann.” (Leonardo Bolf)

Mas volto à questão do viver o presente. Tenho constatado que muitas pessoas da minha idade vivem das angústias do passado, das raivas, das perdas ou o inverso, demasiadas recordações de momentos de paixão, deslumbramento, etc… e olham o futuro como se ele não tivesse mais beleza, paixão, criatividade. Aquela ideia antiga, da geração dos nossos pais que, chegada a reforma , se ia abriando o caminho para os médicos, as solidões , a velhice.

Ao contrário, penso que há ainda muita vida para viver e existem muitas ajudas, teóricas e práticas, para nos mantermos sempre jovens.

Li, recentemente, um livro de Deepak Chopra que me ajudou a fundamentar muito da intuição que eu vinha sentindo há algum tempo. Aqui vos deixo a capa do livro.


terça-feira, 29 de abril de 2008

UMA SEM TERRA

Uns têm “uma terra” especial, outros sentem-se pertença de um lugar que, embora sendo o de muitos, deixa marca única. Eu não sinto que tenha “terra” ou “lugar”.
Sinto uma ligação muito frágil com a terra onde nasci, nenhum interesse pelo lugar onde vivi a maior parte da minha vida e muitas saudades de lugares onde vivi pouco (nesta encarnação, quem sabe noutras…) mas onde, provavelmente, não voltarei.
Nasci no Convento de Mafra onde os meus avós (maternos e paternos) e os meus pais viviam (no Convento uns, no Quartel outros). Brinquei nos terraços com as pombas e o vento, toquei os sinos com o meu avô materno, brinquei nos claustros interiores e fiz corridas no “jardim do bucho”, “ajudava” o meu amigo jardineiro do Jardim do Cerco onde também apanhava plantas medicinais com a minha avó materna, corria e andava de patins nos corredores do quartel (Escola Prática de Infantaria) … Essas são as minhas boas recordações de Mafra, primeiro até aos 3 anos, depois dos 6 aos 9 anos. Tenho outras recordações posteriores, mas não são boas.
Saudades tenho das savanas africanas de Angola, dos imbondeiros, das picadas e travessias em jangadas de toros meios partidos, das bostas de animal na estrada e dos sons que os denunciavam por perto, das sanzalas e dos batuques, do meu amigo Zé Maria, da baía de Luanda e dos banhos na ilha. Saudades de um tempo muito curto com os bochimanes do sul de Angola (os que restavam…). Saudades também da marginal de Lourenço Marques, das acácias rubras e dos jacarandás, da frescura da Namaacha. Tenho outras recordações mas não são boas.
Insonso é todo o outro tempo de viver em Lisboa. É difícil gostar de um lugar onde é tudo “ tanto faz”. Nunca serei de cá. Se calhar, também não quero ser.

Nos últimos anos faço um esforço de ligação a um lugar que conheci bem e onde também “fui vivendo” por períodos curtos. Era um lugar de que não gostava nada mas ando a aprender a gostar. É que, com o envelhecer vem esse tal desejo de “ter uma terra”.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

SOU UMA ALFACINHA

Confesso que sempre senti alguma «invejinha» dos meus amigos que tinham… terra!
Nas vésperas das férias de Natal, da Páscoa ou de outras festividades, era vê-los e ouvi-los nos preparativos da partida, sôfregos de reencontros com familiares e amigos, ansiosos pelos petiscos, pelos bailaricos, pelos grandes passeios, à beira-mar ou pelas serranias, pelos picnics, pelo descanso na paz da natureza e eu…, «uma sem terra», para aqui ficava, em Lisboa, um tanto órfã, porque, quis a ironia do destino, que a maioria das minhas amizades, fosse e seja, ainda hoje, de fora de Lisboa…
Sempre achei que não tinha terra porque a minha terra era a de toda a gente. E, para cúmulo, eu não tinha sequer bairro, eu era oriunda das Avenidas Novas, muito em moda para a altura, é certo, mas que não me servia de consolo. Eu queria ter um terreno, uma casa cheirando a alfazema, umas vaquinhas, animais de criação, colher frutos das árvores, mexer na terra, andar em liberdade…
Mas enganem-se os que pensam que não amo Lisboa. Amo de verdade esta cidade de acentuados contrastes, amo-a como a lindíssima cidade branca e luminosa, que é, que acorda nervosa todos os dias, fervilha até ao entardecer, adormece cedo, nos bairros onde vive quem trabalha e se deita muito tarde, nas novas zonas de vida nocturna.
Gosto da Lisboa das sete colinas, do Tejo que a serpenteia, dos miradouros de onde se vislumbra o casario branco de telhados laranja, do meu altivo castelo S. Jorge, das ruelas dos bairros típicos, das modernas avenidas, da hospitalidade, das gentes simples…
Não gosto da Lisboa suja, com muito lixo, muita porcaria de cão, de maus odores, desorganizada no trânsito, apinhada de carros, transbordando de desleixo, insegura, com gente carrancuda e infeliz …
Sou alfacinha mas sonho com o campo, com espaços abertos e verdes, com planuras louras a perder de vista, com socalcos de vinha, com árvores curvadas ao peso dos frutos, com riachos e bordas de água fresca, com cheiro a terra molhada, com luares e estrelas, contadas uma a uma …enfim… sou uma alfacinha acidental!!

