segunda-feira, 31 de agosto de 2009

MAL-ENTENDIDOS

Li uma crónica de Mia Couto que achei curiosa e me apeteceu, no essencial, divulgar. Foi publicada no número de Agosto da revista “Africa21”, sob o título, “A Cobertura”. Trata de um mal-entendido que ocorreu quando era jornalista ao serviço do Ministério de Informação, no tempo da Revolução marxista em Moçambique.

“ … Numa dada manhã, fui mandado cobrir um comício num bairro suburbano. Seguia num carro do M.de Informação, um Mercedes preto cheio de aparência, mas pobre e pobre por dentro. …. No caminho, deparei com um colega da rádio, um jornalista de origem goesa que caminhava penosamente com o mesmo destino. Era Tiago, a mais tímida criatura que conheci em toda a minha vida. Ofereci-lhe boleia.
Uma multidão se acumulava num descampado e, ao depararem com a nossa viatura, abriram-se alas e um coro de saudações ascendeu aos céus. De imediato entendi : tomavam-nos pelos dirigentes que viriam orientar o encontro.
Ficámos eu e o Tiago rodeados por manifestações de júbilo até que o motorista nos abriu as portas, confirmando, aos olhos da multidão, o nosso estatuto de chefia. Os responsáveis políticos do bairro nos rodearam com infindáveis vénias e encaminharam-nos para o palanque que, como altar divino, se erguia mais à frente. O ruído era ensurdecedor e os cantos revolucionários não permitiram que nenhum dos anfitriões pudesse escutar as minhas atrapalhadas explicações. …. Num ápice e sem poder reagir, eu e o tímido Tiago, nos vimos sentados nas grandes cadeiras de espaldar destinadas aos dirigentes revolucionários . No segundo seguinte o dirigente de bairro pedia à multidão o máximo silêncio para que pudessem escutar “as sábias orientações dos nossos responsáveis máximos”. Foi Tiago chamado a proceder a uma solene alocução. Ele estava sendo confundido com um dos vários dirigentes da Frelimo que possuíam origem goesa. …. “ Nós não somos …, começou ele, e repetiu várias vezes : nós não somos …” . E logo o dinamizador do comício atacou com mais uma série de vivas. …. Tiago malbuciou : “É que nós vimos aqui para fazer a cobertura” . E novo silêncio. De repente, alguém da multidão quebrou o embaraço : “ a cobertura, finalmente vão fazer a cobertura !”. E uma excitada gritaria percorreu os populares como um arrepio. E brados ecoaram, em festa : “ a cobertura, vão fazer a cobertura …”.
Nesse instante, se escutaram as sirenes. Chegavam os verdadeiros responsáveis políticos. Os presentes se entreolharam espantados. O seu bairro merecia a presença duplicada de dirigentes ? …. Ficámos eu e o Tiago abandonados no palco. Aproveitámos o momento para nos esgueirarmos. Quando já entrávamos para o carro ainda escutámos pessoas festejando a chegada da cobertura .”

E é assim que lá como cá, se escutam nos comícios o que queremos ouvir!

Gosto muito de Mia Couto, mesmo antes de saber que lhe chamam “Mia” desde pequeno por gostar muito de gatos …

domingo, 30 de agosto de 2009

VIVA A VIDA 18


Carl Pilcher, director do Instituto de Astrobiologia da NASA, acredita que «a vida no universo é mais comum do que parece» . Esta opinião apoia-se na descoberta de glicina, elemento fundamental para a formação da vida, em amostras do cometa Wild 2 trazidos à Terra pela sonda Stardust, em 2006, revelou segunda-feira passada o Laboratório de Propulsão a Jacto (JPL). “A glicina é um aminoácido utilizado pelos organismos vivos para produzir proteínas e esta é a primeira vez que se encontra num cometa”, disse Jamie Elsina, do Centro de Voos Espaciais da agência espacial norte-americana.“A nossa descoberta apoia a teoria de que alguns ingredientes da vida surgiram no espaço e chegaram à Terra através do impacte de meteoritos e cometas”, acrescenta o comunicado do JPL. A sonda Stardust passou através de uma densa nuvem de poeiras e gases que rodeavam o núcleo de gelo do Wild 2 em Janeiro de 2004. Desde 2006 que tinham sido detectadas amostras de glicina, mas os cientistas admitiram que o aminoácido pudesse ter aparecido no momento de fabrico da cápsula e só agora conseguiram ter a certeza de que pertencia ao cometa.

