domingo, 31 de agosto de 2008

BOAS NOTÍCIAS 5


- Jardim japonês em Sintra: integrado no Parque da Liberdade, a caminho do centro histórico pela estrada que liga a “vila nova” à “vila velha” (Volta do Duche). É um recanto zen onde predominam os bonsai entre centenas de plantas japonesas. Está aberto de 2ª a 6ª, entre as 10 e as 12 e 30 e das 14 às 18h.






- Televisão on-line - http://www.canal-lx.com/
É um projecto centrado na cidade de Lisboa, com a “vontade de mostrar uma Lisboa actualizada, positiva, inovadora”. Estreia a 2 de Setembro. Os utilizadores podem escolher e visualizar conteúdos sem hora marcada, bastando escolher a secção temática que lhes interessar.



- A rede Aga Khan para o Desenvolvimento assinou com o Governo português um protocolo de apoio ao Plano Nacional de Leitura, com a duração de 3 anos.
A rede Aga Khan apoiará 300 escolas do ensino infantil e pré-escolar, através da compra de livros para as respectivas bibliotecas, no valor de 150 mil euros.



- Muitos investigadores estrangeiros estão a escolher Portugal para trabalhar, aproveitando o investimento que o país está a fazer para recuperar o atraso nesta área. São, por eles, considerados como muito positivos os programas Ciência 2007/2008 (1), o trabalho das Fundações Gulbenkian e Champalimaud e o interesse do público pela ciência.
(1) O Ciência 2007/8 é um programa governamental de selecção de instituições e recrutamento de investigadores para integrar 1000 doutorados no Sistema Científico e tecnológico Nacional.

sábado, 30 de agosto de 2008

PELA MEDINA DE FEZ


Hoje, proponho que venham comigo deambular pelas ruas e ruelas da Medina de Fez, talvez a mais antiga cidade imperial de Marrocos e aquela que eu aguardava com maior curiosidade, por tudo o que já sabia e tinha visto.
Graças à recente intervenção da Unesco, que salvou o centro histórico e declarou esta Medina Património Mundial da Humanidade, podemos mergulhar na história do país, nos seus aspectos culturais, religiosos e sociais.
Observado do alto dos montes a Medina é um aglomerado de telhados, cúpulas e minaretes. Parece uma cidade fantasma, abandonada, não se adivinha o que todos estes hectares abrigam. Aproximamo-nos e…tudo muda!





O percurso faz-se a pé por um labirinto de ruelas, muito estreitas e muros muito altos. Mal se consegue passar quando se ouve «Bálá!» e surge, sem parar, um burro carregadíssimo, um carrinho de duas rodas com mercadorias, puxado por um jovem, um homem com um monte de carcaças de animais ao ombro, a caminho do talho, uma criança com tábuas cheias de pão para levar a cozer ao forno comunitário, mulheres carregadas com as compras diárias de fruta, legumes e criação, mulheres que regateiam peças de vestuário… Curioso, os burros usam umas «cuecas», para a recolha das necessidades…nada fica sujo à sua passagem!
São inúmeras as lojinhas e vendas. Nunca tinha visto um centro comercial a céu aberto tão vasto e variado: as galinhas escolhem-se vivas, são mortas, depenadas e preparadas à vista do cliente; as peças de carne têm bom aspecto, apesar das moscas que voltejam; as ervas aromáticas e os cheirinhos estão expostos em verdadeiras pirâmides e toda a gente os compra; os frutos secos muito bem apresentados, de excelente qualidade e de muito variados preços; os legumes são muito bons e apresentam-se num colorido apetitoso; o sabão é vendido ao peso, em grandes recipientes de folha, têm um aspecto pastoso, cores e finalidades diferentes; os alfaiates tiram as medidas e confeccionam várias peças à nossa vista, enquanto os ajudantes vão dobando fios, meadas de linhas e vão chamando os clientes; os comerciantes de roupa chamam os turistas e expõem coloridas túnicas, as jellabas, os chinelos, as babuscas, os cintos, os lenços e as écharpes. E há mais, há toda uma cerâmica típica da região, os instrumentos musicais, as bijuterias e outros elementos de adorno, os camelos e os burros, os objectos em couro, os sacos e as malas, a quinquilharia que todos conhecemos de cor.