domingo, 27 de abril de 2008

SER ALENTEJANA

Hoje fui ver a minha terra, é bom pertencer a um local, continuar a sentir o cordão umbilical mesmo que a minha «imigração» já tenha 48 anos…
Mas ser alentejano tem a sua graça. Somos um tanto indolentes, no falar e no agir, mas temos uma fibra genética de perseverança, tolerância e hospitalidade.
Gostamos do petisco e do copo de vinho tinto, da conversa longa e arrastada com os amigos no café, na praça ou na esquina do monte. Não parece mas somos um povo muito comunicativo quando confiamos.
O Alentejo na Primavera tem um encanto especial. Os campos ondulados com verdes matizados, a predominância da cor roxa e amarela , os salpicos dos malmequeres brancos…a quietude dos olivais. As primeiras papoilas a tingirem os campos de searas. O zumbido dos moscardos nas flores da laranjeira. Que quietude e paz para uma alma cansada da poluição desta cidade.
A minha terra situa-se no Alto Alentejo. Um local cheio de memórias das reconquistas da idade média. D. Afonso III deu-lhe foral em 1259, fundou e mandou povoar o Castelo.
O projecto do Castelo foi, desde logo, associado ao da construção da Torre de Menagem, que se supõe ter sido obra de três reinados - D. Afonso IV, D. Pedro e D. Fernando, o que a designou de "Torre das Três Coroas", simbolizadas no remate marmóreo do cunhal no terraço superior. Tive o privilégio de habitar o edifício fabuloso (hoje Pousada) que está ligado a esta Torre. Pelos seus corredores corri , brinquei e comecei os primeiros namoros. Lembro também as aulas de Canto Coral num espaço lindíssimo cheio de arcos góticos e que só mais tarde soube ser a sala do rei D. Dinis.
Esta cidade tem histórias fabulosas, talvez um dia me apeteça escrever sobre elas.
Mas hoje, quero partilhar uma paixão especial – eu adoro oliveiras.
Elas têm contornos escultóricos indescritíveis onde por entre as rugas , os nódulos , se pressentem mistérios, seres da natureza, como gnomos ou duendes.
Desde sempre senti esta atracção e talvez a tenha intensificado com leituras de poemas de Florbela Espanca quando tinha ainda 11 ou 12 anos.
Volto à cidade onde vivo, cidade que me adoptou e que também amo. Fica-me a nostalgia do meu tempo de criança quando colhia amoras selvagens, me deliciava com cheiro do alecrim, dos poejos, do jasmim e colhia “azedas” no caminho para a escola primária.



sexta-feira, 25 de abril de 2008

COMO O TEMPO PASSA DEPRESSA

Esta tem sido uma preocupação constante dos meus últimos tempos e dou comigo a perguntar: Terei mais que fazer agora? Não estou a ser capaz de gerir de forma tão equilibrada o meu tempo? Será que a recente ausência de tantos compromissos, com horas e tempos marcados, me está a relaxar completamente e … o tempo me voa?
Vem isto a propósito de hoje ser 25 de Abril! Como o tempo passou depressa! Já lá vão 34 anos mas relembro sempre com imensa emoção as vivências desse dia!
Lembro cada instante do dia 25, desde as 7 horas da manhã, em que despertei com a rádio, transmitindo músicas militares que eu não entendia, porque não se encaixavam nas minhas rotinas, o toque do telefone do meu futuro cunhado que nos aconselhava a não sair porque algo de estranho se passava, da nossa mãe que só nos dizia « com esse tipo de música que não seja nenhum golpe de extrema direita», da nossa ida para a rua à procura de jornais e de ver qualquer coisa… do tempo que passámos colados à rádio e à TV, dos comunicados que começaram a ser cada vez mais elucidativos, da falta de notícias do nosso pai, ausente do país, das movimentações dos chaimites, das rendições, até ao momento em que tudo se fez claro para nós – tinha chegado a LIBERDADE!!
Trinta e quatro anos depois e apesar de muitos sonhos frustrados, de alguma desilusões dolorosas, de injustiças sociais não reparadas, de tanto que ainda há para concretizar, por nada deste mundo eu voltaria atrás, por nada de nada eu trocaria o poder estar aqui e agora LIVRE, acreditando sempre que o amanhã é de esperança, de força e de coragem e … se cada um fizer a sua parte, responsável e interveniente na sociedade, teremos um país melhor e mais equitativo, eu ainda acredito…
Um cravo bem vermelho por cada boa ideia, por cada boa intenção para que seja verdade a tão repetida frase «25 de Abril, sempre!»

