Gosto sempre de ler José Saramago e nunca o leio sem pensar porque é que gosto tanto da leitura e não gosto daquela escrita. Entre os primeiros e este último livro, Saramago escreveu alguns com uma escrita mais “normativa” mas neste, caprichou na irreverência ao formal – ausência de pontos ou pontos onde antes foram vírgulas, nomes próprios sem maiúsculas, maiúsculas onde não percebo porquê … Mas, enquanto leio, nem lembro que não gosto. Espanto-me, sorrio, volto atrás, gosto da ironia, do sarcasmo, invejo a capacidade das “deixas”, das associações de ideias, dos valores enunciados, da harmonia, do ritmo que se consegue sentir enquanto se lê. Já podia ter discutido o tipo de escrita com alguém que me ensinasse as”razões”, mas nunca o fiz.
E porque gosto do escritor e da pessoa que ele é (vaidoso? Pretensioso? E se for…), porque admiro o seu percurso de vida e a sua atitude actual face à vida e à morte, desejo que, no próximo ano, haja um livro novo.
Vale a pena ler a viagem de um elefante indiano que D.João III, por sugestão da rainha, ofereceu de presente ao primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V. Dádiva oportuna que muitos fazem: recebido um presente que não tem préstimo, logo se pensa em quem o possa apreciar - o elefante, em Lisboa há dois anos, só trazia despesa em comida e água, “era como sustentar uma besta à argola e sem esperança de pago”. E lá foi, o elefante e o seu cornaca, rumo a Viena - presente grandioso, digno de quem oferece e de quem recebe.
Ocorreu-me escrever este apontamento enquanto lia, na Visão desta semana, a crónica de António Lobo Antunes. Uma escrita respeitadora das regras, mais fácil e fluente nas crónicas do que nos livros mas … não li nenhum dos seus livros com prazer, foram vários os que deixei a meio, não tenho vontade de comprar mais nenhum. A culpa não é dele que deve ser um dos poucos escritores que ele considera dignos desse nome. A culpa é minha que esta coisa dos afectos pelo escritor e pela leitura, acontece …
E porque gosto do escritor e da pessoa que ele é (vaidoso? Pretensioso? E se for…), porque admiro o seu percurso de vida e a sua atitude actual face à vida e à morte, desejo que, no próximo ano, haja um livro novo.
Vale a pena ler a viagem de um elefante indiano que D.João III, por sugestão da rainha, ofereceu de presente ao primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V. Dádiva oportuna que muitos fazem: recebido um presente que não tem préstimo, logo se pensa em quem o possa apreciar - o elefante, em Lisboa há dois anos, só trazia despesa em comida e água, “era como sustentar uma besta à argola e sem esperança de pago”. E lá foi, o elefante e o seu cornaca, rumo a Viena - presente grandioso, digno de quem oferece e de quem recebe.
Ocorreu-me escrever este apontamento enquanto lia, na Visão desta semana, a crónica de António Lobo Antunes. Uma escrita respeitadora das regras, mais fácil e fluente nas crónicas do que nos livros mas … não li nenhum dos seus livros com prazer, foram vários os que deixei a meio, não tenho vontade de comprar mais nenhum. A culpa não é dele que deve ser um dos poucos escritores que ele considera dignos desse nome. A culpa é minha que esta coisa dos afectos pelo escritor e pela leitura, acontece …
1 comentário:
Estou com vontade de ler o livro.
Depois de ler o k escreveram cresceu a curiosidade.
Abracinho.
isa.
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