quarta-feira, 30 de junho de 2010

O “VIEW – MASTER”

Li há tempo uma pequena notícia sobre esta invenção dos anos 30 do séc.XX
e lembrei-me que foi com esse gadget do século passado que tive a minha primeira experiência em 3D !!
Tinha 4 ou 5 anos quando me ofereceram um “view-master”, coisa vinda dos Estados Unidos, acompanhado de um conjunto de discos com pequenos slides. Os discos, uma vez introduzidos no aparelho, orientavam-se para a luz , rodavam no sentido dos ponteiros do relógio e transportavam-me para “filmes” que via dezenas de vezes, sabendo o que vinha antes e depois …
Os meus “discos” são de três colecções diferentes : divulgação de cidades ou lugares considerados interessantes da América do Norte ( EUA, Canadá e México), histórias infantis e histórias da Bíblia. Foi com eles que fiz as minhas primeiras viagens virtuais por Nova York, Chicago, Miami, Califórnia, Hawai, cataratas do Niagara, Grandes Lagos, … E foi com eles que vi vezes sem conta as “Histórias dos 3 porquinhos”, o “Capuchinho Vermelho”, “ A Bela Adormecida”, “Hansel and Gretel”, “ A Casinha de Chocolate”, a “Gata Borralheira” … E também, embora menos vezes, as histórias do “Filho Pródigo”, do “Bom Samaritano”, da “Anunciação do anjo Gabriel”, de “Herodes e S.João Baptista” … Um amigo, contemplado na mesma altura com presente idêntico, tinha uma colecção de “ vida de animais selvagens” e “ raças humanas”. Era um sonho, uma evasão!

Poucas coisas da minha infância foram guardadas até hoje, muito poucas – ou porque foram guardadas sem cuidado e se estragaram ( os “Cavaleiros Andantes”, por ex.), ou porque não cabiam nas malas (!!), ou porque foram dadas, ou … O view- master andou sempre comigo com mais 3 ou 4 livros de histórias e um boneco sem olhos.
Hoje olhei para a estante onde permanecem “à vista”, lembrei-me do artigo que tinha lido e apeteceu-me homenagear essa invenção da primeira metade do século passado.

“O View-Master foi uma das atracções da Feira Internacional de Nova Iorque, em 1939, a par da Magna Carta e do ar condicionado.
Patenteada no ano seguinte, a invenção partiu do engenho de dois norte-americanos, Gruber e Graves, apostados em recuperar o princípio dos visores estereoscópicos do século XIX: duas imagens bidimensionais que, sobrepostas, dão a ilusão de profundidade. O uso do filme Kodachrome, outra invenção recente do tempo, completou a magia. Com as suas cores saturadas e formato 16 milímetros, a realidade nunca foi tão luminosa como através do View-Master.” … “ saber que o View-Master surgiu para mostrar o Grand Canyon ou as Grutas de Carslbad é uma relativa decepção. Além de gadget turístico, também foi usado para fins militares, uma ideia aviltante, mesmo sabendo que estávamos na época em que até o mais inocente objecto era olhado como potencial contribuinte para o esforço de guerra. Mas pouco importa.
O View-Master continua a ser o cinema portátil a que tivemos direito, o único
onde nunca pagámos bilhete.” - lia-se no tal artigo que li, publicado na revista do DN de 12 de Junho.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Novas grafias


A direcção do jornal “Expresso” informava esta semana : “ Expresso poupa letras e adota acordo”. Com esse tema construiu um texto bem engraçado sobre os temas abordados pelo jornal e a nova grafia ditada pelo “acordo ortográfico”.

Não pensávamos apreciar aqui a oportunidade ou pertinência de uma grafia única para os vários povos de língua portuguesa, até porque, como dizia o Zé Maria que me acompanhou na infância em Angola e escrevia com erros, “ veja lá patrão se lê ou não lê o que eu quero dizer” …

E nem de propósito : na 6º feira à noite fui contemplada com mensagens sms de uma portuguesa que, tendo-se enganado e sendo disso informada, não desistiu de escrever mais de 10 mensagens numa linguagem que, com ajuda, percebi ser também português. Aí vão algumas para ajuizarmos da necessidade do acordo ortográfico e testarmos as nossas capacidades mentais :
- kem ex? Perxixu d xbr xe ex o Sousa ou n?

- Fxt td tu kue ligxt

- Dx alguma koixa pf

- kem dx pf dix eu xou a Paula

- N qur dizr n dg

- Mx dg k é o xeu nome?