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Quando um crocodilo come o sol

Ontem foi o “Dia Mundial do Livro” e como Ler é o que mais gosto de fazer, deixo aqui algumas notas sobre o último livro que li : “Quando o crocodilo come o Sol” , escrito por Peter Godwin, um jornalista que nasceu e cresceu na Rodésia /Zimbabué e relata vivências reais da população branca e negra, entre 1996 e 2004.
A história centra-se na família do autor, a mãe, médica, o pai, engenheiro e no círculo de amigos e conhecidos, brancos e negros, que sofrem os efeitos de uma política desastrosa e de políticos corruptos, de uma inflação que ronda os 7500% ( admite-se que em 2008 é de 100 000% !). Trata também da esperança nas eleições de 2004, em que o partido da oposição, o MDC, parece ter vencido a ZANU-PF, partido do poder. Mas não “venceu” … (em 2008, será que a história se repete?)
Fala-se dos dramas vividos por fazendeiros brancos que vêem as suas terras ocupadas por bandos de “veteranos de guerra” - alguns nascidos depois da guerra de independência…(as terras que lhes restavam depois de 60% da terra ter sido desapropriada e redistribuída com indemnizações ao preço do mercado). Fala-se dos negros e brancos que, no quadro do MDC, lutam para reequilibrar a economia e o poder. Fala-se da coragem de brancos e negros para sobreviverem. Mas conta-se também que nem sempre foi assim: Robert Mugabe foi um líder nacionalista respeitado que lutou pela independência real do país e constituiu, em 1980, um governo que estimulou a integração branca ( o ministro da agricultura era branco) e elevou a país, nos 10 anos seguintes, ao mais desenvolvido da África meridional – “O celeiro de África”, dizia-se. O descalabro começou em 2000.
Também se conta um pouco da história da colonização branca, de como 1% da população dominava, antes da independência, a economia e o governo. Desde Cecil Rhodes que distribuiu aos seus pioneiros parcelas de terra para cultivo, compensando a frustração do ouro que não encontraram, passando pela aquisição de terras à Companhia Britânica da África do Sul (autoridade colonizadora), sem que as autoridades tribais fossem recompensadas. Os “nativos” foram sendo empurrados para reservas … Só que, em 1895, eram aproximadamente 600 000 mas em 1945 já eram mais de 4 milhões e a população branca, 1%, ocupava mais de metade dos terrenos agrícolas.
E não deixa de ser interessante pensar na violência desta ocupação branca de terras quando, numa agricultura de subsistência, a posse de terra é um conceito estranho. Para um africano do sec.19 e de grande parte do séc.20, “comprar terra” é “loucura de branco” porque “não se compra o vento, a água ou as árvores”.
E, já agora, a razão do título: “ Quando o crocodilo come o Sol» é o modo como alguns povos tribais do Zimbabué explicam o eclipse solar ; segundo eles, um crocodilo celestial consome em pouco tempo a estrela que gera a vida, numa demonstração do seu desencanto pelo homem”.

Sendo tão incerto o futuro próximo do Zimbabué, vale a pena ler este livro para compreender melhor o que aí vem.

Notas:
- A Rodésia foi fundada por Cecil Rhodes, em 1895 e integrada, com a Niassalândia, na Federação da África Austral
- Em 1963 desfez-se a Federação e o Reino Unido concedeu a independência à Rodésia do Norte (Zâmbia) e à Niassalândia (Malawi) mas recusou fazê-lo à Rodésia do Sul, governada por uma minoria branca que, em 1965, proclamou a independência unilateral
- A luta pela independência negra durou até 1980 (com o apoio de Moçambique já independente) e, em 1987, Robert Mugabe é eleito chefe de Estado
- O povo do Zimbabué é constituído por bantos/ shonas e por ndebeles/zulus.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O meu gato AMON

Durante anos só tive um gato de madeira que me olhava do chão e era mesmo só
“ aquele a que tinha direito” - não tinha tempo nem paciência nem espaço para um de carne e osso. Mas fui dizendo que um dia teria um gato – quando um pequenino “viesse ter comigo”.