Pois é, a pouco e pouco, os segredos da Vida no Universo vão-se revelando.
Com certeza, não estamos sós!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Havana, Cidade perdida

Nada me podia ter sabido melhor, esta tarde, do que pegar num dos muitos DVD empilhados, no canto da sala, à espera de vagar e de disposição, e assistir a um filminho no remanso do meu sofá.
Hoje foi a vez de “Havana, Cidade Perdida”, filme de estreia de Andy Garcia como realizador, que me levou até Cuba, aos finais dos anos 50. E tive direito a um pouco de tudo neste misto de documentário, história de amor e filme musical.
Andy Garcia é também o protagonista. Desempenha muito bem o papel do proprietário de um night club de muito sucesso, na cidade, dividido entre a vida profissional, o amor por uma jovem e os problemas familiares. Sofre porque tem dois irmãos comprometidos com a revolução castrista com tudo o que isso implica na vida de uma família endinheirada, burguesa e tradicionalista. Quando a Revolução chega, a vida da cidade e as mentalidades são fortemente abaladas. Muitos dos ideais caem por terra e as famílias vêem-se destruídas e muito afectadas. Ninguém estava preparado para tanto!
O filme está muito bem estruturado, com uma sobreposição de planos muito feliz e bem conseguida. Trouxe-me os sons quentes da bela música cubana, a dança caribenha contagiante executada por excelentes bailarinos, as ruas e os carros típicos que cruzam a cidade num grande espavento.
Como diz, a certa altura, o protagonista, Havana é “como uma rosa, tem pétalas e tem espinhos” e serve exemplarmente de pano de fundo a esta saga familiar que tenta analisar a revolução nos seus aspectos positivos e negativos e põe em evidência a frustração do povo que aspirava por um regime verdadeiramente democrático.
No final do filme, o protagonista salienta a célebre frase de Cabrera Infante, escritor cubano e autor da obra em que se baseou o filme, ele próprio um exilado político: “Não posso ser fiel a uma causa perdida, mas posso ser fiel a uma cidade perdida”.
Apesar de ter aspectos discutíveis, é um filme muito interessante, a não perder.
Depois, faz-nos pensar e isso é sempre bom! Pela minha parte, sempre que vejo um filme deste género, fortaleço a minha convicção – sou uma democrata dos quatro costados! Malgré tout!


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Uma visita ao Museu do Oriente

Viver em Lisboa nem sempre é bom para conhecer o que de melhor existe na capital … quando há tempo livre, sai-se de Lisboa!
Foi assim que ainda não tínhamos ido ao Museu do Oriente desde a sua inauguração há mais de um ano – a 8 de Maio de 2008.
Fomos e gostamos. A exposição permanente é muito boa, quer quanto aos objectos expostos, quer na explicação e indexação de peças. É verdade que os pequenos painéis explicativos podiam estar melhor iluminados, mas acaba por se conseguir ler.
As fotos que escolhemos retiramo-las da Internet porque nos esquecemos de perguntar se era permitido fotografar.

O Museu está instalado num grande edifício na Doca de Alcântara, uma construção dos anos 30 para conservar bacalhau seco e armazenar fruta ( arquitecto João Simões), readaptada pelo atelier de João Luís Carrilho da Graça. É tutelado pela Fundação Oriente “tendo por missão a valorização dos testemunhos quer da presença portuguesa na Ásia quer das distintas culturas asiáticas”.
A exposição permanente engloba 1400 peças alusivas à presença portuguesa na Ásia e 650 peças pertencentes à colecção Kwok On (*). A primeira colecção inclui objectos de cerâmica, têxteis , mobiliário, laca, pintura e outras artes decorativas que evidenciam a relação entre as culturas asiáticas e europeias, sobretudo através de Portugal. A colecção Kwok On é considerada uma das mais importantes do género na Europa e ”testemunha as artes performativas de raiz popular e das grandes mitologias e religiões de toda a Ásia ( da Turquia ao Japão)”.
(*) A Colecção Kwok On tem origem numa doação feita, em 1971, a Jacques Pimpaneau pelo Sr. Kwok On, de um conjunto de marionetas cantonenses, instrumentos musicais, livros e objectos diversos. Esta doação viria a servir de ponto de partida para uma associação/museu fundada em Paris, o Museu Kwok On, criado por Jacques Pimpaneau que, desde logo, se propôs aumentar a colecção. Os objectos que reuniu são originários de um espaço geográfico que se estende da Turquia ao Japão e incluía, em 1999, ano em que a colecção foi doada à Fundação Oriente, mais de 10 000 peças.


