Na quinta feira, dia 31, a nossa aula de Italiano foi, mais uma vez uma oportunidade diferente de ouvir a língua, desta vez assistindo a uma conferência do Prof. Luca Serianni, catedrático de História da língua italiana, na Universidade de Roma , La Sapienza, e autor de uma das mais famosas gramáticas da língua.
“La lingua italiana centocinquant’anni dopo l’Unità” era a conferência que se insere no programa bastante diversificado que o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa tem promovido para festejar os 150 anos da república italiana, em colaboração com o Departamento de Linguística da Faculdade de Letras.
Isto para dizer da dupla satisfação com que fui assistir a esta aula. É sempre bom voltar à escola onde estudámos, onde vivemos bons e também menos bons momentos, em que, de uma forma bastante saudável, vivi a minha fase académica. Fiz excelentes amizades, que ainda hoje mantenho e de que muito me orgulho. Pertenci a um grupo de alunos bastante bom e que deu muito bons profissionais. Tive extraordinários professores que recordo com muita saudade e emoção. Tive outros menos bons mas que, felizmente, esqueci há muito. Tenho tantas e tão boas recordações daqueles corredores, anfiteatros, escadarias e bar por onde deixei, certamente muitos risos, muitas ânsias, muitas alegrias e muitos apertos na hora dos exames.
Tudo isto passou hoje pela máquina da minha memória e soube muito bem. Gostei de ver os anfiteatros e as mesmas salas dos Departamentos aonde íamos com frequência encontrar os professores, entregar trabalhos, esclarecer dúvidas. Reconheci tudo com pormenor. Depois gostei das novidades, dos novos espaços, das novas salas e anfiteatros. Tudo com um ar arejado, modero e bem enquadrado. Não sei bem o que pensam os novos estudantes mas, para uma velha aluna foi muito agradável constatar o alargamento das instalações, com muita luz e espaço.
Quanto à conferência em si foi bastante interessante, apesar da instalação sonora não ser exemplar. É bom ver um anfiteatro cheio de pessoas para ouvir um linguista, nos tempos de hoje. Jovens e menos jovens, alunos e professores todos a reflectir sobre a língua italiana que, ao contrário do que se poderia pensar, é recente de 150 anos. Antes da unificação, em 1861, diferentes “dialectos” eram falados pela península, dependendo da vizinhança com outros povos, dos diferentes invasores, das fronteiras. Acabou por vingar o florentino, consagrado por três grandes nomes da literatura – Dante, Petrarca e Boccaccio e mais tarde por Alessandro Manzoni, autor do que é considerado o primeiro romance italiano I Promessi Sposi. Também foi gratificante poder seguir uma conferência com temática específica em italiano e … perceber tudo com alguma facilidade. Sentimos que, assim, vale a pena o esforço e o trabalho. E não menos feliz fiquei quando ouvi uma autoridade linguística, como o professor Serianni, confidenciar-nos que o verdadeiro italiano, segundo ele, não é o da literatura, o dos romances, mas o italiano utilizado nos jornais sérios. E os italianos têm jornalistas de mão cheia!!
Para acabar o apontamento aqui fica uma nota dissonante. Um pequeno grupo de jovens que entravam e saiam do anfiteatro, sem respeito pelo conferencista, perturbando a atenção dos presentes e a quem uma colega minha, a dada altura, teve mesmo de chamar à realidade. Isto não acontecia no nosso tempo. Não nos atrevíamos, nem os nossos professores o permitiam. Podíamos entrar ou sair, é certo, mas sem incomodar.
3 comentários:
Fiz uma visita guiada por ti à Fac
de Letras.
Fez-me bem.
Lastimo esse comportamento que era
impensável quando jovens alunas.
Nem nos passava pela cbeça tal coisa!
Beijo.
isa.
Também por aqui andei mas fui concluir a licenciatura a Coimbra!
Abraço
É sempre agradável visitar os espaços "onde fomos felizes", embora com certa dose de nostalgia!
Sente-se a falta das pessoas e do ambiente de outros tempos. Mudam os tempos, mudam as gerações...
Abraço
Enviar um comentário