Em Dezembro, no dia dos meus anos, umas amigas que vivem no campo, foram surpreendidas por um gatinho choroso, abandonado numa manhã de chuva, doente e a pedir colo. Acharam que era o meu presente de aniversário. Depois de curado da pneumonia, aí está, a crescer e a testar a minha paciência – tem agora, aproximadamente, 5 meses.
Deve ser como todos os gatos, mas eu nunca tive nenhum, nem vi ninguém educar gatos … imagino como será e vou tentando não ser educada por ele …
É bonito! É meigo e arisco, brincalhão e dorminhoco, curioso sem medida, amigo de água corrente e de molhar as patas na praia, adora mergulhar nas ervas e comer algumas, trepar a árvores e “destruir” plantas. É teimoso e matreiro, mordisca dedos e o mais que puder, salta cada vez mais alto …
Gostava de lhe dar a liberdade que todos os seres merecem para ir e vir a seu belo prazer … tem a liberdade possível: sai de trela, vai ao campo e à praia, olha os passarinhos da janela ou da varanda, cheira o ar fresco .

Aí está o AMON : quando apareceu e com mais ou menos 5 meses.

Nota : AMON, AMON-RÉ é rei dos deuses egípcios, senhor dos templos de Luxor e Carnac, deus da luz e do Sol.
No Egipto, os gatos são seres divinos, purificadores de lares, canalizadores de energias positivas.
Na tradição celta, os gatos têm nove vidas, encurtadas para sete na Idade Média …
Aos gatos associam-se os poderes da lua, do mundo mágico, das bruxas …
Na Cabala e no budismo representam a sabedori
a, a prudência e a vivacidade.

A 3ª mãozinha



A partir de hoje, o nosso Blog passa a ter mais uma «mãozinha».
No início era para ser assim, a três mãos, mas esta «mãozinha» levou tempo a decidir e não confiava muito nestas tecnologias da comunicação.
Contamos, a partir de hoje com a sua colaboração que decerto agradará aos nossos visitantes…

terça-feira, 22 de abril de 2008

Visita inesperada

Habituada a vê-los na praça, correndo em bandos, à procura de migalhas perdidas junto ao mercado, foi com surpresa que nesta tarde alguns pombos pousaram na minha varanda. Vê-los tão próximos e tão íntimos, curiosamente olhando-me, perturbou-me.
Queriam qualquer coisa, ou não. Talvez fosse uma reunião secreta, longe do grande grupo.
Passearam-se sobre o parapeito, exibindo as suas penas azuladas, peitos brancos acinzentados, olhos de contornos avermelhados.
Olhavam através da janela e viravam a cabeça com expressiva curiosidade. Estariam a pensar o mesmo do que eu?
Levei algum tempo para ter a iniciativa de os fotografar. Uma máquina fotográfica raramente está à mão.
Quando finalmente me decidi o bando riu-se e bateu asas. Ficou apenas um, por um instante, como a desafiar-me.
Fui buscar migalhas de pão que coloquei sobre o parapeito. Esperei, esperei, mas …eles, não voltaram.
Percebi então que tiveram uma reunião de emergência a muitos metros de altura para discutirem fora da vista dos coscuvilheiros do grupo, alguma manobra politica para derrotar os parceiros na próxima assembleia pombalina?!
Não sei se estarei a ser influenciada pelo clima político do momento…

Dia Mundial da Terra

Hoje é um dia muito especial, o dia mundial da Terra.
Dia que devia ser festejado todo o ano com atitudes protectoras do ambiente. Mas, apesar dos esforços a nível pessoal, deparamos com uma educação ambiental caótica.
Por mais que a escola se esforce com debates, resmas de documentos escritos, de pesquisas feitas, de imagens denunciadoras e filmes didácticos tudo parece continuar igual. Não são visíveis os esforços feitos pelos educadores com estas novas gerações. Continuamos a não separar os lixos e, quando o fazemos, chegamos aos ecopontos que extravasam de conteúdos acumulados, misturando pelo chão vidros, plásticos, caixas, mobiliário partido e outras coisas indizíveis.
A ideia idílica dos piqueniques sobre frescos relvados já passou à história… impossível realizá-los no meio de resíduos deixados pelos cãezinhos, levados a passear, garrafas de cerveja abandonadas, plásticos e plastiquinhos, papel e papelinho e mais não se diz…
Quanto ao ar que respiramos, nos meios urbanos, temos ai a prova evidente da contaminação na quantidade de doenças respiratórias e alérgicas que miúdos e graúdos manifestaram neste Inverno.
Educação ambiental?! Quando será encarada com consciência?
Avós, pais, professores, políticos, que podem mudar as novas gerações, quando tornam visível esse empenho?
O planeta Terra só mudará quando todos investirem na sua cura!!