E vamos cruzando com as mais variadas pessoas: os velhos, trajando de forma mais tradicional, muitos de branco, bege ou castanho; as mulheres de tons neutros, as cabeças cobertas com lenços; muitas usam cores mais vivas e alegres; as mais jovens já se vestem de uma forma mais leve, misturando aos trajes compridos uns pormenores de estilo europeu e os mais miúdos usam, no dia a dia o mesmo que os nossos.
E, pormenor muito curioso, e muito sensato. Dentro da Medina, vivem pobres e ricos, sem que exteriormente, se notem essas diferenças. Só a decoração do interior as distingue. E existe cada interior! Inacreditavelmente fabuloso! Conseguimos vislumbrar alguns, idealizar outros pela descrição que ouvimos.
Através do guia local ficámos a saber um pouco mais sobre a forma como se organizam, em cada quarteirão da Medina. Há realmente uma ordem comunitária muito curiosa. Todos se entreajudam. Há em cada aglomerado, o responsável pela iluminação, pela canalização, pelas fechaduras, pelos assuntos religiosos, pelo restauro das madeiras, pelo apoio aos mais idosos e doentes nas situações de necessidade, entre muitos outros. Tudo se desenrola de forma bastante equilibrada e justa.


Dentro da Medina, visitámos ainda uma fábrica de têxteis, uma de curtumes, uma de tapetes, uma de trabalho em bronze e, no exterior da Medina um centro de cerâmica, cujo combustível para alimentar os fornos é o caroço de azeitona que espalha um cheiro muito intenso e uma fumarada negra, altamente poluente que se avista de muito longe.
Gostava que conseguissem sentir os odores, que mergulhassem no colorido, que ouvissem os sons e as musicas e que vibrassem com as emoções que experimentei neste passeio pela Medina de Fez.
Vale mesmo a pena esta visita!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

CASABLANCA


Manhã cedo, lá partimos em direcção a Casablanca, passando por Jadida, antiga praça portuguesa de Mazagão, cidade geminada com a nossa Sintra, não consegui saber por que razão.
Como o nosso guia nos aconselhou a comer peixe ao almoço, oportunidade única para experimentar algumas especialidades da região, dirigimo-nos a um restaurante bem típico: muitas mesas, muito movimento, muito alarido, um balcão enorme, envidraçado e um corrupio de travessas repletas de um misto de peixes fritos e marisco com molho de tomate a acompanhar. Toda a gente encomendava aquele prato e nós fizemos o mesmo. Pelo que vimos à nossa roda, tudo era tirado directamente da travessa, comido à mão, ficando os restos espalhados pela toalha de papel que servia literalmente de prato aos clientes. Panorama que imediatamente tolheu o meu apetite mas lá conseguimos ser servidas à europeia, tivemos direito a prato, a talheres e, no final, um casal marroquino que se tinha sentado ao nosso lado, apoiou-nos na argumentação com o empregado que logo nos quis «enrolar», pedindo-nos quase o dobro do que seria a nossa conta. Seguiu-se a «saga» da ida à casa de banho, mas, depois de algumas investidas, optámos pela casa de banho dos cavalheiros porque era a mais higiénica. Enfim, estas aventuras ainda haviam de se repetir algumas vezes.