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Voltámos!

Aqui estamos, regressados da Costa Oeste …, “cheios” de Sol, mar, iodo e … nevoeiro + ventinho do quadrante Norte!
Eu venho de “papo cheio” de ar livre ( mesmo só nas varandas), muito espaço para correr, muitas tigelas grandes de água como eu gosto, muitos sítios para dormir sem restrições, gavetas novas para despejar, pessoas para brincar comigo … estou rejuvenescido!
Quando cheguei vi um antúrio bem maior do que é costume e ouvi a minha dona comentar que a plantinha também tinha tido as suas férias de gato e parecia bem mais linda. Se não estivesse com muito sono teria lembrado que as plantinhas tinham tido era férias de “cigarrinhos” e a atenção da vizinha do 5º andar. Mas desisti e fui dormir numa daquelas nesguinhas que me deixam e julgam que eu não aproveito.

domingo, 23 de agosto de 2009

VIVA A VIDA – 17

Referimos há tempo uma boa prática levada a cabo na Estónia : num dia, em apenas 5 horas, mais de 50 mil voluntários limparam o país. Mais tarde, a Lituânia e a Letónia desenvolveram campanhas semelhantes.
Soubemos que em Portugal se quer fazer o mesmo e já está em curso o projecto “Limpar Portugal”. O dia marcado para a acção é 20 de Março de 2010.
O repto foi lançado por Nuno Mendes, membro do LandMania Clube de Portugal e todas as informações e inscrições de voluntários se podem fazer para :
http://limparportugal.ning.com/

A campanha também se inspirou na conhecida “fábula do beija-flor” :

“Certo dia houve um incêndio numa floresta onde viviam muitos animais e todos se puseram em fuga procurando salvar-se das chamas. Somente um beija-flor voava até ao lago, apanhava algumas gotas de água e deitava-as no incêndio. Um outro animal, intrigado, perguntou: - Beija-flor, achas que vais conseguir apagar o incêndio?! - Não, claro que não, respondeu, mas estou a fazer a minha parte”.
Já tínhamos aqui falado desta fábula e da extraordinária experiência da Estónia. Fica agora a boa notícia de que, entre nós, há quem tenha dado importância à fábula e aos bons exemplos de outros. Preservar a VIDA é obrigação de todos nós.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

HARRY POTTER


Foi um impulso tardio mas resolvi ler os sete livros do Harry Potter e percebi porque é uma saga para ser apreciada por gente de todas as idades. Ainda bem que só os li depois dos sete publicados – teria sido “insuportável” a espera “do próximo”. Também compreendi quem fez fila e esperou horas para comprar cada novo volume que leu até à manhã do dia seguinte!

Recomendo-os a quem não os leu, sobretudo aos pais e avós de crianças e jovens que os tenham lido. É que, se a magia é o elemento central, os valores universais da amizade, lealdade, solidariedade, tolerância e respeito pela diferença são nota dominante.
Também é bom que “as fraquezas” dos maus sejam valorizadas para que mais facilmente se reconheçam e que se mostre como pode ser grande a queda de quem ambiciona o poder a qualquer preço ou de quem se aproveita do trabalho dos outros ou “muda de casaca” conforme os ventos favoráveis … E também lá está o jornalista oportunista e sensacionalista, que inventa e deturpa, faz chantagem e compra os fracos.
E claro, no fim, os maus são castigados, os bons são premiados e casam e são felizes para sempre – como nos contos de fadas.