- Dxkupe

E fiquei a pensar se não seria melhor liberalizar a linguagem escrita e cada um escrever como lhe aprouver desde que se leia!!

Entretanto, as “quatro mãozinhas” deste blog não vão começar ao mesmo tempo a escrever o português acordado ( uma delas, desconfio, vai começar bem depressa …) e, quando tal acontecer, não será sem primeiro comprar o novo corretor Flip7 ( da Priberam) – usado pelo Expresso ou outro qualquer.
E temos esperança que, em 2014, já não lembraremos aquele tempo em que se usavam muitos “ps” e “cs” a despropósito, já não teremos dúvidas sobre escrita com ou sem hífen e nem nos lembraremos de usar letras maiúsculas …
Ou será que estaremos a escrever cada um ao seu jeito, desde que se leia?
Será que a escrita dos smss não se generaliza ? Será que não teria sentido um acordo para a escrita da linguagem fonética?

Os meus amigos que se modernizem : eu vou começar a poupar letras e a escrever sons … Que saudades do Zé Maria !!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

FAZ DE CONTA QUE HOJE TAMBÉM É DOMINGO

Para compensar tanta má notícia, tanto desânimo e tanta falta de empenho em juntar forças para ultrapassar dificuldades continuamos hoje a falar de Histórias Boas - uma de êxito individual, outra de empenho colectivo.

A maestrina Joana Carneiro recebeu no dia 19 de Junho o prémio Helen M. Thompson, pelo seu “talento excepcional” enquanto directora musical da Berkeley Simphony (EUA). Em comunicado, a Liga das Orquestras Americanas que atribuiu esta distinção, sublinha que “ em apenas uma época, o talento excepcional de Joana Carneiro inspirou os músicos da Berkeley Simphony e aumentou a qualidade do seu desempenho”.

A AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), divulgou o vídeo seguinte que mostra parte do que fazemos bem .




E … Portugal passou esta primeira fase do Campeonato do Mundo !!
Haverá mais uma Boa Notícia desportiva amanhã?! …

domingo, 27 de junho de 2010

Histórias Boas do Mundo – 23


Não é que não haja por aí muito boas histórias ( !!) mas tropeçamos numa descoberta que pode ser interessante para o nosso Mundo, sendo ou tendo sido, importante noutros Mundos : ÁGUA em abundância, na Lua e em Marte.

Cientistas do Instituto de Geofísica do Laboratório Camegie em Washington descobriram que o interior da Lua contém cem vezes mais água do que se pensava – água que se conservou dentro do magma quente quando da formação do satélite ( 4,5 mil milhões de anos). Esta descoberta foi feita nas amostras trazidas pelas missões “Apolo”.
E assim se desfez o mito da Lua seca.

Quanto a Marte, um estudo publicado na revista “Nature Geoscience” relata um trabalho de investigadores da Universidade do Colorado que concluíram : “ um vasto oceano terá coberto um terço da superfície do planeta Marte, há 3,5 mil milhões de anos”. A descoberta foi feita a partir da análise de 52 depósitos sedimentares de deltas de rios extintos, 29 dos quais estariam ligados a um antigo oceano ou a águas subterrâneas e vários lagos. “Admite-se que Marte teria um ciclo hidrológico global parecido com o da Terra, com precipitações, escoamentos superficiais, formação de nuvens, acumulação de gelos e águas subterrâneas”.
São conclusões de estudos que resultam das missões de observação em Marte, desde 2001 – pela NASA e pela Agência Espacial Europeia.

Nota: informações colhidas em “Ciência Hoje”

sábado, 26 de junho de 2010

Um Prémio Nobel sul- africano

Quando se anunciam “Prémios Nobel” da Literatura que não conheço, compro um livro para conhecer o autor – nem sempre gosto. Aborrecem-me os autores que valorizam a linguagem e abandonam por completo o leitor à aridez do jogo de palavras, frases, sentimentos. Se calhar só gosto disso com Saramago. Eu também não sei de Literatura, só sei do que gosto ou não gosto de ler.

