As que vou fazendo através de livros, filmes, Google Eart, dos relatos de quem vive outros lugares e de uma imaginação acarinhada desde sempre.
Se fosse homem teria sido viajante de mochila pelo mundo, trabalhando aqui e ali para poder continuar … Como mulher “não me lembrei de ser” agente de viagens, repórter … ou de ter feito opções corajosas . Disparates!! A verdade é que é mais cómodo “viajar” sem sair de casa, sem alterar rotinas e sem abandonar o gato …
Isto só para falar de uma colecção belíssima de “livros de viagens”, publicada pela “Tinta da China”. Uns são de autores já editados noutros países, outros são de autores portugueses. Uns foram vendidos recentemente com a revista Sábado, outros não.
Claro que comprei toda a colecção mas só posso recomendar aqui os dois que li : “Uma ideia da Índia” de Alberto Moravia e “Caderno Afegão” de Alexandra Lucas Coelho.
O primeiro foi escrito a partir de reflexões registadas numa viagem em 1961, na companhia de Pier Paolo Pasolini.
“Estiveste na Índia. Divertiste-te ?Não
Aborreceste-te? Também não
O que te aconteceu na Índia? Fiz uma experiência
Em que consiste a experiência?
A Índia é a Índia – o contrário da Europa
É o país da religião. É um conceito de vida segundo o qual tudo aquilo que parece real não é real e tudo aquilo que não parece real é real”
E fala-se do povo, da tragédia da fragmentação da Índia depois da independência, dos campos e das cidades, da filosofia e da religião, das castas e das tradições vedas.
O “Caderno afegão “ foi escrito depois de um mês de experiência afegã da autora, em 2008 – jornalista do “Público” e repórter experiente que escreve muito bem.
Descreve-nos um Afeganistão com uma natureza diversificada : regiões planas e áridas, regiões montanhosas, vales e zonas verdejantes, rios e lagos – o imenso Band-e-Amir, um “mar” a 2916m de altitude, local de peregrinação e recreio, com “gaivotas” para pedalar na água e antigo ponto de paragem de hippies a caminho de Katmandu. Hoje um pouco degradado.
Faz um percurso do centro ( Cabul), para leste (Herat), oeste ( Jalalabad)), sul ( Kandahar) e norte ( Mazar-i-sharif) . Convive com afegãos de várias etnias : pashtuns, tajiques, hazaras, uzbeques. Apercebe-se da importância do clã, da tribo e da etnia, dos códigos de comportamento específicos , da importância menor que tem a nação, da pouca ou nenhuma consideração pelos estrangeiros . Pelos estrangeiros que sempre disputaram os seus territórios ( russos, ingleses, franceses, americanos …) e por aqueles que agora dizem estar a ajudar – uns honestamente, outros nem por isso…
Apercebe-se da fraca liderança actual e do respeito que ainda existe pelos talibans que souberam impor a ordem – opinião por certo mais comum entre os homens do que entre as mulheres … Descreve ambientes, hábitos, quotidianos, preocupações de quem vê para além dos talibans – os “senhores da guerra” do norte podem ser mais perigosos que os talibans ao sul. Leva-nos também a Bamiyam e ao que resta dos Budas que diz uma lenda eram uma espécie de Romeu e Julieta com 1500 anos –“ eram primos, amavam-se e os pais não os deixavam casar. Então rezaram a Deus e tornaram-se estátuas” !! Mas, construídos na Rota da Seda é mais seguro vê-los como símbolos do budismo. A governadora da cidade ( a única mulher com esse cargo no país), prevê a reconstrução de pelo menos um deles e a recuperação das pinturas existentes em algumas das 12 mil grutas da zona. Uma equipa da Unesco a trabalhar na recuperação assegura “ que a primeira pintura a óleo do mundo foi feita em Bamiyan” .
Vale a pena ler estes dois livros e por certo todos os outros - é só procurar porque as capas são inconfundíveis.