Casablanca, era no século VII, apenas uma povoação berbere nas encostas dos montes Anfa, mas hoje é a maior cidade de Marrocos, na costa atlântica do país, o maior porto e centro industrial e comercial de Marrocos. É uma cidade de muitos contrastes, muita pobreza e muita riqueza, lindos palacetes, muitas rotundas arborizadas e ajardinadas, um trânsito fervilhante e uma pluralidade de trajes e raças.
Na origem, o nome da cidade ficou a dever-se ao facto da primeira casa construída, no local, ser branca e servir de ponto de referência aos viajantes que cruzavam o país e aos navios que se aproximavam da costa.
A cidade possui uma praça principal, a Praça das Nações Unidas, da qual irradiam todas as outras artérias. Quase todos os edifícios são uma versão francesa da arquitectura árabe-andaluza, são brancos e de linhas simples, onde predomina a arquitectura dos anos 20 e 30, com recurso a varandas que abrigam as casas do sol e da luz, têm uma decoração com mosaicos e arcos com elementos decorativos em estuque esculpido e azulejos com formas geométricas.
Os portugueses fundaram a actual cidade em 1515 com o nome de Casa Branca.
Mais tarde, a cidade foi destruída pelo terramoto de 1755 e reconstruída pelo sultão de Marrocos em 1757. Como nessa altura aí se instalaram muitos espanhóis, a cidade começou a ser designada por Casablanca. Foi ocupada em 1907 pelos franceses que lhe deram um novo desenvolvimento e uma nova fisionomia.
A cidade habita o nosso imaginário, pois ganhou fama com o filme homónimo de l942, e serviu de cenário ao tórrido romance de Hunphey Bogart e Ingrid Bergman durante a Segunda Guerra Mundial, mas nenhuma cena do filme foi gravada ali. À noite, já no hotel, quando entrei na sala de jantar, um músico tocava a música original do filme e podem crer que ouvi a célebre frase de Ingrid Bergman «Play it again, Sam!» e deliciei-me com a melodia de «As time goes by».
Um dos objectivos do nosso percurso era a visita à Mesquita de Hassan II, inaugurada em 1993, a segunda maior construção religiosa do mundo, depois da mesquita de Meca. Ocupa 9 ha, tendo sido dois terços construídos num avançado sobre o mar e tem o mais alto minarete do mundo com 210 metros de altura. Do seu todo resulta uma imagem muito bela em branco/bege e verde suave que é a cor sagrada de Marrocos. Um pormenor curioso é o telhado superior que é móvel para poder ser aberto em dias de muito calor. Foi construída por 2.500 operários e 10.000 artesãos que trabalharam 24h por dia, durante seis anos para assinalar os 60 anos do então rei Hassan II.
O mármore está presente em toda a construção, conjugado com o granito e o ónix. Muitas das portas são revestidas de bronze gravado, sendo a porta real decorada com motivos tradicionais gravados em bronze e titânio. Tem uma traça muito equilibrada e uma esplanada que comporta 100.000 fiéis nos dias de Ramadão e outras manifestações religiosas.
Só lastimámos a hora tardia que não nos permitiu visitar o interior da mesquita, mas demos largas à nossa imaginação e recriámos mentalmente toda a riqueza do interior. Abandonámos a cidade elogiando a visão, o bom gosto e a determinação deste rei que quis ligar o seu nome a tanta obra grandiosa.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

DE AGADIR A ESSAOUIRA





Chegámos ao aeroporto de Agadir para iniciar o circuito de Marrocos Monumental debaixo de um céu encoberto e logo sentimos um bafo quente que cortava a respiração, no trajecto que fizemos a pé pela pista até ao edifício do aeroporto.
Cumpridas as formalidades, e em Marrocos elas são verdadeiramente demoradas, entrámos no autocarro que nos havia de transportar ao longo de todo o percurso. Conhecemos a equipa que nos acompanharia, Abdul, o motorista seguro e de poucas falas, o ajudante Ismail, solícito e sempre sorridente e o guia, Hadi, uma pessoa culta, dominando perfeitamente o português e revelando muita preocupação em que tudo corresse bem durante a nossa estadia. Éramos 41 participantes, grupo demasiado grande para este tipo de viagem.

Iniciámos, então, o circuito percorrendo parte da costa atlântica marroquina, passando por terras pequenas (Taghazout, Tamri, Tamanar) que logo nos foram despertando a atenção, já que nos iam revelando paisagens, gentes e usos diferentes.
O guia avisou-nos que, nos dois primeiros dias, faríamos a rota dos vestígios portugueses e, só depois, entraríamos no mundo árabe.

Chegados a Essaouira, a antiga praça-forte portuguesa de Mogador, imagem viva dos tempos da pirataria, descemos da camioneta e percorremos, a pé, toda a zona do porto, com cheiro a maresia, muitas gaivotas e venda de peixe. As casas caiadas, alguns nomes de ruas e de habitações em português não deixavam dúvidas quanto à nossa antiga presença. Na verdade os portugueses estabeleceram aqui uma cabeça-de-ponte, no século XV, mas a cidade só foi construída por volta de 1760, por Mohamed II, que aí quis criar uma base naval. As fortalezas europeias foram desenhadas por um famoso arquitecto que trabalhara para o rei francês, Luís XV.