Vem isto a propósito de J.M Coetzee, um autor sul-africano, Prémio Nobel em 2003. Dele só li este seu último livro : “Verão”. Numa entrevista no “Câmara Clara” ouvi falar de um outro livro bem mais conhecido e adaptado ao cinema: “Desgraça”.
Coetzee foi director do Departamento de Inglês da Universidade de Cape Town, tido como um homem pouco sociável e pouco simpático. Só soube isso depois de ler o “Verão” e achei curioso porque o livro parece ser , todo ele, uma autocrítica : “um biógrafo inglês trabalha num livro sobre o falecido escritor John Coetzee”. O livro é construído com as entrevistas que esse imaginado biógrafo faz às pessoas que foram chegadas ao autor – entre 1972 e 1977. E assim se escreve uma história que onde o autor se justifica, se retrata (?) : “ um indivíduo desajeitado e livresco, dotado de pouco talento para se abrir com os outros, que gosta do trabalho braçal para se manter ocupado, que se deixa atrair facilmente pelas mulheres com quem se cruza … Na África do Sul da época, a sua obstinação em fazer trabalhos braçais, o cabelo e barba crescidos e os boatos segundo os quais escreve poesia, suscitam desconfiança . E também a sua inconstância nas relações amorosas, a sua falta de jeito. E alguns traços de inglês branco num regime de apartheid …
Gostei e acho que vou ler a “Desgraça” mas não gostei de saber que Coetzee deixou a África do Sul e se naturalizou australiano. Deixo-me ficar com a dúvida de uma sua ex-aluna que ouvi no “Câmara Clara” – pode ter sido por sentir insegurança, pode ter-se sentido inadaptado ou pode ter ido atrás de um novo amor. Pois pode.
E não deixei de me perguntar : porquê um Prémio Nobel

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Siphiwo Ntshebe, o “Pavarotti sul-africano”

Foi o cantor sul-africano escolhido por Nelson Mandela para cantar “Hope”, o hino de abertura do Mundial de futebol, acompanhado por um grupo de vuvuzelas .
Morreu no dia 25 de Maio, com 34 anos, vítima de uma meningite bacteriana e quando todos os seus sonhos estavam prestes a realizar-se : voltar ao seu país e ser conhecido aí como um grande cantor lírico.

Nasceu e viveu na township de Port Elizabeth ( Zwide).
Diz a família que “cantou desde sempre”, primeiro sentado ao colo do pai para delícia dos vizinhos, depois no coro da igreja protestante onde avô era pastor. Decorou as canções de Pavarotti sem saber italiano, quis cantar Mozart mas foi proibido porque “Mozart não era para negros”. Acabou conseguindo uma bolsa na Royal College em Londres. Estudou e deu concertos em grandes palcos do mundo.
A MORTE podia ter esperado por ele à distância …

No primeiro vídeo, Siphiwo canta Puccini, no segundo o hino “Hope” ( com letra de Nelson Mandela)





terça-feira, 22 de junho de 2010

O Homem, o Macaco e o Lobo


Li a entrevista de Mark Rowlands à revista “Visão” desta semana, anotei para comprar o livro que escreveu, “ O Filósofo e o Lobo” mas deixo aqui parte dessa entrevista para reflectirmos :
“Nasceu no país de Gales, frequentou um curso de engenharia e queria ser surfista profissional. Acabou por doutorar-se em Filosofia, andar de país em país por escolha própria e escrever livros dedicados ao estatuto moral dos animais. Filho de um polícia e de uma professora, Mark Rowlands, 47 anos, docente universitário viveu, dos 27 aos 38 anos,com um lobo. Esta jornada levou-o a tecer algumas considerações acerca da natureza humana. …
Que razões o levaram a querer ter um lobo como animal de estimação? Assim que comecei a trabalhar como professor universitário, nos Estados Unidos, senti falta de um animal de companhia como os grand danois que tinha na casa de família Comprei o jornal local [no Estado do Alabama] e encontrei um anúncio que me chamou a atenção: "Crias de lobo para venda, 96 por cento". O meu destino foi traçado a partir daí. …
Como foi para si lidar com isso? Estudei programas de treino e ensinei-o a comportar-se em sítios públicos, por exemplo. Fui aprendendo com ele, um dia de cada vez. Sempre nos demos bem, nos transportes públicos ia de trela comigo e nunca foi agressivo. …
O que significava Brenin para si? Era como um irmão. Um amigo que me merecia uma grande admiração, pela sua força de carácter. Vou lembrar-me sempre da reacção de Brenim em situações críticas, como a que testemunhei uma vez com um pit bull de um amigo meu: na iminência de ser atacado mortalmente, a sua postura era de calma desafiante, mas nunca de desespero. Ele tinha apenas dois meses.
Esta experiência levou-o a questionar mitos, no plano filosófico?
Fez-me investigar o lado obscuro dos atributos vulgarmente associados à nossa superioridade sobre os outros animais: a inteligência, a moral e a consciência de que somos mortais. O que nos distingue enquanto espécie não abona a nosso favor.
Porquê? Como fundamento no livro, a raiz da inteligência assenta na capacidade de enganar e manipular; a moral alicerça-se no poder e na mentira; a consciência de que vamos morrer leva-nos a tomar decisões duvidosas como lutar e ter sucesso para dar um sentido da vida, o que nos torna infelizes.
Parece que o mau da fita não é o lobo.
Criou-se essa ideia porque em tempos remotos eles competiam com os humanos por alimentos. A nossa espécie trilhou um caminho evolutivo discutível e gosto de usar a metáfora dos nossos dois lados, o primata e o lupino. O macaco - e eu também tenho um! - faz tudo para ter poder e chegar ao topo, sendo capaz de premeditar, fazer alianças, manipular e dissimular. O lobo equivale à parte de nós que olha para essas questões com desprezo. Gosto da minha faceta de lobo, mas detesto a outra.
E como gere essa faceta na sua vida diária?
(pausa) ... É uma boa questão. Talvez tentando manter as coisas em perspectiva, porque uma vida assente no conceito de sucesso não compensa. Talvez a felicidade não seja isso, mas antes o fazer coisas boas, ser uma pessoa boa. E mesmo a inteligência, por mais útil que seja, pode ser usada para coisas terríveis, como a extinção de outras espécies. “ …

