quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A HORA DO CHÁ

Talvez porque, devido ao meu estado físico e ao meu estado anímico, tenho passado os últimos dias e noites à volta de chás, tisanas e outras coisas mais;
talvez porque recordo, hoje, com um misto de emoção, alegria e nostalgia um chá que três primas, cúmplices noutros tempos, somente afastadas, no presente, devido a rumos e afazeres diferentes, em vidas que nem sempre se conjugavam;
talvez porque encontrei pela mão da mana Lia este poema da Cecília Meireles, num bonito blog cheio de poesia, decidi deixar aqui este Poema, numa evocação a quem partiu tão cedo e injustamente das nossas vidas:

HORA DE CHÁ

Mas acontece que não basta colher
as primeiras folhas da ponta dos ramos.
Nem esperar que a chaleira cante
e o chá desdobre os caracteres da sua escrita
em água, perfume e topázio.
.
Não basta a receita:
falta a elevada solidão
o hino latente,
a dinastia do sonho.
.
Faltam as convergências
do céu e da terra,
os orvalhos e estrelas
entre o sonhar e o morrer.
.
Ah! Somente a pedra sonora dirá, decerto,
no ar de ouro e seda,
o caminho saudoso dos ritos,
o acto de perfeição
por que choram os nossos olhos...
.
Cecília Meireles

2 comentários:

Anónimo disse...

A Hora do Chá foi sp.importante para nós.Ñ só pelo Chá mas tb. pela cumplicidade à volta da mesa.
Melhoras.
Bejinhos.
isa.

goiaba disse...

Se é possível recordar com saudade quem parte é porque algo dela ficará por aqui - presente muito para além da hora do chá.
Põe-te boa, vizinha! Torcemos para que esse braço se componha e a constipação vá para o espaço.
Beijinhos