Li há tempo um artigo que só continha bons argumentos para comer gelados, sobretudo aquela descoberta de investigadores britânicos que demonstraram “ que o consumo de gelados faz as pessoas mais felizes”. Não sei o que fizeram para “demonstrar” mas se me perguntassem chegaria à mesma conclusão sem precisar de um processo analítico-dedutivo.
Nesse artigo que guardei para mostrar como argumento a quem me recrimina (“Única”/ Expresso 19/7), dizem-se coisas tão sensatas como:
- “Quando integrados num estilo de vida saudável e numa alimentação equilibrada, podem ser uma alternativa para ingerir diferentes nutrientes como o cálcio, fósforo, ferro, potássio, magnésio e vitaminas”, sobretudo se contiverem leite;
- “ Se os gelados contiverem frutas ou cobertura de frutas são fonte de vitamina A, E, C e B”- com efeitos no crescimento, na acção antioxidante e de fortalecimento da estrutura óssea e muscular e na estrutura do sistema nervoso
-“ Se optar pelos que possuem chocolate, estará não só a estimular o sistema nervoso central, como a proteger o organismo da acção dos radicais livres graças aos flavonóides que trabalham como antioxidantes “.
Depois vêm aquelas questões como: “engordam?”, “fazem mal à garganta?”,
“dificultam a digestão?”, “fornecem muito açúcar e aumentam o colesterol?”
Claro que engordam se comermos muitos gelados e não nos mexermos…
Não fazem mal à garganta … até podem contribuir para cicatrizar pequenas feridas (como sabem os que tiraram as amígdalas). A temperatura do gelado varia entre -12º e -15º mas, ao entrar na boca, mesmo nas apressadas, o organismo reage e “aquece-os” para os 8º ou 10º. Essa temperatura sobe até atingir o estômago e por isso não dificultam a digestão. Os de fruta, porque contêm fibras, até ajudam a ter uma sensação de saciedade - quando se quer terminar uma refeição com gelado, deve comer-se menos … (deduzo).
A quantidade de açúcar de um gelado deve ser teoricamente idêntica à sacarose de um iogurte de fruta. Diz-se que até os diabéticos, com moderação e aconselhamento médico, os podem comer – isso porque têm “nutrientes complexos que permitem absorção demorada, com pouco impacto no índice glicémico”.
Não são tão boas razões para se comerem gelados? E saber que é um gosto compartilhado com os nossos ancestrais?
A ideia de servir bebidas geladas já aparece no antigo Egipto onde os faraós ofereciam aos seus hóspedes sumo de fruta arrefecido com neve (introduzida numa taça de prata com paredes duplas).
Os chineses, há mais de 3000 anos, misturavam neve com frutas esmagadas e serviam bebidas arrefecidas com neve feitas de uma “mistura de leite com cozedura de arroz”. Diz-se que ensinaram as suas receitas aos persas que ensinaram aos gregos e romanos. Sabe-se que, no séc.IV a.C., Alexandre o Grande apreciava sobremesas geladas de neve, mel e frutas.
Aos Árabes, no sul de Itália e na Sicília e a Marco Pólo, em Veneza e Florença, deve-se a divulgação destes hábitos na Europa, a partir do séc.XIII. É curioso que, em árabe, “Neve Doce” dizia-se “sberbeth” de onde terá derivado a palavra “sorvete” - o sberbeth era uma bebida gelada de neve, mel e fruta. E Marco Pólo terá trazido “ a primeira receita de gelado preparada de acordo com a técnica de congelamento artificial usada pelos chineses”. Esta receita permaneceu em segredo até 1533, quando os gelados foram servidos num banquete de casamento entre a corte italiana e francesa. Mas foi o florentino Bernardo Buontalenti quem inventou o gelado, quase como hoje o conhecemos. Os seus gelados foram servidos na cerimónia de casamento de Catarina de Médicis com Henique II de França que durou um mês e todos os dias havia um sabor diferente. Em Paris, o italiano Porcopio de Coltelli, siciliano, criou lojas de gelados e, por volta de 1676, já havia uma corporação de “vendedores de gelados” com 250 membros.
Filipe II introduziu a novidade em Portugal. A neve das Serras da Estrela e da Lousã e depois a REAL FÁBRICA DE GELO de Montejunto encarregaram-se de garantir a matéria prima e os italianos que vieram para a corte de D. João V e D. José, o engenho. O processo de fazer baixar a temperatura das misturas era conseguido em recipientes de cobre, mergulhados noutros, de madeira, contendo entre eles uma mistura de gelo e sal e a loucura dos alimentos gelados levou a que, “côdeas de pão, queijo ralado, flores de laranjeira e espargos”, tudo fosse “gelado, moldado e servido com requinte”.
A partir do séc.XIX, com a descoberta do gás para produção do frio e com os primeiros frigoríficos, a indústria dos gelados ganhou novo fôlego.
Mas … antes como hoje, os gelados existem para TORNAR AS PESSOAS MAIS FELIZES.
2 comentários:
Depois de ler o teu texto e depois de ter digerido as informações fiquei ainda com mais vontade de comer uns bons geladinhos!E hei-de os comer com menos sentimentos de culpa, claro!
E comigo funciona...como um geladinho e..sinto-me muito bem, feliz!
E as tuas imagens são ALTAMENTE!!
Boas guloseimas, vizinha!!
ZIA
ALTAMENTE!!!Adorei a informação!Quando na Duque d'Ávila havia festas,à noite,mesmo no Inverno,servia-se gelados.Sim...Nunca nos fizeram mal e a zia sabe k comeu mtos por causa da garganta!!! Bejinhos
isa
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