Soubemos que Essaouira é muito procurada para a prática de windsurf e que é também uma cidade aonde acorrem artistas de todo o mundo, pintores, músicos e escritores. É uma zona de ventos alísios o que pudemos comprovar quando, após o jantar demos a habitual voltinha de reconhecimento pelas redondezas do hotel.

Estava terminado o primeiro dia, a expectativa ia aumentando e deitou-se tudo sobre o cedo já que a partida, no dia seguinte era preciso madrugar.



quarta-feira, 27 de agosto de 2008

MARROCOS, TÃO PERTO E TÃO LONGE!


Já cá estou, não venho envolta em véus, não desapareci na garupa de nenhum cavalo berbere, não fui trocada por uns tantos camelos, não aceitei partir em bando pelas areias do deserto, não me deixei seduzir pela vida cosmopolita de Casablanca nem me perdi nas misteriosas medinas e souks. Mas venho cheia de cores, odores, frutos, paisagens diversificadas, terra vermelha ou amarela, batida ou cultivada, praias e montanhas, planícies e dunas a perder de vista e a certeza de que Marrocos é um grande país, cheio de potencialidades e muito diferente das imagens esteriotipadas que guardamos dos filmes, dos livros ou das fotos turísticas.
Como o nosso guia nos disse «Marrocos é como uma árvore com as raízes no continente africano, mas cujas folhas respiram o ar do continente europeu», a metáfora que o rei Hassan II usava para descrever o seu país.
Nos próximos dias darei conta do muito que vi e das experiências que vivi, documentando com algumas imagens que recolhi. Até lá!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

A nossa “ Pegada Ecológica”

Como hoje não é domingo, aí vai uma má notícia : Willy De Backer, director para a Europa da Global Footprint Network, empresa que lançou o conceito de “pegada ecológica”, declarou que a pegada ecológica dos portugueses é de 5,2 hectares. Isso significa que, se fossem todos os outros habitantes da Terra como nós, seriam precisos três planetas para garantir a biocapacidade de regeneração correspondente ao desgaste causado.
No ranking da “Living Planet Report” estamos em 18º lugar. Podia ser pior … mas podíamos melhorar.

E, já agora, o que é e como se mede a “pegada ecológica?”
A p.e. corresponde à “quantidade de terra e água que seria necessária para sustentar as gerações actuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos gastos por uma determinada população”. “ É usada como indicador de sustentabilidade ambiental.
Para calcular a p.e. de cada um de nós, consulte-se o site :
http://www.gesamb.pt/upload/gesamb/img/Pegada_Ecologica.pdf

Fiquei triste com o tamanho da minha “pegada” …

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A “ Mobile Home” - a evolução dos sonhos


Como os anos vão passando e não concretizo essa ideia fantasiosa de ter uma “caravana” para me sentir em casa mas não sempre no mesmo sítio, como a casa pré-fabricada, de madeira, também não acontece, juntei a esses um devaneio-síntese : a “Mobile Home”. É uma casa de madeira, transportável, instalada sobre estacas, onde se queira. Trata-se portanto de encontrar por aí um terreno “ao preço da chuva” e encomendar uma casa ao estilo da fotografia. E, quando me aborrecer do sítio, “basta” um camião TIR para a transportar para outro terreno “obtido por troca”(é uma ideia) …
Se a caravana e as casas pré-fabricadas eram sonho, a “Mobile Home” pode ser o (sonho)2 !

Nota : as “Mobile Home” são invenção nacional e, por enquanto, estão disponíveis para aluguer nos ECOCAMP, versão sofisticada de parque de campismo.

domingo, 24 de agosto de 2008

BOAS NOTÍCIAS 4

- Esta primeira boa notícia prende-se com um apontamento deixado ontem sobre Demba Diabeye:
A notícia sobre ele gerou um movimento de solidariedade com boas consequências : ofereceram-lhe um computador portátil, uma impressora e uma colecção antiga de livros sobre Almeida Garrett. Que bom!