domingo, 20 de junho de 2010

Histórias Boas do Mundo 22


O 18º Concurso “Jovens Cientistas e Investigadores”, promovido anualmente pela Fundação da Juventude teve este ano mais projectos do que no ano anterior ( 128 para 119). Decorre agora a selecção de trabalhos para várias mostras e Concursos internacionais .

Para representar Portugal na ISEF 2010 (Feira Internacional de Ciência e Engenharia),o maior certame mundial de trabalhos realizados por jovens que decorreu em Maio na Califórnia, foi seleccionado o trabalho apresentado em 2009 por alunas do 12º ano da Escola Secundária de Arouca. O seu projecto partiu da necessidade de resolver o problema da contaminação de solos e águas por resíduos tóxicos, resultantes da exploração das minas de volfrâmio e tungsténio da região de Regoufe – exploração que foi muito intensa durante a Segunda Guerra Mundial. E o que descobriram? Que o “chapéu-dos-telhados” ( Umbilicus rupestris) é capaz de “limpar” aqueles solos absorvendo grandes quantidades de crómio . Serviu também o estudo para alertar que a plantinha parece ser prejudicial à saúde e não deve continuar a ser usada na medicina tradicional como analgésico e anti-inflamatório …

Este é exemplo do muito que se tem feito em Portugal pela Ciência e pela Investigação e das vocações que se vão despertando nos Jovens – através de iniciativas nacionais e regionais, do trabalho de algumas Instituições de Ensino Superior e do entusiasmo e dedicação de muitos professores do Ensino Secundário. Uma Boa História.

sábado, 19 de junho de 2010

Morreu José Saramago

Morreu com 87 anos, depois de fintar a morte várias vezes e sem a conseguir deter – como o fez na ficção. Cumpriu-se a sua certeza maior : nascemos com morte certa … e não renascemos depois da morte.

Hoje, amanhã, por uns dias mais, jornais, TVs, revistas, vão falar dele – vão dizer bem, vão recordar polémicas várias, vão tecer elogios mais ou menos sinceros. As montras das livrarias vão divulgar os seus livros, os editores aproveitarão para fazer mais uma edição desta ou daquela ou de muitas obras.
Pode ser que alguns que nunca o leram e até teciam críticas por imitação venham a gostar da sua escrita. Certo é que muitos que deliberadamente o ignoravam vão aparecer a lamentar a perda de um “grande português”, de um grande escritor, do nosso “Prémio Nobel” …

Eu fiquei muito triste, com muita pena que a MORTE exista para pessoas que me fazem falta, Vivas. Vou continuar a ler, a reler o que Saramago escreveu, até porque há muitos escritos que não li – “Os cadernos”, a “correspondência”, artigos do blog, … E espero que a Fundação Saramago mantenha viva a sua escrita e a sua memória.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um bom exemplo

O de Rui Tavares, deputado do BE no Parlamento Europeu. Para assinalar o primeiro aniversário da sua eleição ( 7 de Junho), decidiu criar uma bolsa de
1500 euros mensais para projectos de investigação ou reportagem – parte do seu salário de 7 500 euros.
É interessante e coerente porque Rui Tavares é um historiador interessado na história e cultura do séc.XVIII tendo publicado alguns livros nomeadamente sobre o terramoto de 1755.