Mas gostar, gostei das magias fantásticas e dos instrumentos e poções que tornariam a nossa vida num mar de rosas - que pena sermos “muggles” (gente comum)!!
Vejam só como seria bom ter um “avisoscópio” que se acende e gira logo que alguém traiçoeiro se aproxima; “botões de transporte” que nos levam em segundos para qualquer lugar; um “pensatório” onde podemos depositar as nossas recordações que se observam depois como um filme, dispensando toda a maquinaria que usamos, todo o espaço físico ocupado e garantindo uma mente fresca e leve; as varinhas mágicas com feitiços capazes de fazer aparecer a louça lavada e enviar por levitação travessas e pratos para a mesa, consertar o que se quebra ou estraga, fazer camas, passar a ferro e activar os outros feitiços; o feitiço “Patronus” que cria uma força positiva sob a forma de um animal e nos defende dos “maus” e sobretudo daqueles que nos querem sugar a alma (os “dementors”); o feitiço “Lanlock” que faz colar a língua ao céu da boca e era tão bom ter à mão para castigar certas pessoas …; a poção “Veritaserum” que obriga quem a toma a dizer a verdade; a poção “Félix Felices” que garante o êxito em tudo o que se faz (mesmo que se beba água pura convicto de que se bebe a poção…) mas, tomada em demasia, provoca vertigens, imprudência e um excesso de confiança perigoso!!!

E não seria bom podermos dispor de uma “Sala das Necessidades” – um espaço que aparece e desaparece por magia, que assume a forma e se enche do conteúdo adequado ao que precisamos num determinado momento?

E há os elfos domésticos que eu hesito em valorizar mas não resisto: são pequeninos seres fiéis aos seus amos, que fazem todo o trabalho doméstico, cozinham e ainda são mágicos!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma delicia de historinha

Temos andando com uma grande preguiça, talvez por causa do calor, das férias que não temos tido oportunidade de viver, ou por algumas preocupações que não nos deixam muito motivadas para a escrita. Mas tinhamos esta historinha do Saramago guardada para um momento oportuno.
É um pouco longa, mas deliciosa.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Navegar na internet

Gosto imenso de navegar na internet para encontrar respostas a questões culturais e para encontrar imagens sugestivas que possam ser ponto de partida para inspiração criativa.
Num desses dias de navegação fui ter a um site europeu de meteorologia que apresentava algumas imagens meteorológicas captadas por satélites. Não sei bem porquê mas sou muito atraída por imagens do Cosmo ou da Terra vista no espaço.
Tinha uma ideia de imagens a preto e branco quando da apresentação meteorológica de ciclones ou depressões atmosféricas, nunca tinha visto a cores essas imagens. Resolvi copiar algumas e partilhá-las neste blog. São autênticas pinturas abstractas com riqueza de tonalidades, ritmos e movimento.
Escolhi algumas em que é possível identificar o nosso país. Acho piada aquele narizito pencudo enfiado no Oceano Atlântico.
Estas e muito mais imagens podem ser observadas no site da EUMETSAT

domingo, 16 de agosto de 2009

VIVA A VIDA 16

No passado domingo, falamos da “pedra filosofal”.
Hoje lembramos a nossa “Pedra Filosofal”, um poema de António Gedeão ( Rómulo de Carvalho), cantado por Manuel Freire. Procurámos várias versões no youtube – todas com “soluços”… É pena mas a invocação aí está.

