Mas, antes, uma situação engraçada por que passámos, a caminho da Stanza della Segnatura, sala onde sabíamos que se encontrava a famosa pintura. Como tínhamos seguido um percurso diferente do habitual, na visita ao Vaticano, estávamos com alguma dificuldade em localizar a sala. Recorrendo aos meus conhecimentos de italiano lá me dirigi a uns simpáticos guardas e perguntei pela “camera de Raffaello”, ao que me responderam com um sorriso malandro que estava “chiusa”, fechada, porque o pintor estaria a dormir e teria de me contentar com o “soggiorno”, sala de estar. Aí apercebi-me do meu erro e, já rindo todos, lá me disseram que eu queria, certamente saber o caminho para a “stanza”, sala de Raffaello. Mamma mia…logo me lembrei da minha professoressa que me corrigiu tantas vezes esse erro.
O trabalho de Rafael tinha chamado a atenção do Papa Júlio II que, em 1508, o chamou a Roma e o encarregou da pintura de frescos em quatro pequenas salas do Palácio do Vaticano: Na "Stanza della Segnatura" (Sala da Assinatura), sala utilizada como biblioteca e onde Júlio II assinava os decretos da corte eclesiástica, foram pintados frescos que representavam as quatro disciplinas fundamentais da cultura, isto é, a Teologia, a Filosofia, a Poesia e a Jurisprudência. Um dos episódios retratados nesta sala, que representa a ciência secular da Filosofia, e que foi alvo da nossa atenção, é a célebre “Escola de Atenas”, homenagem à academia que Platão fundou, no ano de 370 a.C. e que foi um dos mais importantes centros de pesquisa e ensino da Matemática e Filosofia da Antiguidade Clássica. Terá funcionado durante cerca de 900 anos, até ao seu definitivo encerramento pelos cristãos.
O fresco “Escola de Atenas” é uma alegoria que representa a continuidade histórica do pensamento da Academia de Platão, através de várias personalidades do mundo matemático e filosófico grego.
Neste quadro, Rafael deu grande ênfase à Matemática, em particular, e colocou Pitágoras à esquerda, representando a teoria da harmonia e Euclides à direita, representando a perfeição lógica da geometria.
Gostámos tanto que ali ficámos observando cada pormenor com toda a atenção durante muito tempo. Há, realmente obras de arte eternas que apetece saborear sem pressas, reter nas nossas mentes e divulgar para que os outros partilhem das mesmas emoções.
1 comentário:
Aí está a diferença entre olhar e VER! Ajudada, até vi melhor ...
Obrigada.
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