No seu blog, http//:ruitavares.net/blog diz : “ O que devo às bolsas de estudo ainda não acabei de pagar e há tempos tive uma ideia : tirar uma bolsa do bolso. Não o faço para dar a ninguém lições de política, redistribuição, caridade ou o raio : faço-o porque quando satisfazemos um capricho nos sentimos mais livres e porque este é o momento adequado “. E acrescenta que uma bolsa pessoal não substitui as outras.

Os candidatos podem apresentar os seus projectos entre Julho e Setembro. O júri é ele próprio e a bolsa será atribuída em Outubro.
Rápido, claro e prático … SIM SENHOR!!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Estranho e assustador




Sabemos que é época de tempestades tropicais com nome de mulher. E foi a primeira, “Agatha”, que provocou, no final de Maio, na Cidade da Guatemala, a espantosa cratera que a fotografia mostra : tem 60 metros de profundidade e 30 metros de diâmetro, “engoliu” um prédio de três andares e matou duas ou três pessoas ( uma está desaparecida).
Os geólogos investigam a rapidez do desastre ( uma hora depois de começar a chover) e a forma circular da cratera. Primeiro a causa foi atribuída exclusivamente às chuvas e à existência de um subsolo rico em calcário e outras rochas solúveis. A rapidez do acidente levou também a pensar na existência de uma corrente subterrânea que já tivesse provocado a formação de grutas destabilizando o terreno. Mas, o facto de ter havido um outro desabamento no mesmo sítio ( sem as dimensões deste), leva os geólogos da Agência Nacional da Guatemala para os Desastres Naturais a fazer uma investigação mais profunda e abrangente.

Outras crateras têm acontecido noutros locais e há registos delas em vários estados dos EUA mas com dimensões muito menores. A situação mais espectacular conhecida aconteceu em 1999 quando, na Florida, o lago Jackson com 16 quilómetros quadrados, desapareceu.
Por outro lado, nas outras situações de grandes crateras , a abertura é progressiva à medida que a erosão vai crescendo e na Cidade da Guatemala a abertura foi súbita e total.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A 4ª mão …

Disseram-me que a 4ª mãozinha era a minha! Tenho andado arredado da escrita, sem nada para contar de novo, sem momentos excitantes.

Esforço-me por encontrar variantes ao “come e dorme” que dizem ser o ideal na vida de gato e é o sonho da minha dona … E lá me vou escondendo nos sacos que encontro à mão, despejando as gavetas que encontro “desseladas de fita colante”, saltando para os sítios que me atraem … e não é que não me deixam saltar da janela para os vasos de cheiros que me chamam do parapeito? Bem tento e até já me fiz fininho para caber num espacito que julgavam pequeno … e lá vieram puxar-me pelo rabo! Depois oiço uma arengada que deve ser comovente mas não me convence.

Ir à rua já não me atrai … assusto-me com o barulho dos carros, com a possibilidade de avistar um cão, com pessoas apressadas. E eu que gostava tanto de passear aqui à volta, de subir para uns muritos e fingir que trepava a uns galhos raquíticos, de cheirar as rodas fedurentas dos carros ( quanto mais velhos melhor), de mergulhar numa erva duvidosa mais adiante, de trotar pelo viaduto quase até à Praça de Espanha, …!! O que aqueles cães danados fizeram ! Não ganhei para o susto, aprendi a sair da trela quando quero correr para me livrar de um perigo e perdi a vontade de ver mundo – e a minha dona também ficou com tanto medo como eu.
Querer, queria ir escada abaixo sempre que me apetecesse mas tem de ser com a dona pela trela … e ela não gosta muito desse sobe e desce.

Com esta lamúria estou a ficar um gato-português de verdade : sempre a dizer mal, sempre a esquecer o muito que tenho de bom, sempre a culpar os outros do que faço ou não faço – de “barriga cheia” a dizer mal do que me enche a barriga. Fica aqui uma promessa : acabou a lamúria!!

domingo, 13 de junho de 2010

Histórias Boas do Mundo 21

Recentemente foram noticiadas algumas iniciativas de intervenção cívica e cultural, em Lisboa, que nos mereceram atenção e vontade de partilhar, aqui, nesta nossa secção:


Cansada dos dejectos dos cães espalhados pelos terrenos da freguesia de Carnide, a Junta decidiu munir de sanitas e rolos de papel higiénico gigantes vários espaços sob a sua alçada. A situação faz sorrir muitos, é irreverente, para outros mas, sem dúvida educativa no sentido de responsabilizar os donos dos animais. Para que a medida tivesse maior impacto junto das famílias, a Junta decidiu envolver as crianças das escolas do 1º ciclo a quem foram encomendados uns espanta -cocós, inspirados nos tradicionais espanta-pardais, para espalhar nos jardins dos diferentes bairos. Medida de formação e informação que se deseja chegue também a outros bairros de Lisboa.