A propósito:

O Dia da Terra foi criado em 1970, quando o Senador norte-americano Gaylord Nelson lançou o primeiro protesto nacional contra a poluição.
É festejado a 22 de Abril e a partir de 1990, outros países passaram a celebrá-lo.

Nota-se alguma diferença?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

RED DANGER


Deixo ficar aqui a sugestão de um dos muitos sítios simpáticos que se encontram por essa Lisboa. Hoje, ao regressar das minhas aulas de italiano, entrei num pequeno bar/restaurante «Elephant Walk Café», onde fui surpreendida pelo delicioso sabor, um tanto exótico, de um sumo natural, aconselhado por um empregado muito atencioso – Red Danger - não se assustem, é simplesmente a agradável combinação do suco de beterraba, tomate, laranja e lima!! UMMM de beber e chorar por mais!!

Rituais de Bairro

Todas as manhãs se cumpre o ritual. Depois do pequeno-almoço, pega-se na sacola e desce-se até à rua quer faça sol ou chuva, quer se acorde vigorosa ou mais deprimida, para desentorpecer as pernas, ver gente…
Temos muitos cafezinhos neste bairro, mas, desde sempre, estabelecemos uma certa simpatia por dois deles, um mesmo ao virar da esquina da rua, outro mais adiante. Escolhemos aquele que no dia apetece mais. Nesses cafés encontramos muitas pessoas que fazem as nossas rotinas, tomam a bica, uma “miniatura “ (bolo em tamanho reduzido) para o café não cair sozinho!!!
Encontramos grupos de pessoas reformadas que põem a conversa em dia, outras que lêem o jornal diário e outras que vão para comentar com os funcionários as últimas novidades.
Por sorte estes cafés têm um pessoal afável que nos trata como gente da família. E as pessoas mais solitárias cumprem o ritual de ir falar com os seus “amigos”.
Os pequenos bairros são assim, felizmente, somos acolhidos com algum afecto e respeito o que nos dá grande tranquilidade.
Tomada a bica e trocados os sorrisos do dia iniciamos uma caminhada pelas ruas, parando em alguns locais para ver a montra das boutiques, as flores na florista, os títulos dos jornais do dia na tabacaria. Depois, se levamos no bolso uma lista de compras para a casa, fazemos a ronda do mercado, do supermercado, da farmácia etc…
Bom, a manhã vai-se num instante!...
Conclusão, este ritual quase que obrigatório é um modo de energização da nossa vida activa. Para quem se reformou recentemente, habituada que estava a horários rotineiros, com tarefas diárias para cumprir, não deve ficar em casa «amolengando». É preciso comunicar, andar e preparar uma série de projectos para continuar a aprender coisas novas. Aprender línguas novas, frequentar a piscina ou o ginásio, fazer caminhadas, evoluir na aprendizagem de novas tecnologias, aprender a criar seja com a palavra, o desenho, a pintura ou até a música. Muitos dos nossos talentos ficaram esquecidos no passado por falta de tempo ou de oportunidade.
A reforma não deve ser um estado de paragem, há muita vida ainda para viver e é preciso continuá-la saudavelmente.
Para quem quer aprender mais sobre evolução espiritual poderá hoje ter acesso a novas experiências, as quais podem trazer paz e serenidade, fazendo compreender a razão da nossa passagem por este planeta.

Abril Águas Mil

O Sol apenas desenhou o horizonte com pinceladas de cores difusas. A chuva esteve sempre presente, dando razão ao ditado popular «Abril, águas mil». Mas este país sem sol fica tristíssimo... o semblante do português, que habitualmente apresenta uma melancólica tristeza, fica mais fechado ainda. Assim, sair à rua, num domingo, com chuva e sem o nosso SOL, é mergulhar numa atmosfera um pouco angustiante...Melhor é ficar em casa, curtindo uma música, lendo os jornais de fim de semana, contactando os amigos, por e-mail ou pelo telefone...Talvez amanhã, vencido o síndroma do domingo, domingão, vos possa falar com outra veia...

Sentinela Atenta

Olhar sobre o azul e branco do casario desta vila de pescadores. Cheiro a maresia, na neblina que paira sobre o mar, acompanhando a maré que traz consigo, em doces espirais, pequenos ouriços. Sentinela de horizontes onde velas se vislumbram como sombras de reflexos do outro lado do mundo.