quinta-feira, 3 de março de 2011

“ O ataque dos medíocres”


É um artigo muito curioso publicado na “Super Interessante” e que tenho dificuldade em resumir porque é muito extenso e abrangente. Vou deixar algumas pinceladas só para nos recordar como podemos reconhecer os “medíocres malignos” … acho que sabemos mas é sempre bom ouvir dos outros aquilo em que acreditamos. E também para deixar uma nota de esperança : a “mediocridade comum” não é tão indesejável como pode parecer uma vez que proporciona o contraponto de estabilidade ao factor de mudança introduzido pelos “génios” que são, por definição, inovadores. A eterna balança que se deve manter equilibrada …

Começo por citar o autor de “As Viagens de Gulliver”, Jonathan Swift ( 1667- 1745) que resumia assim a tensão entre a excelência e a mediocridade maligna ( ou “mediocridade inoperante activa”, segundo o psiquiatra Luís de Rivera) :
“ Quando surge um verdadeiro génio no mundo, podemos reconhecê-lo pelo seguinte sinal: todos os medíocres conspiram contra ele!”

E passo a reescrever um pequeno resumo do artigo :
“ A mediocridade (comum) e o seu oposto, a excelência, surgem ligadas a uma série de características contraditórias: a primeira costuma ter por aliados a inveja, a imitação, o conformismo, a adaptação, a tradição, a inércia e a rotina ; a segunda é amiga da admiração, da criatividade, do inconformismo, da rebeldia, da inovação, da curiosidade e da iniciativa. São associados de uma e outra :

Instinto de sobrevivência - a prioridade do medíocre é sobreviver, custe o que custar. Mais vale ser parvo do que morto, como dizia o escritor escocês Robert Louis Stevenson. É o oposto do instinto de suplantar que procura alargar horizontes mesmo que se tenha de arriscar a vida.
Terror do infinito – o medíocre não só não consegue imaginar o infinito como sente náuseas só de pensar nisso. Em contrapartida o excelente acolhe a espiritualidade e procura um sentido para a vida.
Egoísmo – ao “salve-se quem puder” opõe-se o altruísmo do indivíduo excelente que dá prioridade à ideia do progresso e ao bem da humanidade.
Normopatia – o medíocre receia e detesta sair dos carris, ser diferente. O excelente encoraja o individualismo para desenvolver as suas qualidades inatas.
Comodismo – como se está bem no sofá a ver televisão! O oposto é o apelo da aventura : vou ficar quieto quando há tanto para descobrir?
Materialismo – ao “ sou o que tenho” do medíocre contrapõe-se o idealismo, motor do génio “

Mas o mundo “medíocre” é muito complexo ( e o outro também …). Há a “mediocridade pseudo- criativa” ( segundo Luís de Rivera) que acrescenta à comum “uma tendência pretensiosa para imitar os processos criativos normais” e a “necessidade de aparentar e ostentar poder”. E há a tal “mediocridade inoperante activa” que é notícia todos os dias … Encaixa nos praticantes de assédio e caracteriza todos os que têm grande desejo de notoriedade e influência. “Está presente nas crianças agressivas que praticam o bulling”, nos agressores em situações de “violência doméstica”, nos fanáticos religiosos, nos políticos ditadores e corruptos ; e também nos artistas, escritores, cientistas e quaisquer profissionais que desvalorizam, depreciam e humilham colegas.

Diz-se que o ser humano tem, por natureza, “ inclinação para a excelência” e daí a importância que deve ser dada à Educação e à Cultura. A verdade é que o “modelo educativo dominante não se dá geralmente ao trabalho de fomentar a excelência, a criatividade ou a iniciativa.” Mas tenhamos Esperança …

E se nem todos podemos ser génios … vamos lá … somos pelo menos caminhantes da estrada que nos pode conduzir à “excelência” !!

1 comentário:

peonia disse...

Excelente texto. Não podia estar mais de acordo com esta análise. É mais fácil criticar do que fazer, não é?
Bjs