sábado, 15 de agosto de 2009

A Escola de Atenas

Na nossa visita aos Museus do Vaticano tínhamos vários objectivos. Tudo tinha sido preparado cuidadosamente pela I., falado connosco e tudo assinalado no guia e nas folhas que nos acompanhavam. Para além dos habituais pontos de interesse, vou destacar uma obra que eu não me lembrava de ter visto em visitas anteriores e que agora, com outros conhecimentos, certamente apreciei muito. Aqui fica, para apreciarem, a “Escola de Atenas”, famosíssimo quadro do pintor Rafael.
Mas, antes, uma situação engraçada por que passámos, a caminho da Stanza della Segnatura, sala onde sabíamos que se encontrava a famosa pintura. Como tínhamos seguido um percurso diferente do habitual, na visita ao Vaticano, estávamos com alguma dificuldade em localizar a sala. Recorrendo aos meus conhecimentos de italiano lá me dirigi a uns simpáticos guardas e perguntei pela “camera de Raffaello”, ao que me responderam com um sorriso malandro que estava “chiusa”, fechada, porque o pintor estaria a dormir e teria de me contentar com o “soggiorno”, sala de estar. Aí apercebi-me do meu erro e, já rindo todos, lá me disseram que eu queria, certamente saber o caminho para a “stanza”, sala de Raffaello. Mamma mia…logo me lembrei da minha professoressa que me corrigiu tantas vezes esse erro.
O trabalho de Rafael tinha chamado a atenção do Papa Júlio II que, em 1508, o chamou a Roma e o encarregou da pintura de frescos em quatro pequenas salas do Palácio do Vaticano: Na "Stanza della Segnatura" (Sala da Assinatura), sala utilizada como biblioteca e onde Júlio II assinava os decretos da corte eclesiástica, foram pintados frescos que representavam as quatro disciplinas fundamentais da cultura, isto é, a Teologia, a Filosofia, a Poesia e a Jurisprudência. Um dos episódios retratados nesta sala, que representa a ciência secular da Filosofia, e que foi alvo da nossa atenção, é a célebre “Escola de Atenas”, homenagem à academia que Platão fundou, no ano de 370 a.C. e que foi um dos mais importantes centros de pesquisa e ensino da Matemática e Filosofia da Antiguidade Clássica. Terá funcionado durante cerca de 900 anos, até ao seu definitivo encerramento pelos cristãos.
O fresco “Escola de Atenas” é uma alegoria que representa a continuidade histórica do pensamento da Academia de Platão, através de várias personalidades do mundo matemático e filosófico grego.
Diante do quadro e desperta como ando para as questões relacionadas com a pintura, a perspectiva, a incidência da luz, as cores e as tonalidades, fiquei encantada com o que via. E, na verdade, a perspectiva é extraordinária, a profundidade do quadro é notória e o efeito da ilusão das figuras a duas ou três dimensões, espantosa! Existe uma combinação surpreendente da pintura com a escultura e mesmo a arquitectura. Maravilhoso! E o equilíbrio é tal que o ponto da perspectiva encontramo-lo entre as figuras de Platão e Aristóteles, ao centro. Rafael representou, aqui, os maiores pensadores, especialmente os da Grécia antiga. Platão foi pintado com o rosto de Leonardo da Vinci, Euclides parece Bramante e Heraclito tem o aspecto de Miguel Ângelo, talvez uma forma de homenagear grandes vultos contemporâneos.
Neste quadro, Rafael deu grande ênfase à Matemática, em particular, e colocou Pitágoras à esquerda, representando a teoria da harmonia e Euclides à direita, representando a perfeição lógica da geometria.
A pintura é também dedicada às artes liberais, simbolizadas pelas estátuas de Apollo e Minerva. Gramáticos, Matemáticos e Músicos são personificados por figuras localizadas nos patamares, à esquerda. Gemétricos e Astrónomos estão à direita. Bramante é mostrado como Euclides (com uma prancheta, à esquerda, fazendo cálculos com um compasso). Michelangelo está sentado num degrau, lendo sobre um bloco de mármore e é representado como Heráclito. Uma visão mais atenta do fresco mostra que Heráclito foi o último a ser pintado. A alusão a Michelangelo é provavelmente um gesto de homenagem ao artista, que tinha recentemente concluído os frescos da Capela Sistina. Rafael — na extrema direita, com uma boina preta – e o seu amigo, Sodoma, estão também presentes (eles representam a glorificação das artes).O fresco teve um sucesso imediato e a sua beleza e unidade temática foram aplaudidas universalmente.
Gostámos tanto que ali ficámos observando cada pormenor com toda a atenção durante muito tempo. Há, realmente obras de arte eternas que apetece saborear sem pressas, reter nas nossas mentes e divulgar para que os outros partilhem das mesmas emoções.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Alô! Alô!


Ando um pouco deprimido, por isso não tenho escrito.
Consola-me meditar no bidé enquanto aguardo a queda de uma gotinha de água a espaços regulares, dormir muito durante o dia, “caçar” muito de noite e “apoderar-me” dos objectos destes “muggles” ( como diria Harry Potter).
E já tenho um ano e meio!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