- A Academia de Ciências de Lisboa ( fundada em 1779), elegeu pela primeira vez, para a categoria de “Académico Correspondente Estrangeiro”, quatro personalidades dos países africanos de língua portuguesa : Artur Pestana ( Pepetela), escritor angolano; Carlos Lopes, economista, nascido na Guiné e de ascendência cabo-verdiana e portuguesa; Valente Ngwenya ( Malangatana), pintor e escultor moçambicano, Germano Almeida, escritor cabo-verdiano.
A iniciativa desta nomeações deve-se a Adriano Moreira, presidente da Academia.

- José Saramago terminou um novo livro : “A viagem do elefante” conta a história de um elefante
asiático que, no séc.XVI, viajou de Lisboa para Viena.

- Cientistas portugueses do Instituto Gulbenkian de Ciência, encontraram um método inovador para detectar e “aspirar” o lixo electrónico ( spams). Inspiraram-se no funcionamento do sistema imunitário dos seres vivos …

- O projecto “ Cabine de Prova Interactiva”, desenvolvido na Universidade do Minho, pretende substituir a etiqueta de código de barras que identifica os artigos à venda e, ao mesmo tempo,
revolucionar as tradicionais “cabines de prova”. É um processo que, através de um sistema de antenas espalhadas pelas lojas, associado a microchips existentes nas roupas, faz a identificação por frequências rádio. Por outro lado, o cliente, dentro da cabine, tem acesso, através de um ecrã sensível ao tacto, a todas as informações que desejar sobre o artigo que está a experimentar bem como a possibilidade de pedir outros artigos. Esta invenção deve-se a uma equipa de 3 investigadores, liderados por Ricardo Simões.

- Investigadores portugueses concluíram que extractos de uma espécie de sálvia, abundante nas serras d’Aire e Candeeiros, revela um enorme potencial como terapia em doentes de Alzheimer. O grupo de investigadores do Departamento de Química da Fac. Ciências da Universidade de Lisboa é liderado por Amélia pilar Rauter e trabalha em colaboração com Jorge Justino da Escola Superior Agrária de Santarém.

- Foi inaugurado, a 18 de Agosto, na ilha do Faial, o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, para comemorar os 50 anos da última erupção vulcânica na zona. O Centro foi construído como um “bunker” ,soterrado nas cinzas expelidas pelo Vulcão. Dispõe de vários espaços de exposições, um auditório e ligação subterrânea ao Farol dos Capelinhos. Dispõe de uma vasta informação sobre vulcanologia : filmes tridimensionais, maquetas interactivas e artísticas, painéis informativos, programas de computador que explicam a formação dos vulcões e a evolução do arquipélago.

- Investigadores portugueses associados a outros da Alemanha e EUA, descobriram, no Mar Vermelho, uma nova classe de bactérias , a 1447 m de profundidade, num ambiente sem luz nem oxigénio. Parece ser uma descoberta tão importante como a que deu origem à classe dos anfíbios, das aves ou dos mamíferos. O coordenador do grupo português, Milton Costa, descreve a bactéria como “ um micróbio espampanante, que dá a conhecer um modo de vida até agora desconhecido; possui tentáculos que originam as células descendentes”

- Uma empresa algarvia é uma das 10 empresas mundiais que produz microalgas para alimentar larvas de peixe – 70% da produção anual é exportada para “maternidades de peixes e oceanários” em Espanha, França, Itália, Turquia e, recentemente, a Noruega.

sábado, 23 de agosto de 2008

PESSOAS

1- Demba Diabaye

Sempre me merecem profundo respeito as pessoas que perseguem um objectivo com grande determinação e coragem, superando obstáculos que parecem intransponíveis e fazem desistir o comum dos mortais.

Demba Diabaye é um senegalês que está a fazer uma tese de mestrado sobre “as técnicas narrativas de Almeida Garret” e sonha com um doutoramento sobre o “romantismo português”. É aluno da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade de Dakar e está em Portugal para fazer pesquisa na Faculdade de letras e na Biblioteca Nacional. O irmão, comerciante de máquinas de costura em Dakar, emprestou-lhe o dinheiro para a passagem de avião e, para se manter em Portugal, vende bugigangas na praia da Costa da Caparica.