• Cem buracos foram tapados, em Lisboa, nas zonas da Baixa, Chiado, Príncipe Real, Alexandre Herculano e Av. Brasília, numa iniciativa de parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa e a agência The Street. Durante dois dias, empregados da CML taparam e repavimentaram buracos, assinalando a intervenção com a mensagem Piso Reparado e o logótipo da marca de fita-cola Tesa, para chamar a atenção da população em geral. Melhorou-se o pavimento, deu-se visibilidade à intervenção conjunta da CML e da empresa especializada em Street Marketing e, mais uma vez, se mostrou como é importante para os cidadãos verem melhorado o piso das suas ruas. A quem de direito fica aqui o nosso aviso – há ainda muitas centenas de buracos, em Lisboa, aguardando por uma intervenção semelhante.



• Na Av. Fontes Pereira de Melo, uma das mais movimentadas e também das mais descaracterizadas de Lisboa, nestes últimos tempos, surgiram, há poucos dias, uns enormes e vistosos graffitis. Visivelmente satisfeitos uns, muito contrariados outros, os transeuntes lá foram dando a sua opinião. Ficámos a saber, pela imprensa, que se trata da primeira de quatro intervenções da responsabilidade de Crono, um grupo de graffiters, liderados pelo artista urbano Pedro Soares Neves. Na verdade, este grupo redigiu um manifesto, dirigiu-se à CML e assumiu uma intervenção em locais abandonados, desenvolvendo trabalhos de pintura de embelezamento e impacto urbano. Desta vez, contaram com a colaboração dos brasileiros Os Gémeos, que actualmente expõem também a sua obra no CCB, do italiano Blu e do espanhol Sam3. As restantes propostas de intervenção estão previstas para as outras estações do ano, em Outubro, Dezembro deste ano e ainda em Março de 2011. Nem todos gostarão mas lá que a cidade ganha cor, movimento e polémica isso é bem verdade. Muita tinta e muito spray ainda vai correr sobre este assunto.
Ficam algumas imagens destas que são Boas Histórias do Mundo, do nosso mundo, da nossa cidade!




sábado, 12 de junho de 2010

“Plantas Avós”

É este o título de um artigo da “Super interessante” de Junho sobre o trabalho de uma fotógrafa americana que descobriu, no Japão, um rumo para o seu trabalho : retratar o maior número de seres vivos com mais de 2 000 anos. Rachel Sussman já encontrou 27.

No Japão fotografou um Cedro com 7 000 anos – na ilha Yakushima ( 1ª fotog)
Depois foi, continente a continente, investigando, encontrando, fotografando.


Deixamos alguns dos seus achados, por esta ordem : - a “llareta”, que parece um musgo e cresce nos pontos mais altos do deserto de Atacama ( Chile). É uma “umbelífera” , uma prima da salsa, com mais de
3 000 anos. É na realidade uma espécie de arbusto, com milhares de troncos, folhas e flores.
- o “coral cérebro”, encontrado nos mares de Tobago ; tem cerca de 18 m de diâmetro ,cerca de 14 m de altura e mais de 2 000 anos
- as actinobactérias siberianas são o mais antigo ser vivo conhecido, encontradas num núcleo de gelo na Rússia e guardadas no Instituto Niels Bohr em Copenhague - têm entre 400 mil a 600 mil anos!!
- o “mojave yucca clonal”, um cacto com 12 000 anos, na Califórnia
- uma espécie de abeto, o “clonal sprice”, que cresce num parque da Suécia e é a árvore mais antiga, com 9 500 anos, seguida de perto por um pinheiro das Montanhas Brancas da Califórnia, com 5 000 anos.

Claro que entre as 27 estão também os Baobás do Parque Krugger, na África do Sul e a Welwitschia mirabilis da Namíbia .

Se nos pudessem contar o que viram e sentiram …

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ericeira …



E ontem esqueci a foto da praia dos pescadores e … uma gaivota!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ericeira a azul e branco

Uma voltinha pela vila “velha” e aí estão as ruas estreitas, os prédios velhos recuperados, alguns “embelezamentos” duvidosos das fachadas, dos espaços colectivos … São os bancos com costas de camas de ferro … o passeio com resguardo para as bilhas de gás … mas o azul e branco é lindo, as cortinas de renda também, o velho cine-clube com fachada limpa está uma beleza .
E a praia dos pescadores agora, antes do Verão a encher, é linda!

