sábado, 5 de novembro de 2011

Aceitar emprego na Agricultura?


Na Zona do Oeste a empresa “Primores do Oeste” emprega 180 trabalhadores estrangeiros, entre eles muitos tailandeses. Porque não portugueses?

Dizem os responsáveis que começaram por convocar para entrevistas 700 portugueses vindos do Centro de Emprego. No dia aprazado apareceram 100, no seguinte 1 !!

Empresas do Alentejo deixaram de apostar em mão-de-obra portuguesa, depois de várias diligências frustrantes. É o caso da “Maravilha Farms” ( grande produtora de framboesas) que tem agora trabalhadores de 13 países e, na Zambujeira do Mar, a “Lusomorango “ emprega 1500 estrangeiros.

Há outros exemplos, sobretudo no Oeste, no Alentejo e no Algarve.

Paga-se pouco? “ A base da remuneração é o salário mínimo acrescido de subsídio de alimentação e, por vezes, de transporte. A média é de 800 euros” – informação da empresa “Seacross” especializada na angariação de mão-de-obra tailandesa e que colocou, até agora, 400 tailandeses em propriedades desde Torres Vedras ao Algarve.

Um desses trabalhadores acrescenta que, nos meses com maiores colheitas se podem ganhar cerca de 1500 euros.
Talvez o salário médio seja baixo para o esforço que é pedido mas …
Fugir do trabalho do campo para a cidade andou durante anos a ser sinal de “melhoria de vida” – e terá sido em muitos casos!

A Agricultura não foi devidamente valorizada e foi sempre sinal de baixo nível cultural – salvaguardando-se os latifundiários, os ricos donos de terras que muitas vezes só lá iam vigiar o capataz.

Os tempos mudaram. A mecanização e novas técnicas de produção exigem conhecimentos, cultura, níveis mais altos de escolaridade. A qualidade de vida nas cidades degradou-se e fora delas está a ser motivadora de fuga de muita gente mais jovem.

Jovens que regressam a terras de família, não desempregados que buscam emprego …

É imperativo que se criem condições para gente sem terras e sem emprego arriscar e virar agricultor!

Uma boa ideia de que se tem falado é a criação de um “Banco de terras” para alugar. Umas de particulares, outras do Estado que tem 125 mil hectares de área com potencial agrícola não utilizada. Diz a Ministra da Agricultura que já há “um projecto de disponibilizar terras do Estado para jovens futuros agricultores e a preços compatíveis”.

Parece ser uma boa ideia já que só 2% dos agricultores têm menos de 35 anos – e estes com um elevado nível de qualificação e formação. No Alqueva há 120 hectares de terra que podem servir a agricultura de regadio - vamos deixar para os espanhóis?

“ A crise financeira pode ser a última oportunidade de voltar os olhos para a terra, um bem que nunca abre falência” - é assim que termina o artigo que, sobre este assunto, li na Visão desta semana.

Se muitas das pequenas empresas agrícolas familiares que se criaram nos últimos anos têm recorrido a mão -de- obra nacional e estrangeira que faz do trabalho agrícola uma forma de passar férias ( pagando para isso), talvez uma campanha de valorização do trabalho na Agricultura e Pecuária pudesse contribuir para a não importação dos 3 mil milhões de produtos agrícolas e contribuísse para o objectivo de sermos auto-suficientes num prazo de 7 a 8 anos - como desejaria o Governo.

1 comentário:

ZIA disse...

Venham os tailandeses, os alemães e os chineses para se juntarem aos portugueses que realmente querem "tocar para a frente", mas, depois não se queixem os outros, os que não aceitam trabalhar a terra.
Fizeste bem em mencionar os bons exemplos que temos! Felizmente, por todo o país estão a aparecer casos de sucesso ligados à agricultura mas...são necessários muitos mais! Que venham rápidos os apoios e os incentivos mas... que alguem os apoie e lhes peça contas. De outra forma teremos mais do mesmo!!
Abraço
ZIA