ROMA – as Praças

Reservámos uma tarde, que se prolongou pela noite, para visitarmos algumas das praças mais afamadas de Roma e aí podermos tomar o pulso às gentes, ao ambiente, ao rebuliço da cidade, às múltiplas intervenções artísticas, o que deu direito também a um saboroso jantar típico italiano, numa ruela vizinha da Praça Navona.Um dos símbolos de Roma é, sem dúvida, a setecentista Fontana di Trevi, feliz encontro dos estilos clássico e barroco, da autoria de Nicolò Salvi, exuberante no restauro recente, local de excelência aonde afluem diariamente inúmeros turistas que, para seguirem a tradição, lançam uma moeda à água, de costas, fazendo um pedido e acreditando que, assim, fica assegurada uma nova visita à cidade eterna. Apesar de ter visto e revisto tanta coisa, na cidade, lancei a minha moeda com a mesma convicção que usei da última vez…veremos.A escadaria da Trinità dei Monti, a fonte da Barcaça e os palácios seiscentistas e setecentistas que a ladeiam fazem da Praça de Espanha uma das mais alegres e monumentais de Roma. Desta vez, porque não era altura de qualquer feira nem de acontecimentos especiais, a escadaria estava despida de flores e, por isso, desiludiu-nos um pouco…faltava-lhe vida e cor mas o movimento, o barulho e os falares de todas as línguas que a cruzavam deram-nos a nítida sensação de estarmos num centro muito cosmopolita.
A Praça Navona, rectangular e muito harmoniosa, tem uma traça especial, fruto do complexo barroco construído sobre o estádio de Domiciano. O ambiente boémio actual, com pintores e caricaturistas ambulantes, souvenirs e flores é, por certo, o regresso das antigas funções que a praça tinha no tempo desse Imperador que a transformou em cenário de recitais de poesia e actividades desportivas. É também conhecida pela praça dos três chafarizes, destacando-se a Fonte dos Rios, da autoria de Bernini, representando quatro rios, símbolos de quatro continentes: o Danúbio, pela Europa; o Nilo, pela África; o Ganges, pela Ásia e o rio da Prata, pela América.
A Praça do Quirinal, situado numa das colinas de Roma, albergou noutros tempos a residência de Verão dos papas mas hoje é a residência oficial do Presidente da República. O acaso fez que passássemos pela praça a poucos minutos do render da guarda do Palácio. Fora os hinos muito bem entoados e o ar garboso de alguns dos militares, a cerimónia nada tem de especial e lembrámos a nossa cavalaria, sempre imponente, que, em Belém faz as delícias de quem assiste.
A Praça do Capitólio é majestosa, muito elegante e equilibrada, devendo a sua traça actual a Miguel Ângelo, no século XVI, o que prova também a sua genialidade enquanto arquitecto. Actualmente, possui esculturas imponentes, estátuas e três palácios de muito interesse. Escolhemos um deles, o Palácio dos Conservadores e Senadores para uma visita completa e não nos arrependemos. Por fim, uma referência a uma das mais belas e elegantes praças do mundo, sem dúvida, a Praça de S. Pedro que visitámos noutro dia mas que fica aqui mencionada. Tem 196 metros de diâmetro máximo e constitui a imponente porta de acesso à basílica do mesmo nome, o maior templo cristão e também sede das audiências papais. A colunata que envolve a praça e a basílica é da autoria de Bernini, encimada por uma série de estátuas de santos e altas figuras da igreja católica.
Existem, em Roma, muitas e muitas outras praças por onde passámos, todas cheias de exemplos arquitectónicos importantíssimos, todas repletas de história e de memórias de diferentes épocas da vida da cidade. Impossível fotografar e falar sobre todas elas mas são, certamente, dos locais mais aprazíveis de Roma, sempre uma fonte por perto a apaziguar o calor e a sede e dos espaços mais procurados pelos turistas e por todos quantos querem conhecer melhor a cidade eterna

