sábado, 23 de maio de 2009

Sónia Gandhi

O Partido do Congresso, liderado por Sónia Gandhi, ganhou as eleições indianas, pela segunda vez consecutiva desde que Indira ocupou o cargo entre 1966 e 1977. E pela segunda vez é primeiro ministro o homem que Sónia Gandhi tinha escolhido em 2004 – Manmohan Singh,um sikh, economista, homem sério e honesto, um tecnocrata, um convicto defensor dos princípios do partido ganhador : liberdade, tolerância, laicismo e unidade.
Com as eleições de 2009 um novo membro da família Nehru-Gandhi, Rahul, de 38 anos, filho de Sónia e Rajiv, torna-se secretário –geral do partido do Congresso e vai ser convidado para o governo de Manmohan Singh.

Foi interessante para mim, seguir esta eleição enquanto lia o livro de Janvier Moro, “ O Sari Vermelho”, sobre a Índia depois da independência, sobre a “dinastia” Nehru-Gandhi e, sobretudo, sobre a vida da italiana Sónia Maino, hoje Sónia Gandhi. O livro termina em 2004, quando ganha as primeiras eleições e decide que não quer ser primeira ministra. Aposta em Manmohan Singh com muita determinação e contra a vontade da maior parte dos membros do Congresso. Apostou bem.
Sónia Maino conheceu Rajiv, o filho mais velho de Indira Gandhi, quando estudavam em Cambridge. Daí ao casamento ( em 1968), ao apoio incondicional à sogra durante anos difíceis no governo e na oposição , ao assassinato de Indira pelo seu guarda pessoal Singh ( sikh) em 1984, à necessidade de apoiar Rajiv como sucessor no Partido do Congresso e no governo, ao seu assassinato em 1991 ( pelos Tigres Tâmiles), à resistência para lhe suceder ( só em 1997) …” O Sari Vermelho” é a história da Índia pós-independência ( em 1947) .
Sendo uma narrativa centrada na família Nehru-Gandhi (*), permite conhecer melhor a complexidade do segundo país mais populoso do mundo, com 17 línguas oficiais, 845 dialectos – sendo o inglês o idioma comum. Ficam mais claras as sucessivas guerras com o Paquistão, as lutas do Bangladesh, as relações com o Sri Lanka e com os Tigres Tâmiles, o esforço de modernização e a aposta tecnológica ao mesmo tempo que não se resolve a pobreza extrema.
O sari vermelho é um dos que Nehru teceu nos vários anos que permaneceu preso, usado nos casamentos das mulheres da família : Indira, Sónia e Priyanka ( filha de Sónia).

O livro também permite um juízo crítico sobre os costumes e tradições que as telenovelas transmitem … e, já agora, a líder “dalit” Mayawati e o seu partido, conseguiram 22 lugares no Parlamento nas eleições de 2009 – menos do que esperavam, mais do que tinham nas eleições anteriores.

(*) Indira casou com um pársi, filho de Jehangir Ghandy que terá mudado a ortografia do seu nome para Gandhi ( em 1930), apelido de uma casta de perfumistas e um apelido vulgar no Guzarate – de onde era oriundo Mahatma Gandhi. Embora amiga do Mahatma desde a infância, não foi dele que herdou o nome.

Nota : por dificuldades de edição só conseguimos colocar fotos no início. Tenham pois a paciência de as integrar : foto da capa do livro, dos vencedores das eleições de 2009 e 2004
(Singh e Sónia Gandhi), de Indira, do casamento de Sónia e Rajiv, os filhos de Sónia.

2 comentários:

ZIA disse...

Muito interessante este post, num momento em que tanto se fala desse enorme e contraditório país que é a Índia e de que, muitas vezes, se sabem apenas futilidades e aspectos menores de cultura e civilização.
Óptimas fotos também e obrigada por partilhares mais esta leitura.
Abraço
ZIA

Anónimo disse...

Consegui entrar. Belíssimo texto q.
me leva até esse país cuja Civilização tanto admiro.
Abraço.
isa.