É o livro de John Carlin que acabei de ler. Foi também o filme de Clint Eastwood que não vi. É um pouco da história de Nelson Mandela que admiro
incondicionalmente.
O autor do livro é correspondente internacional de “El País”, foi director executivo do “The Independent on Sunday” e foi para este jornal que trabalhou como correspondente na África do Sul, entre 1989 e 1995. Tornou-se espectador privilegiado no processo de libertação de Mandela, na sua eleição e em todo o percurso de reconciliação entre defensores e vítimas do “apartheid”.
Entrevistou e conversou com figuras políticas e socialmente relevantes, com Nelson Mandela, com jogadores da equipa nacional de râguebi, com gente comum.
Escreveu um livro que testemunha como Mandela soube usar o seu carisma, a sua inteligência e humanidade ( a sua compaixão, diria), para unir negros e brancos numa “alma nacional”, num POVO, vencendo-se medos, preconceitos e rancores. Conta como, num “golpe de génio”, viu na final do Campeonato de Râguebi de 1995, a oportunidade para pôr em prática o seu plano de reconciliação nacional. E de como o conseguiu.
O râguebi era um desporto de africânderes e mesmo os ingleses eram mal acolhidos. A equipa nacional, os Springboks tinha apenas um mestiço – integrado por razões especiais ( tinha “mudado de raça”, coisa estranha mas que era possível …) e, por outro lado, o râguebi e a sua equipa nacional eram, para os negros, o “bode expiatório” da luta contra o apartheid e motivo de exclusão dos sul-africanos de muitas competições internacionais.
Mandela conseguiu que os Springboks se superassem para lhe entregar “de presente” a vitória no Campeonato e que a população negra enchesse os estádios gritando pela “sua” equipa nacional!!
E se o livro permite conhecer melhor Mandela, também é um bom documento para compreender o papel dos dirigentes brancos ( presidentes Botha , de Klerk e outros militares ), da política de apartheid e da reacção da extrema direita africânder ( de Eugene Terreblanche, por exemplo, que foi agora assassinado) .
As tensões na África do Sul não foram resolvidas em absoluto e hoje muitos problemas de natureza racial e económica continuam por resolver. Mandela é ainda uma presença mas está velho e doente. Talvez os novos dirigentes lhe sigam o exemplo e transfiram para o próximo Campeonato Mundial de Futebol
a magia e o envolvimento do Campeonato de 95. Só que futebol é para os brancos não africânderes e para os negros … e o ANC tem um dirigente juvenil radical.
Nota : só por curiosidade, aqui ficam “os pilares do apartheid”, concebidos por Constand Viljoen ( ainda é vivo) :
- a lei dos Benefícios Sociais Separados ( equipamentos públicos distintos, ensino com características diferentes …)
- a lei das Áreas de Agrupamento ( certas áreas urbanas eram exclusivamente de brancos, tal como algumas cidades que tinham “ao lado” outra para negros)
- o Acto de Registo da População ( negros, brancos ou mestiços ; em condições especiais podia “mudar-se de raça” !!! )
incondicionalmente.
O autor do livro é correspondente internacional de “El País”, foi director executivo do “The Independent on Sunday” e foi para este jornal que trabalhou como correspondente na África do Sul, entre 1989 e 1995. Tornou-se espectador privilegiado no processo de libertação de Mandela, na sua eleição e em todo o percurso de reconciliação entre defensores e vítimas do “apartheid”.
Entrevistou e conversou com figuras políticas e socialmente relevantes, com Nelson Mandela, com jogadores da equipa nacional de râguebi, com gente comum.
Escreveu um livro que testemunha como Mandela soube usar o seu carisma, a sua inteligência e humanidade ( a sua compaixão, diria), para unir negros e brancos numa “alma nacional”, num POVO, vencendo-se medos, preconceitos e rancores. Conta como, num “golpe de génio”, viu na final do Campeonato de Râguebi de 1995, a oportunidade para pôr em prática o seu plano de reconciliação nacional. E de como o conseguiu.
O râguebi era um desporto de africânderes e mesmo os ingleses eram mal acolhidos. A equipa nacional, os Springboks tinha apenas um mestiço – integrado por razões especiais ( tinha “mudado de raça”, coisa estranha mas que era possível …) e, por outro lado, o râguebi e a sua equipa nacional eram, para os negros, o “bode expiatório” da luta contra o apartheid e motivo de exclusão dos sul-africanos de muitas competições internacionais.
Mandela conseguiu que os Springboks se superassem para lhe entregar “de presente” a vitória no Campeonato e que a população negra enchesse os estádios gritando pela “sua” equipa nacional!!
E se o livro permite conhecer melhor Mandela, também é um bom documento para compreender o papel dos dirigentes brancos ( presidentes Botha , de Klerk e outros militares ), da política de apartheid e da reacção da extrema direita africânder ( de Eugene Terreblanche, por exemplo, que foi agora assassinado) .
As tensões na África do Sul não foram resolvidas em absoluto e hoje muitos problemas de natureza racial e económica continuam por resolver. Mandela é ainda uma presença mas está velho e doente. Talvez os novos dirigentes lhe sigam o exemplo e transfiram para o próximo Campeonato Mundial de Futebol
a magia e o envolvimento do Campeonato de 95. Só que futebol é para os brancos não africânderes e para os negros … e o ANC tem um dirigente juvenil radical.
Nota : só por curiosidade, aqui ficam “os pilares do apartheid”, concebidos por Constand Viljoen ( ainda é vivo) :
- a lei dos Benefícios Sociais Separados ( equipamentos públicos distintos, ensino com características diferentes …)
- a lei das Áreas de Agrupamento ( certas áreas urbanas eram exclusivamente de brancos, tal como algumas cidades que tinham “ao lado” outra para negros)
- o Acto de Registo da População ( negros, brancos ou mestiços ; em condições especiais podia “mudar-se de raça” !!! )
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