Tudo o que se relaciona com as embarcações e com as constantes viagens pelos canais desperta a curiosidade e o interesse de todos que, como eu, não estão habituados a usar este meio de transporte. Foi, sem dúvida, o aspecto que me marcou mais e que mais me fez reflectir na vida nada fácil que têm os habitantes de uma cidade que desenvolve toda a sua actividade social e económica em função de uma mobilidade marítima, quer faça sol, quer chova a potes.
Assim, sempre que podia, não tirava os olhos da operação hábil dos jovens funcionários da ACTV, a companhia de vaporetos que serve a cidade com carreiras constantes. Muito activos, a cada aproximação do novo cais, afastam as pessoas da entrada para poderem, em segurança , atracar, dar ordem de saída e de entrada a novos passageiros.
As gôndolas são, na verdade, lindíssimas embarcações, algumas com pormenores e enfeites muito elegantes.Quando deixava as margens e me embrenhava pelo interior de cada zona ia descobrindo aspectos normais da vida da cidade – as roupas penduradas a secar em cordas de prédio a prédio, os sacos de lixo pendurados em ganchos próprios para a recolha diária e em muitos bairros diferenciada, havendo a recolha diária do lixo orgânico e a do papelão, dos plásticos e dos vidros em dias diferentes, para melhor rentabilidade. Andando a pé pelas ruas verifiquei como as casas de Veneza estão envelhecidas e a necessitar de uma urgente política de reabilitação. Mas alguns aspectos, mesmo degradados, podem ter tanta beleza, graças aos tons ocre, castanho e avermelhado que mais parecem pinturas.
Também, de nariz no ar, lá fui descobrindo os diferentes candeeiros, alguns cartazes que até anunciavam uma mostra de filmes portugueses, portões de ferro forjado que podiam estar ali como noutra cidade qualquer, tons avermelhados que já começavam a tingir a natureza com belos tons de Outono, pérolas do cinema italiano dos anos 60/70, em posters e capas de discos, as célebres máscaras venezianas de todas as formas e feitios, um quadro da Callas feito em troncos e folhas, peças lindas de cristal de Murano, já com design muito moderno.
E, em S. Marco, todos os pormenores de decoração dos imponentes edifícios. Somos mesmo obrigados a parar, olhar, ver, descobrir, apreciar tanta beleza!Como remate aos pormenores que registei, tenho de deixar a imagem da cadelinha Anita com quem passei óptimos momentos de brincadeira, de passeio e convívio, ela que me adoptou como se fosse mais um elemento da família e me saudava com tanto entusiasmo quando regressava a casa. É muito simpática e um caso raro de sucesso. Sempre que sai à rua conquista as pessoas por quem passa, todos a querem acariciar!
3 comentários:
Mais um viajar pelos teus olhos.
Gostei muito dos pormenores e da graça da Anita. Talvez o Amon gostasse de uma companhia assim.
bjinho
...Tu e a tua paixão por Veneza ! É realmente um lugar irresistível. Também eu me apaixonei por ela visceralmente.
Mas tenho que felicitar-te pela excelente reportagem que fizeste e agradecer-te por me teres trazido de novo à lembrança,estes deliciosos recantos da "Sereníssima". Jinhos
..E a Anita ? Haverá vedeta mais terna e mais fotogénica do que esta ?
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