Foi uma surpresa abrir o “Expresso” de hoje e encontrar, na secção de Educação, uma entrevista com o Gamboa, nosso colega e amigo. Colega da escola que partilhámos durante anos ( em Lisboa), colega do Colégio que ajudou a fundar e a crescer, “militante” de apoio social por onde passa, Presidente do Conselho Executivo e agora Director de uma escola onde se “fixou” há muitos anos. É um dos seus projectos conseguidos.
A entrevista centra-se na indisciplina nas Escolas – tema muito falado actualmente mas que é de todos os tempos, assumindo, em cada época, características diferentes. Hoje parece pior – mas será? Ou será a desresponsabilização de pais, professores e dirigentes de escolas que vem crescendo? Ou serão os meios de punição desadequados?
Transcrevemos partes da entrevista:
“ Este agrupamento era até há pouco tempo um dos mais problemáticos do país. Como se conseguiu inverter isso?
Punimos exemplarmente a indisciplina, com a noção de que isso é normalmente um paliativo em relação a uma situação mais abrangente que se passa na sociedade. Por isso, fizemos parcerias que nos ajudam a actuar na comunidade e junto das famílias. Ao mesmo tempo criámos actividades de animação para que os miúdos passem mais tempo na escola e não vão para os bairros. É um trabalho de longo prazo. Em Educação não se plantam eucaliptos.
…
Quais os problemas de comportamento que mais precupam a escola?
Os miúdos agem cada vez mais em grupo. Funcionam numa lógica de gangue e isso preocupa-nos. … não podemos ir além do que está na lei, mas a filosofia da escola é, tanto quanto possível, fazê-los reparar os danos que provocaram …
É preciso que a punição seja rápida mas o Estatuto do Aluno cria dificuldades …
Está sobretudo errado porque não ataca o problema onde devia ser atacado, que é na co-responsabilização da família. … Muitas vezes os alunos actuam como actuam por quase exclusiva responsabilidade dos pais. Os pais vêm à escola no início porque precisam sa declaração para o rendimento mínimo e depois já não voltam mais. …
Os problemas existem apenas com as famílias mais carenciadas ?
Não tem directamente a ver com o estrato social, mas com a desorganização familiar …
Parece que estou com um discurso de uma pessoa com 90 anos …
Mas nem todos os docentes estão preparados para lidar com isso …
Um docente não pode ir com receio para a sala de aula. As direcções têm obrigação de fazer sentir aos professores que têm um apoio por trás … mas também é preciso treinar os professores.
Vale a pena ler toda a entrevista e a estratégia descrita em caixa anexa.
Valeria a pena promover debates a nível regional e nacional, com gente que vive o dia à dia das escolas e tem nelas diferentes responsabilidades – não com teóricos que escrevem livros, “pensam” nos gabinetes ou fazem da luta sindical um palco. E já agora, também faz falta um reforço de ética jornalística que parece ter desaparecido de grande parte dos profissionais da comunicação. ( leia-se a crónica de Miguel Sousa Tavares nesta edição do Expresso).
Nota : só um lembrete : o colégio que António Gamboa ajudou a fundar e a crescer foi o Externato Educação Popular/ 2º e 3º ciclos ; sobre o colégio e os desmandos da actual direcção demos notícia neste blogue. Da Associação Educação Popular de que fazíamos parte fomos “expulsos” há tempo ( o Gamboa e nos três), por denunciarmos más práticas pedagógicas e administrativas …
A entrevista centra-se na indisciplina nas Escolas – tema muito falado actualmente mas que é de todos os tempos, assumindo, em cada época, características diferentes. Hoje parece pior – mas será? Ou será a desresponsabilização de pais, professores e dirigentes de escolas que vem crescendo? Ou serão os meios de punição desadequados?
Transcrevemos partes da entrevista:
“ Este agrupamento era até há pouco tempo um dos mais problemáticos do país. Como se conseguiu inverter isso?
Punimos exemplarmente a indisciplina, com a noção de que isso é normalmente um paliativo em relação a uma situação mais abrangente que se passa na sociedade. Por isso, fizemos parcerias que nos ajudam a actuar na comunidade e junto das famílias. Ao mesmo tempo criámos actividades de animação para que os miúdos passem mais tempo na escola e não vão para os bairros. É um trabalho de longo prazo. Em Educação não se plantam eucaliptos.