É bom recordar que o Senegal pretende fazer parte da CPLP e esteve presente no último encontro, com estatuto de observador. Talvez por isso há 17 mil alunos que escolhem “português” no Ensino Secundário” e 700 estudantes a frequentar o Curso de Português na Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Dakar - há mais alunos de Português no Senegal do que em França.
A importância da Língua Portuguesa no Mundo devia contribuir para a nossa auto-estima e para desenvolver cada vez mais projectos nessa área. É um poderoso instrumento de expansão de cultura, prestígio e afirmação.

2. Fernando, da Ponta do Ouro

A lealdade, a relação afectiva, o respeito e o reconhecimento de alguns por outros que foram “porto de abrigo” em momentos difíceis, emociona-me.

A cerca de 150 Km do Maputo, para sul, fica uma zona paradisíaca, que portugueses e moçambicanos não souberam nem sabem valorizar : a Ponta do Ouro. Os sul-africanos , a 8 km da fronteira , usam-na desde há muito tempo, quase sempre da pior maneira ( motas de água, ski, caça submarina, acampamentos e pré-fabricados, muito barulho e álcool, …) . Estive lá numa época em que, estando mal comigo e com o mundo, não soube aproveitar as belas águas quentes, azuis e transparentes, as areias finas e o calor manso.

Numa crónica de Gonçalo Cadilhe, no Expresso de 15/8, soube que o Fernando, dono de um bar na “orla do mercado, à saída da praia”, queria encontrar a família portuguesa que o criou. Viveu com eles desde muito pequeno até aos 17 anos. Os portugueses fugiram para Lisboa e Fernando ficou a tomar conta da casa no Maputo. Há 30 anos que os espera e propõe-se ajudá-los com
dinheiro para que voltem a Maputo !

Porque sei que houve muitos “Fernandos” que ficaram nas “colónias” a tomar conta de casas, lutando por vezes contra usurpadores e esperando sinceramente a volta dos seus donos, senti um “nozito” com aquele apelo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

JOGOS OLÍMPICOS

Grandeza e embuste? Miséria e resignação? Patriotismo e doutrinação?
A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos foi, com certeza, grandiosa, esmagadora . Mas, por dois pequenos exemplos, desnecessariamente pomposa e embusteira. Não me lembro dos espectáculos de abertura de Jogos anteriores e, se calhar, também nos brindaram com alguns truques.
Neste caso, um “inofensivo” e que prova a capacidade técnica dos envolvidos : muitas das imagens de fogo-de-artifício que encheram os ecrãs foram simulações de computador. Grave, para mim, foi a menina que no início da cerimónia emprestou a sua graciosa figura à melodia tão bem cantada por outra criança, Yang Peiyi, menos televisiva ou menos bem nascida. Essa, sim, merece que se divulgue a fotografia.
Mas por trás de tanta encenação e desejo de mostrar ao Mundo um país tecnologicamente desenvolvido e poderoso, há a outra China, da qual fazem parte os 150 mil desalojados de Pequim, os 1,25 milhões de outros transferidos compulsivamente da capital, os que permanecem excluídos e sem direito a educação e apoio porque emigram dos campos para as cidades, os milhares que vivem nas zonas rurais em condições miseráveis, …

Impressionou-me um apontamento deixado por um jornalista, em Pequim.
Foi convidado a entrar na casa de uma chinesa, “num dos mais antigos hutongs de Pequim” , a pouca distância da avenida principal da cidade : uma construção térrea, de 13m2, com porta de madeira e janela coberta com uma rede de arame. Diz o jornalista :” Não seria melhor o Governo investir parte do dinheiro gasto nos Jogos Olímpicos, a melhorar esta e outras casas?”.
Responde a senhora: “ Não, não, não. A China teve, durante mais de 100 anos, uma má reputação no mundo. Está na hora de mudar isso. Temos de mostrar a todos a força e o poder deste país. A minha casa pode esperar”.
É a esta forma de estar que se aplica a expressão “ o povo chinês é paciente, aguenta tudo” ? Um misto de confucionismo, marxismo, medo, fidelidade ao país? Um ideólogo chinês esclarece que “paciência não é resignação, paciência é saber esperar” . Acredito. É essa capacidade de esperar pacientemente pelas oportunidades, cansando interlocutores até que cedam por exaustão que me faz temer os avanços da China no Continente Europeu e Africano e a grandiosidade dos Jogos Olímpicos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

