Recebi a “África 21” de Janeiro. Só folheei e li as crónicas de Pepetela, Mia Couto, Germano Almeida, Odete Costa Macedo e Luís Cardoso. Começo sempre por esses “mestres” mas, desta vez, escrevem todos no mesmo número da revista, o que é um luxo de início de ano.
Pediram-lhes para escrever sobre um acontecimento importante de 2009.
Para Pepetela foi a discussão de uma nova Constituição para Angola, propondo o fim do regime semi-presidencialista. E acompanha o seu comentário com um desabafo sobre os lambe-botas que sempre defendem o que o “chefe” diz, mesmo que seja o contrário do que dizia ontem. Acaba afirmando que “ de tanto lamber botas, os responsáveis menores e intelectuais de plantão já têm a língua áspera como lixa, de onde se conclui que o melhor militante é o que tem língua de gato “ … ( será só em Angola? … )
Para Mia Couto o facto mais relevante foram as eleições em Moçambique. Do sinal de crescimento do país enquanto nação ( “ as preferências políticas tiveram muito pouco a ver com a região ou etnia”), aos valores crescentes da abstenção ( dos 12% em 1994 para os 56% em 2009).
Germano Almeida refere como importante em 2009, o adiamento da adopção do crioulo como língua oficial, a par da língua portuguesa. Lamenta porque é um desejo muito antigo , uma decisão muito difícil de compreender quando se repete “ que o crioulo é parte essencial da nossa identidade enquanto povo” e porque há quem defenda que, assumir o crioulo como uma das línguas oficiais, seria condição para implementar a outra. É claro que o escritor defende que os jovens devem dominar na perfeição o Português – é a “língua do poder” ( e é bom que sejam rápidos antes que seja o inglês …)
Para Odete Costa Macedo, o medo e a falta de autoestima dos guineenses é o que lhe ocorre para 2009. Recorda o discurso do Presidente da República no Dia das Forças Armadas e o papel dos militares ao longo da história da Guiné. Se eram há anos “ uma das fianças do povo”, agora “ quando se diz que vêm os militares, o povo foge”. E se é o medo a tónica de toda a crónica é-o também a ânsia de “enfrentar os nossos fantasmas, reconstruir a confiança perdida” e o desejo de mais diálogo entre os guineenses.
Luís Cardoso escreve de Timor. “ Sobre o ambiente político que se vive hoje em Timor : no pasa nada! “, assim responde a um cooperante espanhol. Mas, pensando melhor, passou-se muita coisa … e antes de 2009 também. Recorda muito do que sabemos e também o papel das “assessorias internacionais” e dos interesses em jogo. A propósito lembra um comentário da “Tia Augusta” : “ “ Dos malfeitores livrámo-nos bem, mas dos benfeitores endividámo-nos para toda a vida”. É a frustração das pessoas que lutaram por um “modelo” de país que trouxesse esperança quando afinal se estão a usar “os mesmos moldes que sustentam a existência dos Estados Europeus” – e reage-se com a indiferença do “ no pasa nada! “
Sobre o restante conteúdo da revista, nada posso dizer mas a capa é de esperança : “Bons sinais para 2010”
Pediram-lhes para escrever sobre um acontecimento importante de 2009.
Para Pepetela foi a discussão de uma nova Constituição para Angola, propondo o fim do regime semi-presidencialista. E acompanha o seu comentário com um desabafo sobre os lambe-botas que sempre defendem o que o “chefe” diz, mesmo que seja o contrário do que dizia ontem. Acaba afirmando que “ de tanto lamber botas, os responsáveis menores e intelectuais de plantão já têm a língua áspera como lixa, de onde se conclui que o melhor militante é o que tem língua de gato “ … ( será só em Angola? … )
Para Mia Couto o facto mais relevante foram as eleições em Moçambique. Do sinal de crescimento do país enquanto nação ( “ as preferências políticas tiveram muito pouco a ver com a região ou etnia”), aos valores crescentes da abstenção ( dos 12% em 1994 para os 56% em 2009).
Germano Almeida refere como importante em 2009, o adiamento da adopção do crioulo como língua oficial, a par da língua portuguesa. Lamenta porque é um desejo muito antigo , uma decisão muito difícil de compreender quando se repete “ que o crioulo é parte essencial da nossa identidade enquanto povo” e porque há quem defenda que, assumir o crioulo como uma das línguas oficiais, seria condição para implementar a outra. É claro que o escritor defende que os jovens devem dominar na perfeição o Português – é a “língua do poder” ( e é bom que sejam rápidos antes que seja o inglês …)
Para Odete Costa Macedo, o medo e a falta de autoestima dos guineenses é o que lhe ocorre para 2009. Recorda o discurso do Presidente da República no Dia das Forças Armadas e o papel dos militares ao longo da história da Guiné. Se eram há anos “ uma das fianças do povo”, agora “ quando se diz que vêm os militares, o povo foge”. E se é o medo a tónica de toda a crónica é-o também a ânsia de “enfrentar os nossos fantasmas, reconstruir a confiança perdida” e o desejo de mais diálogo entre os guineenses.
Luís Cardoso escreve de Timor. “ Sobre o ambiente político que se vive hoje em Timor : no pasa nada! “, assim responde a um cooperante espanhol. Mas, pensando melhor, passou-se muita coisa … e antes de 2009 também. Recorda muito do que sabemos e também o papel das “assessorias internacionais” e dos interesses em jogo. A propósito lembra um comentário da “Tia Augusta” : “ “ Dos malfeitores livrámo-nos bem, mas dos benfeitores endividámo-nos para toda a vida”. É a frustração das pessoas que lutaram por um “modelo” de país que trouxesse esperança quando afinal se estão a usar “os mesmos moldes que sustentam a existência dos Estados Europeus” – e reage-se com a indiferença do “ no pasa nada! “
Sobre o restante conteúdo da revista, nada posso dizer mas a capa é de esperança : “Bons sinais para 2010”
1 comentário:
Também me parece!
Um conjunto de cinco estrelas!
Abraço
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