…
Quais os problemas de comportamento que mais precupam a escola?
Os miúdos agem cada vez mais em grupo. Funcionam numa lógica de gangue e isso preocupa-nos. … não podemos ir além do que está na lei, mas a filosofia da escola é, tanto quanto possível, fazê-los reparar os danos que provocaram …
É preciso que a punição seja rápida mas o Estatuto do Aluno cria dificuldades …
Está sobretudo errado porque não ataca o problema onde devia ser atacado, que é na co-responsabilização da família. … Muitas vezes os alunos actuam como actuam por quase exclusiva responsabilidade dos pais. Os pais vêm à escola no início porque precisam sa declaração para o rendimento mínimo e depois já não voltam mais. …
Os problemas existem apenas com as famílias mais carenciadas ?
Não tem directamente a ver com o estrato social, mas com a desorganização familiar …
Parece que estou com um discurso de uma pessoa com 90 anos …
Mas nem todos os docentes estão preparados para lidar com isso …
Um docente não pode ir com receio para a sala de aula. As direcções têm obrigação de fazer sentir aos professores que têm um apoio por trás … mas também é preciso treinar os professores.
Vale a pena ler toda a entrevista e a estratégia descrita em caixa anexa.
Valeria a pena promover debates a nível regional e nacional, com gente que vive o dia à dia das escolas e tem nelas diferentes responsabilidades – não com teóricos que escrevem livros, “pensam” nos gabinetes ou fazem da luta sindical um palco. E já agora, também faz falta um reforço de ética jornalística que parece ter desaparecido de grande parte dos profissionais da comunicação. ( leia-se a crónica de Miguel Sousa Tavares nesta edição do Expresso).
Nota : só um lembrete : o colégio que António Gamboa ajudou a fundar e a crescer foi o Externato Educação Popular/ 2º e 3º ciclos ; sobre o colégio e os desmandos da actual direcção demos notícia neste blogue. Da Associação Educação Popular de que fazíamos parte fomos “expulsos” há tempo ( o Gamboa e nos três), por denunciarmos más práticas pedagógicas e administrativas …
6 comentários:
Cicuta
Isto é um comentário?
Se é, que tal ser mais claro(a)?
parabens pelo blog é muito intressante e as minhas sinceras desculpas por colocar comentarios assim muito tontos.
Nao vou aparecer mais.cumprimentos
e se me tirarem as mãos um dia,
serei louca pois nestas infimas
particulas de mim, existirão
sempre palavras para ti.
GOIABA vou ser mais clara quem tem o poder (Governo/Assembleia da República e por consequência Ministério da Educação e Sindicatos) deve ter para afrontar interesses instalados. Ninguém assume a corgem de responsabilizar os pais quando estes a única coisa que fazem é "deitar" os filhos ao mundo. Depois deixam-nos ao abandono na terra de ninguém. Outros, muitos, o que ainda é pior, servem-se dos filhos apenas como fonte de receitas. Colocam-nos na mendicidade, ou a tratar dos filhos mais novos. Vão à escola matriculá-los para receberem o rendimento mínimo mas nunca mais se interessam. Se teem boas ou más notas, se se portam bem ou mal. Isso é problema da Escola. Então, deveria haver coragem de retirar os benefícios aos pais derivados do facto de terem filhos - isso era o mínimo aceitável. Mas estes pais podem ser votos, e como são muito e são votos, ninguém os quer ameaçar. Um garoto tem Accçao social Escolar. Todos nós que trabalhamos pagamos esse almoço com os nossos impostos. è justo que esse miudo estrague o almoço, ou não vá almoçar e depois almoce no restaurante ao lado da escola? E ninguem pode fazer nada e deitamos dinheiro fora...A isto chama-se falta de coragem política.
Vanumed complseatt inHá muito tempo que não visito o vosso blog. Vi agora a notícia sobre a entrevista com o professor Gamboa. Já passaram quase três anos. Pesam-me cada vez mais as imcompreensões dos governantes, a ignorância da sociedade em geral sobre os problemas da Educação. Que fazer ? Este mal parece não ter cura. Entretanto vamos "morrendo",quase todos. pouco a pouco.
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