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Campeonato Mundial de Futebol

Ele aí está com todas as emoções e interesses que arrasta e atrai!
Ontem dei comigo a ver uma e outra reportagem e a compreender o entusiasmo dos portugueses que vivem em África e se deslocam quilómetros para ver passar “os navegadores”. São grandes comunidades as que vivem na África do Sul e na Suazilândia, é gente que já lá nasceu mas não quer perder as raízes. É bonito, mesmo quando as manifestações são patéticas.

Sem gostar nem me interessar muito pelo futebol, desejo que este Campeonato seja um êxito para os organizadores da África do Sul.
É natural que se estabeleçam comparações com o Campeonato de Rugby de 1995 tão oportunamente aproveitado por Nelson Mandela para estabelecer pontes entre brancos e negros, para fazer uns e outros vibrar em torno de um jogo de brancos mas que ali, representavam a Nação. Agora é a vez do “desporto dos negros” … E Mandela há-de recordar a primeira equipa de futebol sul-africana reconhecida pela FIFA : a que ele próprio criou na prisão, onde também jogava Mbeki e Zuma. Diz-se que aí nasceu a ideia de usar o desporto “para chegar ao coração” de brancos e negros …

A actual selecção da África do Sul, os “Bafana, Bafana”, parece ser fraca mas arrasta uma história de afirmação do futebol como desporto que não deve ser esquecida. Até 1976 as equipas só podiam integrar negros – tal como as de rugby só tinham africanders ( um ou outro mestiço que “mudara de raça” podia ser admitido) e as de críquete eram para os ingleses brancos … Nenhuma destas equipas eram reconhecidas pelas organizações internacionais e um qualquer branco adepto de futebol era tido como subversivo.
A partir de 1976 as equipas de futebol passaram a ser mistas … mas os brancos eram sobretudo gregos , portugueses e um ou outro inglês. Em Junho desse ano, num jogo com a Argentina, a equipa sul-africana ganhou e houve uma verdadeira festa entre brancos e pretos. Dias depois, a polícia baleou estudantes no Soweto ( cidade-negra ao lado de Joanesburgo) e a revolta que se seguiu desencadeou o processo de libertação de Mandela.
Para a constituição de uma equipa verdadeiramente multirracial foi decisivo o papel de um homem, hoje com 55 anos, Jomo Sono – Sono é nome de família, “Jomo” é apelido de um bom líder. Depois de jogar na Liga Norte-Americana de Futebol , porque não podia ser um grande jogador no seu país, regressou nos anos 80 à África do Sul, comprou um clube emblemático ( o Highlands Park) e criou a sua equipa, o “Jomo Cosmos” - uma equipa que foi reconhecida pela FIFA em 1992 . Estava reabilitado o futebol sul-africano.
Em 1996, Jomo treinou a selecção nacional que ganhou a Taça dos Campeões Africanos em 98 e isso foi tão bom como a vitória no Rugby de 95.
Jomo ainda hoje treina os “miúdos” no “Rand Stadium” de Joanesburgo, onde se lê a frase : “Bem-vindos à Casa de Jomo Cosmos”. Jomo chama-se Ephraim Matsilela e nasceu a 17 de Julho de 1955, no Soweto.

A África do Sul é um país espantoso em recursos humanos , materiais e naturais, teve grandes líderes negros e brancos, tem quadros negros e brancos de valor internacional, tem uma comunidade portuguesa trabalhadora e responsável, tem um Povo que merece Paz, Desenvolvimento, Educação. Se o futebol puder contribuir, se os “navegadores” puderem ajudar, porque não?!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CURA Quântica

Como sou dada a leituras diferentes das minhas parceiras de Blog venho hoje trazer-lhes as impressões de um livro que acabei de ler e que recomendo vivamente.
O Deepak Chopra é muito conhecido e tem muitos livros e videos publicados. É fundador do Centro Chopra para o bem estar, na Califórnia – uma referência na área das terapias alternativas. É médico endocrinologista .
”Com sua inovadora definição de medicina que busca a integração da mente, consciência, compreensão e inteligência, Deepak Chopra afirma que a cura é um processo estabelecido pelo corpo de dentro para fora. A disposição mental, a intenção e o desejo podem ser percebidos por todas as células, que passam a actuar visando a cura.
A esse processo ele conferiu o nome cura quântica – abordada neste livro em todos os seus aspectos biológicos e mentais. Baseando-se na ciência moderna e na sabedoria ancestral do Ayurveda, o autor relata casos reais e histórias fascinantes em apoio a um modelo de saúde e bem-estar que está em perfeita harmonia com um profundo conhecimento espiritual”.
“Segundo Chopra, não haverá mais milagres quando afinal assumirmos que nossa disposição mental, alinhada com o fluxo de energias da biologia, pode oferecer-nos a cura e o bem estar”.
Afastados de uma reflexão cuidada e alienados muitas vezes por quotidianos muito cheios de afazeres perdemos esta noção de diálogo entre o corpo, a mente e a alma.
Muita gente tem adoecido nestes últimos tempos e isso tem provocado em mim uma certa apreensão. Tenho lido vários autores de mensagens para esta época e tenho sentido que é preciso alterar o nosso esquema de vida.