domingo, 9 de agosto de 2009

VIVA A VIDA - 15

O desejo de prolongar o tempo de vida, de encontrar o “elixir da longa vida” ou até a “pedra filosofal” da vida eterna, tem feito sonhar, investigar, cometer loucuras.
E afinal o segredo parece estar ao nosso alcance : no solo da Ilha de Páscoa ( Chile), foi encontrada uma substãncia, a “rapamicina”, responsável pelo prolongamento da vida.
Esta notícia e os estudos que se desenvolveram foram publicados na revista “Nature”, em Julho. A rapamicina é uma molécula derivada de uma bactéria descoberta em 1970 e usada, desde então, em transplantes, uma vez que evita a rejeição de órgãos. Mas agora um grupo de investigadores americanos reformulou o medicamento para que pudesse ser metabolizado por ratinhos de laboratório com 20 meses - qualquer coisa como 60 anos em seres humanos. O resultado? Um aumento de 28% da esperança de vida dos ratinhos . Nas fêmeas, os resultados foram ainda mais impressionantes, com um aumento de 38%.Dizem os autores do estudo que foi a primeira vez que se conseguiu reduzir o envelhecimento em mamíferos. "Estamos convencidos de que se trata da primeira prova convincente de que o processo de envelhecimento pode ser retardado e a esperança de vida estendida, através de um tratamento com fármacos, mesmo começando numa idade avançada", adianta Randy Strong, um dos investigadores envolvidos na descoberta, do Instituto Barshop para Longevidade e Estudos do Envelhecimento do Texas.Para além da esperança que esta notícia nos dá, será que também pode explicar as capacidades de quem deslocou, esculpiu e erigiu as extraordinárias estátuas da Ilha de Páscoa? ( os Moai foram construídos por volta de 1300 d.C pelo povo Rapanui, algumas estátuas têm 12m de altura e pesam cerca de 20 toneladas ; na ilha há 887 estátuas)

sábado, 8 de agosto de 2009

adeus Raul Solnado

"Façam o favor de ser felizes!".

Obrigada amigo pelas horas de boa disposição ao longo da minha vida, pelo teu conselho.
Até sempre!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

“Le duo des chats”

Recebi de uma amiga esta interpretação de “Dueto de gatos”, peça do compositor italiano Gioachinno Rossini ( adaptação para a voz de crianças).
Reenviei a todos os amigos, os que gostam e os que não sabem se gostam de gatos. Deixo-a aqui “ para quem a apanhar” .

O Amon ouviu e gostou. Eu gostei muito.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

LUA CHEIA DE AGOSTO

É hoje, a Lua Cheia do “Festival das Colheitas” , da “Festa do Pão” e da “Fertilidade”.
Vamos honrá-la, pedir “abundância e prosperidade”.

( Lembrei-me da “Casa de Chá do Luar de Agosto” que vi em filme, com o Marlon Brando no seu melhor … uma historinha americana do pós-guerra, uma tentativa de ocidentalização de japoneses que acaba com a aculturação dos americanos. Às vezes, o feitiço vira-se contra o feiticeiro … não podia ser sempre assim? )

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Externato Educação Popular –carta aberta a uma professora

Ana, finalmente chegaram as férias e em boa hora porque achamos que não ias aguentar mais todo o sofrimento que nestes sete meses de “cativeiro” te foi infligido.
Não temos palavras para classificar a tua coragem. Foste humilhada quanto baste, abandonada horas e horas numa sala de 2.70x 2m com uma tarefa inglória porque depois de entregue irá provavelmente para o caixote do lixo.
E no final destes 7 meses querem novamente despedir-te, desta vez porque acham que 15 anos de ensino é nada, que as tuas habilitações não servem e como contra proposta oferecem-te a vaga de “trabalhador auxiliar de serviços gerais” que segundo a referência do Diário da Republica tem as seguintes tarefas “ procede à limpeza e à arrumação das instalações; assegura o transporte de alimentos e outros artigos; serve refeições em refeitórios; desempenha funções de estafeta …” nem tenho coragem de escrever o resto… Não por desprestigiar tal profissão, mas pela tentativa de humilhação feita a uma professora que tem sido vítima constante de uma Direcção bastante esquisita, que tem prazer em magoar e ofender . E sobretudo, insiste em fazer o que lhe apetece, atropelando leis e direitos, sem qualquer preocupação em conhecer os seus limites. É que tu tens direito a continuar docente daquele Colégio.

