Os gatos das “Ribas”

No paredão ( Praia dos Pescadores”, Ericeira), zona de antigas arribas, há colónias de gatos, há muitos, muitos anos. Vivem em equilíbrio, num território bem dividido em pelo menos duas grandes colónias, disputando com as gaivotas,os ratos e a comida que sempre lá chegou.
Sábado assisti à alimentação organizada nos últimos anos pelos donos de uma loja de animais e à prática mais antiga. Os primeiros alimentam a colónia a sul, através de um sistema de reservatórios de água e granulado que sobem e descem puxados por cordas de plástico, “que uns malvados cortam com frequência”- dizem . Tinha sido o caso. Com paciência e com a ajuda de um grande anzol, os recipientes foram recuperados. Seguiu-se a chamada de gatos e gatas pelos nomes e um a um, sem atropelos, foram comendo a ração individual que ia chegando. Quando tentavam uma segunda doze, ouviam cá de cima uma reprimenda e davam a vez ao de direito !! No fim descia o recipiente da água e o da comida bem cheio para “mais tarde”.
- “ São mais gatas que gatos”, diz uma
- “ Como sabem? “, pergunto eu
- “ Há muitos com três cores, são gatas”
- “ Porquê? “
- “ É assim” . Será?

Mais adiante , na segunda colónia, a alimentação é mais “tradicional” : restos de peixe e pão, lançados do paredão para o grupo que os disputa sem brigas.
Uns e outros estão bem gordinhos e num lado e noutro, há abrigos de arame e oleado que alguém fez descer e pousar nos espaços possíveis.
Brincam, correm e rebolam-se sem cair. Se calhar, quando lhes apetece, conseguem chegar ao fim do paredão e saltar para a praia … Sei lá.

Contei ao Amon que me ouviu ronronando ao Sol e sonhando com o tempo em que ia à praia molhar os pés … era o tempo em que ainda não tinha conhecido os cães!