domingo, 6 de junho de 2010

Histórias Boas do Mundo 20


Esta semana foi a revista TimeOut que nos trouxe uma Boa Notícia que partilhamos.

Pouco conhecida e muito abandonada durante anos, a Tapada das Necessidades tem vindo a ser recuperada pouco a pouco.
O Grupo de Amigos da Tapada das Necessidades promove, todos os primeiros domingos do mês, uma visita gratuita e guiada, no intuito de dar a conhecer este espaço que data dos finais do séc XVI. Reza a história que este local terá sido uma zona agrícola, banhada pelo rio Tejo. É neste jardim, cheio de árvores exóticas, que se encontra um dos miradouros com uma vista privilegiada sobre a cidade de Lisboa. Mas, para além de tantas árvores, existem outros motivos de interesse como uma estufa circular, a Casa do Fresco, onde se guardavam sementes e plantas devidamente protegidas pela estrutura de pedra e proximidade de um lago; o Jardim dos Cactos, considerado um dos mais belos da Europa e ainda o que foi o atelier da rainha D. Amélia e agora é o gabinete de trabalho do antigo presidente Jorge Sampaio. Para saber mais, pode-se consultar o site do Grupo de Amigos: gatnecessidades.blogspot.com
Uma tapada renovada e florida na nossa cidade também é uma Boa Notícia!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A propósito de João Aguiar


Quando hoje abri o computador na página da Sapo, fui surpreendida por mais uma notícia triste – o falecimento do escritor João Aguiar. Não o sabia doente mas, tinha dado pela falta dele, este ano, nas actividades da Feira do Livro de Lisboa. Era lá que habitualmente o via, conversando com os leitores ou autografando livros seus. Lembro-me de, uma vez, com um grupo de alunos, termos ido à feira, por ocasião do lançamento recente de mais um número da colecção do Bando dos Quatro. Assim que o reconheceram, ele que era o Tio João da série televisiva baseada nesta obra, quiseram conversar com ele sobre esses livros de que os miúdos tanto gostavam.
Entretanto, na mesma página da Net, num dos habituais inquéritos sobre temas vários, perguntava-se: conhece a obra de João Aguiar? E chocou-me muito constatar que só 12% das respostas eram no sentido positivo, contra 88% de respostas negativas. Como é possível?
E não pude deixar de rascunhar estas linhas, lembrando um pouco do muito que João Aguiar fez pela nossa cultura, pelos nossos jovens, pelas nossas letras.
Pois bem, João Aguiar nasceu em Lisboa em 1943. Na sua infância passou por Moçambique, licenciou-se em jornalismo, trabalhou na rádio, na imprensa ena televisão. Foi coordenador do programa Rua Sésamo, na RTP. Iniciou a carreira literária com quarenta anos e o seu primeiro romance foi A Voz dos Deuses -Memórias de um companheiro de armas de Viriato, em 1985, um dos livros mais lidos entre nós e traduzido em diversas línguas. Como já atrás referi, é o autor da colecção infantil O bando dos Quatro e, mais recentemente, publicou Uma Deusa na Bruma, 2003 e O Sétimo Herói, 2004. Foi prémio Eça de Queiroz em 1995. Colaborou em várias séries para a televisão, escrevendo guiões e diálogos.
O último livro foi publicado em 2008, com o título "O Priorado do Cifrão”, livro bastante polémico segundo uns, muito acutilante segundo outros. Ainda não o li mas vou apressar-me a fazê-lo, assim que tenha um tempinho livre. Estava agora a preparar um livro sobre a revolta popular de 1383, que colocou no poder o Mestre de Avis, obra que não chegou a ser concluída.
Seria bom que os mais novos o não esquecessem e que o dessem a conhecer aos mais velhos, fazendo jus às boas práticas do Plano Nacional de Leitura que recomenda a leitura das obras de João Aguiar.