Também te quero contar outro episódio triste, o do dia 30, quando 4 dos teus ex-colegas foram demitidos de sócios da Associação Educação Popular por terem relatado a tua história neste blogue e feito comentários na notícia do Expresso on-line. Sim porque, todas as intervenções que internamente foram tendo, no sentido de pedir esclarecimentos sobre gestão financeira e pedagógica, se desvalorizam. Importante foi “ a divulgação” ! …
Pois é Ana, vivemos numa sociedade cheia de episódios estranhos em que se jogam interesses individuais e se esquece o colectivo. Os mesmos que se têm comportado contigo ( e com outros professores) de forma tão injusta e desrespeitadora das leis gerais a que todos estão obrigados, ainda não estavam satisfeitos, ainda era preciso castigar quem escreve sobre os seus procedimentos incorrectos , quem faz perguntas e quer respostas, quem põe em duvida a sua “honorabilidade”, como eles dizem. E foi assim que propuseram à Assembleia da Educação Popular, a nossa demissão.
Neste entretanto foram entrando novos associados, alguns não nos conhecem, de outros até fomos, em tempos, portadores de queixas e dúvidas …
Reunida a Assembleia, no dia 30, foi apresentada a proposta de demissão dos 4 sócios, sem que fosse dada resposta às questões gravosas de que fôramos acusados , sem apresentar factos que sustentassem as frases escritas na “nota de culpa”, sem permitir que cada um de nós tivesse direito a defesa perante os sócios que iriam votar. Limpinho!... Até o António foi demitido, ele que tanto deu de si a esta Associação, ele que ajudou a implementar o 2º e 3º ciclo no Externato, que foi o “braço direito” da direcção de então. Tudo isto com o maior despudor, na presença da fundadora do Externato, senhora desgastada de tristeza , por verificar como todo o seu sacrifício e dedicação é esquecido e como são tratadas as pessoas que a ajudaram e que lutaram por um Projecto Educativo digno e uma Administração transparente.
E facto lamentável: pessoas que nós ouvimos criticar tão severamente várias Direcções Executivas sempre com o mesmo Presidente, que nos “encheram os ouvidos” e nos pediram para apresentar na Assembleia os seus problemas, estão agora na posição privilegiada de pessoas de máxima confiança, votando a exclusão de sócios que incomodam porque muitas das questões que colocavam antes permanecem relativamente a outros professores. A Direcção da Congregação Amor de Deus ouve, vê e cala. Salvam-se algumas irmãs que sem poderem fazer nada lamentam concerteza o desfecho desta longa luta pela justiça.
É de arrepiar, mas é verdade.

Deixamos hoje esta carta porque é um momento de pausa.
Não vamos calar, não vamos deixar de estar atentos a atitudes de prepotência, irresponsabilidade e falta de transparência.
Já não somos sócios mas aquela Instituição é uma IPSS – todos contribuímos, temos obrigações. E lá há muitos funcionários e professores que merecem que a nossa voz não se cale.

Desejamos-te umas boas férias – BEM AS MERECESTE!

domingo, 2 de agosto de 2009

VIVA A VIDA 14

Há notícias que podem animar um domingo, mesmo este, o primeiro de Agosto em que meio mundo está de férias - e nós também!
Aí vão, sobre animais que, nos tempos que correm, parecem ser bom motivo da nossa atenção.

Espanha cedeu a Portugal 20 exemplares de lince ibérico que serão encaminhados para o Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico, em Silves. O protocolo foi assinado no antigo Antigo Quartel de Penamacor entre os ministros do ambiente de Portugal e Espanha.
A transferência dos 20 exemplares será escalonada, durante três anos, e visa reforçar o programa de reintrodução do lince na será da Malcata, antigo habitat natural do felino. O centro de Silves tem capacidade para receber 16 animais e integra a rede ibérica de reprodução de lince em cativeiro.

Uma equipa de investigadores brasileiros e canadianos descobriu que o tucano utiliza o seu longo bico como um radiador para regular a temperatura do corpo.
"O bico dos tucanos possui uma ampla área superficial, não tem isolamento térmico e é vascularizado, ou seja atende a todos os requisitos esperados de uma janela térmica", disse um dos autores do estudo, Denis Andrade, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), de São Paulo (Brasil).
Este aspecto funcional tinha passado completamente despercebido aos cientistas, que até agora centravam a sua atenção noutras funções, como o facto de o tucano intimidar outros animais, atrair companheiros, apanhar frutos em locais de difícil acesso ou predar ninhos. Em 2007 o Bisbis foi reconhecido como espécie endémica da Madeira – uma ave que não existe em mais nenhum sítio do Mundo. Dois anos mais tarde, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Birdlife International procuraram conhecer pela primeira vez quantos pássaros desta espécie existem, quais os habitats que prefere e qual o estatuto de conservação que lhe deve ser atribuído. Estima-se a existência de 300 mil aves, que se distribuem sobretudo consoante a altitude.