Se fosse homem teria sido viajante de mochila pelo mundo, trabalhando aqui e ali para poder continuar … Como mulher “não me lembrei de ser” agente de viagens, repórter … ou de ter feito opções corajosas . Disparates!! A verdade é que é mais cómodo “viajar” sem sair de casa, sem alterar rotinas e sem abandonar o gato …
Isto só para falar de uma colecção belíssima de “livros de viagens”, publicada pela “Tinta da China”. Uns são de autores já editados noutros países, outros são de autores portugueses. Uns foram vendidos recentemente com a revista Sábado, outros não.
Claro que comprei toda a colecção mas só posso recomendar aqui os dois que li : “Uma ideia da Índia” de Alberto Moravia e “Caderno Afegão” de Alexandra Lucas Coelho.
O primeiro foi escrito a partir de reflexões registadas numa viagem em 1961, na companhia de Pier Paolo Pasolini.
“Estiveste na Índia. Divertiste-te ?Não
Aborreceste-te? Também não
O que te aconteceu na Índia? Fiz uma experiência
Em que consiste a experiência?
A Índia é a Índia – o contrário da Europa
É o país da religião. É um conceito de vida segundo o qual tudo aquilo que parece real não é real e tudo aquilo que não parece real é real”
E fala-se do povo, da tragédia da fragmentação da Índia depois da independência, dos campos e das cidades, da filosofia e da religião, das castas e das tradições vedas.
O “Caderno afegão “ foi escrito depois de um mês de experiência afegã da autora, em 2008 – jornalista do “Público” e repórter experiente que escreve muito bem.
Descreve-nos um Afeganistão com uma natureza diversificada : regiões planas e áridas, regiões montanhosas, vales e zonas verdejantes, rios e lagos – o imenso Band-e-Amir, um “mar” a 2916m de altitude, local de peregrinação e recreio, com “gaivotas” para pedalar na água e antigo ponto de paragem de hippies a caminho de Katmandu. Hoje um pouco degradado.
Faz um percurso do centro ( Cabul), para leste (Herat), oeste ( Jalalabad)), sul ( Kandahar) e norte ( Mazar-i-sharif) . Convive com afegãos de várias etnias : pashtuns, tajiques, hazaras, uzbeques. Apercebe-se da importância do clã, da tribo e da etnia, dos códigos de comportamento específicos , da importância menor que tem a nação, da pouca ou nenhuma consideração pelos estrangeiros . Pelos estrangeiros que sempre disputaram os seus territórios ( russos, ingleses, franceses, americanos …) e por aqueles que agora dizem estar a ajudar – uns honestamente, outros nem por isso…
Apercebe-se da fraca liderança actual e do respeito que ainda existe pelos talibans que souberam impor a ordem – opinião por certo mais comum entre os homens do que entre as mulheres … Descreve ambientes, hábitos, quotidianos, preocupações de quem vê para além dos talibans – os “senhores da guerra” do norte podem ser mais perigosos que os talibans ao sul. Leva-nos também a Bamiyam e ao que resta dos Budas que diz uma lenda eram uma espécie de Romeu e Julieta com 1500 anos –“ eram primos, amavam-se e os pais não os deixavam casar. Então rezaram a Deus e tornaram-se estátuas” !! Mas, construídos na Rota da Seda é mais seguro vê-los como símbolos do budismo. A governadora da cidade ( a única mulher com esse cargo no país), prevê a reconstrução de pelo menos um deles e a recuperação das pinturas existentes em algumas das 12 mil grutas da zona. Uma equipa da Unesco a trabalhar na recuperação assegura “ que a primeira pintura a óleo do mundo foi feita em Bamiyan” .
Vale a pena ler estes dois livros e por certo todos os outros - é só procurar porque as capas são inconfundíveis.
2 comentários:
também recomendo vivamente esta colecção. São livros deliciosos, uma excelente selecção de locais e de autores, uma edição muito original. Já agora, junte-se o de Veneza que tenho para emprestar!
Abraços
ZIA
Esse não comprei ... qualquer dia pego de empréstimo.
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