Há muito que não ia, pela hora do almoço de um dia de semana, até à zona do Saldanha, zona onde nasci, cresci e vivi até muito tarde.
No início desta semana, pensei em almoçar num dos três modernos centros comerciais da praça, onde estou habituada a ir, na pacatez dos fins-de-semana, ver mundo, ir ao cinema, à livraria, ao cabeleireiro… Tudo sempre com imensa calma… Continua a ser o sítio onde me sinto em casa…
Ao sair da estação de metro, mergulhei num fervilhar de jovens, todos muito parecidos, quase todos envergando roupas clássicas e escuras. Eles, bem-apessoados, fato completo, cinzento, azul muito escuro ou preto, distinguindo-se quase só pelo colorido das gravatas; elas, de saia e casaco ou casaco e calça, também para o escurinho, saltos altos, altos, grandes malas, aqui e ali uma echarpe mais garrida, muitos cabelos compridos, muitas nails, tudo muito padronizado!
São encontros de hora de almoço, enchem todos os espaços para amesendar, falam alto, de forma descontraída, riem, desopilam e namoram, durante cerca de uma hora, hora e meia. Comem light, notei alguma preocupação no consumo de sopas, sumos naturais, grandes saladas, bastante fruta e… também as saborosas pastas italianas! Depois, sempre em bando que nem andorinhas, voam para os espaços exteriores circundantes e aí bebem café, fumam e cavaqueiam, soltando sonoras gargalhadas que ajudam a quebrar a seriedade das fatiotas e descompõem um pouco a rigidez das atitudes.
Tudo isto vi eu, enquanto, dentro do meu kispo e do meu vestuário casual, procurava um cantinho para almoçar em paz e sossego!
Cadê esse lugar? Cadê esse direito tão comezinho, julgava, eu depois de ter “malhado”, na minha recuperação, uns 40´minutos na piscina e de ter tido uma aula de italiano de 90´?
Nada de nada! Não encontrei mesmo um lugarzinho!
Acabei num pequenino café, com dois salgados e um belo sumo de laranja, sentada, é certo, e na boa companhia da K… que, ao meu ar espantado de quem descera por uma vez à civilização, me dizia sorrindo…mas é que é sempre assim, durante a semana, a esta hora! Ela, sim, vive no meio deste turbilhão!
Na verdade, no Saldanha, estão sediadas muitas firmas, muitos escritórios, muitos bancos, muitos serviços e comércio. Na verdade, a juventude que trabalha nesses locais é obrigada a apresentar-se assim, de forma clássica, diria até, por vezes, espartilhada, porque obedece a padrões rígidos de boa imagem… E as coisas mudaram muito!
Do velho Saldanha já muito pouco resta… mas, ultrapassada a fase de morte anunciada e de agonia completa dos anos 80/90, acabadas as obras do metro que ainda o desfeiam, é com imensa alegria que vejo renascer o Saldanha, mesmo que os escritores, jornalistas, actores e outros intelectuais tenham dado lugar a uma imensa horda barulhenta e fervilhante de jovens e promissores youpis.
No início desta semana, pensei em almoçar num dos três modernos centros comerciais da praça, onde estou habituada a ir, na pacatez dos fins-de-semana, ver mundo, ir ao cinema, à livraria, ao cabeleireiro… Tudo sempre com imensa calma… Continua a ser o sítio onde me sinto em casa…
Ao sair da estação de metro, mergulhei num fervilhar de jovens, todos muito parecidos, quase todos envergando roupas clássicas e escuras. Eles, bem-apessoados, fato completo, cinzento, azul muito escuro ou preto, distinguindo-se quase só pelo colorido das gravatas; elas, de saia e casaco ou casaco e calça, também para o escurinho, saltos altos, altos, grandes malas, aqui e ali uma echarpe mais garrida, muitos cabelos compridos, muitas nails, tudo muito padronizado!
São encontros de hora de almoço, enchem todos os espaços para amesendar, falam alto, de forma descontraída, riem, desopilam e namoram, durante cerca de uma hora, hora e meia. Comem light, notei alguma preocupação no consumo de sopas, sumos naturais, grandes saladas, bastante fruta e… também as saborosas pastas italianas! Depois, sempre em bando que nem andorinhas, voam para os espaços exteriores circundantes e aí bebem café, fumam e cavaqueiam, soltando sonoras gargalhadas que ajudam a quebrar a seriedade das fatiotas e descompõem um pouco a rigidez das atitudes.
Tudo isto vi eu, enquanto, dentro do meu kispo e do meu vestuário casual, procurava um cantinho para almoçar em paz e sossego!
Cadê esse lugar? Cadê esse direito tão comezinho, julgava, eu depois de ter “malhado”, na minha recuperação, uns 40´minutos na piscina e de ter tido uma aula de italiano de 90´?
Nada de nada! Não encontrei mesmo um lugarzinho!
Acabei num pequenino café, com dois salgados e um belo sumo de laranja, sentada, é certo, e na boa companhia da K… que, ao meu ar espantado de quem descera por uma vez à civilização, me dizia sorrindo…mas é que é sempre assim, durante a semana, a esta hora! Ela, sim, vive no meio deste turbilhão!
Na verdade, no Saldanha, estão sediadas muitas firmas, muitos escritórios, muitos bancos, muitos serviços e comércio. Na verdade, a juventude que trabalha nesses locais é obrigada a apresentar-se assim, de forma clássica, diria até, por vezes, espartilhada, porque obedece a padrões rígidos de boa imagem… E as coisas mudaram muito!
Do velho Saldanha já muito pouco resta… mas, ultrapassada a fase de morte anunciada e de agonia completa dos anos 80/90, acabadas as obras do metro que ainda o desfeiam, é com imensa alegria que vejo renascer o Saldanha, mesmo que os escritores, jornalistas, actores e outros intelectuais tenham dado lugar a uma imensa horda barulhenta e fervilhante de jovens e promissores youpis.
2 comentários:
Gostei de como os teus olhos viram "mundo". Embora o Saldanha seja o teu "sítio" acho que a alegria desta última visita também é a de, finalmente, andar a pé sem doer muito o braço, estar quase a conseguir cossar a "moleirinha" ... ou não? Que bom estares a recuperar tão bem! Beijinhos
O teu/nosso Saldanha está diferente.Mas nós ainda gostamos dele.Traz-nos à memória os anos em q.lá vivemos.
Ainda bem q. estás a recuperar bem.
Mesmo diferente ele mantém a Magia...
Beijoo.
isa.
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