“Se não podes eliminar a injustiça, pelo menos contai-a a todos” – é uma frase antiga de um teórico iraniano ( Ali Shariati). Foi esta ideia que inspirou a juíza e advogada Shirin Ebadi a contar em livros, conferências e encontros, a vida de várias gerações de iranianos, a tragédia de todo um povo – humilhado por uma monarquia corrupta, arruinado e “colonizado” por ingleses durante décadas e por uma política americana sem escrúpulos, ameaçado pelo poder comunista e sujeito ao actual regime teocrático com total desrespeito pelos direitos humanos.
A sua vida dedicada à defesa dos Direitos Humanos valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2003.
Acabei de ler o último dos seus 14 livros : “ A Gaiola de Ouro” ( publicado por “a esfera dos livros” em 2009) .
Com a sua história e a da família da sua amiga Pari, homenageia todas as famílias iranianas que viveram as últimas décadas, desde os últimos dias da monarquia à ascensão de Ahmadinejad, passando pela Revolução Islâmica de Khomeini, famílias que perderam a maior parte dos seus membros – uns assassinados pelos militares no final da monarquia, a maior parte dos outros mortos durante o actual regime. Muitos enterrados em valas comuns e julgados por tribunais religiosos. À tortura física acrescenta a tortura psicológica exercida sobre familiares, a ausência de liberdade de expressão e movimentos, o desrespeito pelo direito das mulheres ao trabalho e à intervenção cívica,…
Com este livro também se recorda a responsabilidade do mundo ocidental, sobretudo ingleses e norte americanos, na condução do destino dos territórios ricos em petróleo ou com posições estratégicas que servem conveniências políticas. Foi assim que os ingleses dominaram durante anos a produção de petróleo do Irão, apoiaram o golpe de Estado que “promoveu” a Xá um coronel cossaco ( pai do último Xá ) e boicotaram a venda de petróleo no ocidente quando perderam o monopólio . A reboque das preferências nazis do Xá ( ex-coronel) e da sua neutralidade na última guerra, os aliados invadiram o Irão e obrigaram a sua substituição pelo filho – aquele Reza Pahlavi que a nossa geração conheceu, casado com a lendária Soraya e que até pareceu ser, no início do reinado, uma lufada de ar fresco . Mas a história de “colonização” continuou, agora com os EUA no principal papel - até que as conveniências levaram a “deixar cair” o Xá e apoiar khomeini …
Sobre a história recente descreve-se a ascensão de Ahmadinejad, de “presidente” da Câmara de Teerão a governante máximo …
Shirin Ebadi recusou sempre sair do Irão mas, desde a recente reeleição de Ahmadinejad, da prisão de alguns dos seus colaboradores e das ameaças de morte que tem sofrido, só mesmo a exposição pública que o Nobel lhe pode dar a livrará de destino semelhante a muitos iranianos – mesmo os exilados.
(Ontem deu uma entrevista à tvi24 que pode ser vista na Internet – vale a pena)
A sua vida dedicada à defesa dos Direitos Humanos valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz em 2003.
Acabei de ler o último dos seus 14 livros : “ A Gaiola de Ouro” ( publicado por “a esfera dos livros” em 2009) .
Com a sua história e a da família da sua amiga Pari, homenageia todas as famílias iranianas que viveram as últimas décadas, desde os últimos dias da monarquia à ascensão de Ahmadinejad, passando pela Revolução Islâmica de Khomeini, famílias que perderam a maior parte dos seus membros – uns assassinados pelos militares no final da monarquia, a maior parte dos outros mortos durante o actual regime. Muitos enterrados em valas comuns e julgados por tribunais religiosos. À tortura física acrescenta a tortura psicológica exercida sobre familiares, a ausência de liberdade de expressão e movimentos, o desrespeito pelo direito das mulheres ao trabalho e à intervenção cívica,…
Com este livro também se recorda a responsabilidade do mundo ocidental, sobretudo ingleses e norte americanos, na condução do destino dos territórios ricos em petróleo ou com posições estratégicas que servem conveniências políticas. Foi assim que os ingleses dominaram durante anos a produção de petróleo do Irão, apoiaram o golpe de Estado que “promoveu” a Xá um coronel cossaco ( pai do último Xá ) e boicotaram a venda de petróleo no ocidente quando perderam o monopólio . A reboque das preferências nazis do Xá ( ex-coronel) e da sua neutralidade na última guerra, os aliados invadiram o Irão e obrigaram a sua substituição pelo filho – aquele Reza Pahlavi que a nossa geração conheceu, casado com a lendária Soraya e que até pareceu ser, no início do reinado, uma lufada de ar fresco . Mas a história de “colonização” continuou, agora com os EUA no principal papel - até que as conveniências levaram a “deixar cair” o Xá e apoiar khomeini …
Sobre a história recente descreve-se a ascensão de Ahmadinejad, de “presidente” da Câmara de Teerão a governante máximo …
Shirin Ebadi recusou sempre sair do Irão mas, desde a recente reeleição de Ahmadinejad, da prisão de alguns dos seus colaboradores e das ameaças de morte que tem sofrido, só mesmo a exposição pública que o Nobel lhe pode dar a livrará de destino semelhante a muitos iranianos – mesmo os exilados.
(Ontem deu uma entrevista à tvi24 que pode ser vista na Internet – vale a pena)
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