As festas da “NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM”


As lendas da “Senhora da Boa Viagem” todas se relacionam com a protecção de marinheiros e pescadores.
Uma delas, nasceu no rio Douro. Sendo um rio de “mau navegar”, muitos barcos naufragavam. Certo dia, numa enchente do rio, os barqueiros de Barrô viram sair da água uma imagem de Nossa Senhora. Chamaram-lhe “Senhora da Boa Viagem” e prenderam-na com cadeado a um nicho feito nos rochedos – para que não fosse rio fora, nas enchentes. Sempre que os barcos passavam pelo nicho os barqueiros tiravam as boinas e rezavam à Senhora. Todos os anos, a 15 de Agosto, retiravam-na do nicho e levavam-na em procissão pelo rio – era a Festa de Santa Maria do Barrô.
Também se diz que a primeira igreja construída em homenagem à Senhora da Boa Viagem foi em 1618, “ a poucas léguas de Lisboa - seria a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e de Sto António da Ericeira ?

Certo é que a “Senhora da Boa Viagem” é um culto dos homens do mar, padroeira de pescadores de várias localidades do País, como Figueira da Foz, Peniche, Moita e Ericeira. Mas também é Senhora de culto em muitas localidades brasileiras, do Rio de Janeiro ao Ceará, Recife, Baía,… O Papa Pio XII ( 1939-1958) oficializou-a como padroeira de Belo Horizonte .
Na Figueira da Foz é a primeira romaria do ano ( 2 de Fevereiro) e marcava o início da actividade piscatória e a partida de barcos para a pesca do bacalhau.
Em Peniche as festas realizam-se nos primeiros dias de Agosto e na Moita, em Setembro.
Em todas, não falta a procissão no mar.

Este interesse pela “Senhora da Boa Viagem”, vem-me das festas em sua honra que, desde miúda, acompanho na Ericeira. Realizam-se todos os anos, desde 1945 ( as festas interromperam-se em 1912), no terceiro domingo de Agosto. São as ruas enfeitadas, as barraquinhas de bugigangas e roupas, as rolotes de farturas, a música aos berros, a capela enfeitada, os foguetes, mas, sobretudo, a procissão no mar, à noite. Os barcos, engalanados com bandeirinhas e muitas luzes, esperam no mar a saída de outros que levam os andores de Nossa Senhora da Boa Viagem, Sto António, S. Pedro , S.Vicente e S. Sebastião depois de terminada a procissão em terra. A procissão no mar segue um percurso curto, entre a Praia dos Pescadores e a do Algodio, percurso que depende das condições do tempo e altura da maré. Há quem observe dos mirantes, da praia, do Forte, das varandas mais altas, …

Interessante é a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e de Sto António.
Foi sede da Confraria de Nossa Senhora da Boa Viagem dos Homens do Mar e da Confraria de Sto António, pelo menos desde 1609. Em 1645 passou a ser a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e foi por essa data revestida a azulejos, custeados pela oferta de um anel de grande valor. Foi também o lugar onde se instalou a sineta e a lanterna de fogo que anunciava aos barcos a localização do porto.
A primeira imagem da Senhora, “ em madeira estofada e policromada”, foi restaurada em 1761 e esteve exposta no altar-mor, até 1912. Na noite de 22 para 23 de Janeiro desse ano, as imagens da capela foram vandalizadas e atiradas ao mar. A mão da imagem de N.Senhora deu à costa no dia seguinte e está hoje exposta no Museu da Sta Casa da Misericórdia.
A Capela tem também imagens de Sto António, S.Pedro, S.Vicente e Sta Catarina de Alexandria.
Não está sempre aberta, mas, aos fins de semana e claro, durante as Festas de Agosto, está aberta e enfeitada.
Desde miúda que me lembro de ver à porta uma vendedora de tremoços e pevides, sentada nos bancos de pedra, com guarda chuva/sol aberto. E sempre vi a minha mãe entrar e fazer uma oração - nunca a vi entrar noutra Capela ou Igreja.