quinta-feira, 30 de setembro de 2010

É Outono!




No domingo, o solzinho de Outono estava uma delícia!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Veneza Turística

Como todos os visitantes de Veneza, também eu me deixei, de novo, encantar com os aspectos que, habitualmente, nos são apresentados como os ícones da cidade.
A elegante e perfeita praça de S. Marcos que pude ver - misteriosa, por trás de um véu de neblina, fulgurante, sob um sol forte e quente, triste e nostálgica, no dia do violento temporal que abateu sobre a cidade, luminosa e soberba, à noite, barulhenta, quando apinhada de turistas, solitária e muito bela quando, de manhãzinha, a avistava do vaporetto.
Incontornável é não se estabelecer um paralelo entre o nosso Terreiro do Paço e a Praça de S. Marcos. Não temos a monumentalidade dos edifícios, não temos o Palácio dos Doges, não temos o fervilhar da vida económica nem a Basílica San Marco… Mas temos o rio Tejo e o abraço da praça ao rio, único e natural. E não conseguimos, até agora, dar o brilho e a vivência àquela nossa praça tão bonita! Comparo e…espero poder ainda ver a nossa gente e a nossa cidade viver o nosso rio. Cidade com rio é outra coisa! E não podemos continuar de costas voltadas para o Tejo.

Depois, outro símbolo da cidade de Veneza – as gôndolas, lindas embarcações, que cruzam incessantemente as águas da laguna e os canais mais estreitos, revelando aos turistas os segredos desta cidade lacustre. Curiosidade, encontrei uma gondoleira, num universo até há pouco, só masculino. Habitualmente, o gondoleiro usa calça preta, camisola às riscas, preta e branca ou vermelha e branca, chapelinho de palha com fita negra. De pé, maneja artisticamente o remo, entoando canções típicas italianas, desafiando os colegas que passam, divertindo quem cruza com eles e regista a cena numa foto para mais tarde recordar.

E as pontes, inúmeras, de todos os feitios e construídas com recurso a tantos materiais – pedra, madeira, ferro, aço, metais diversos. Sempre com escadas, obrigando o visitante a parar, a observar o correr das águas e os diferentes tipos de embarcações que as sulcam.

Foi assim, nessas paragens obrigatórias, que fui descobrindo os diferentes vaporetos, as barcaças de transporte de mercadorias, as da recolha do lixo, os táxis, as lanchas funerárias, as dos casamentos, as ambulâncias, as da emergência médica, as da vigília dos fogos, um dos flagelos mais temidos por toda a população. Esse receio fez de cada veneziano uma sentinela sempre alerta, sempre pronta a intervir, evitando um incêndio. Soube mesmo que o uso de fornos e aquecimentos a lenha está proibido na cidade e sujeitos a pesadas multas os prevaricadores. Vi lanchas particulares, grandes iates, transatlânticos e grandes navios de cruzeiro que abrandam o andamento frente a S. Marcos para darem oportunidade a que, de terra e do mar, se tirem fotos. É uma festa de flashes e palmas que são, sem dúvida, uma ameaça muito poluente para o ambiente natural da laguna.

Para além das fotos deixo o pequeno filme que encontrei no Youtube e que ilustra o tal percurso que todo o turista faz em Veneza. Depois, o que cada um descobre, o que cada um grava, o que cada um sente, depende também do que cada um busca numa cidade tão especial como Veneza!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Veneza 4

Estive em Veneza numa das melhores épocas do ano. Uma sorte. Explico porquê.
- Estive duas semanas num curso de língua, no Instituto Venezia, integrada num grupo de pessoas de três faixas etárias, de múltiplas nacionalidades, convivendo todas como se tivessem a mesma idade. As motivações, essas, variavam um tanto mas o denominador comum era o mesmo – a paixão pela língua e cultura italianas. Os mais novos, precisam de dominar a língua para fazerem, em Veneza, estudos de arte e música; os da camada 30/40, por necessidades profissionais e os mais velhos realizam sonhos antigos, conhecendo e aprofundando a língua italiana. Fica a imagem do grupo bem-disposto e simpático da minha segunda semana de curso.

Apanhei a Bienal de Veneza, este ano dedicada à Arquitectura e cujas actividades se desenrolavam na zona do Arsenale e Giardini, bem vizinhas de Sant´Elena, onde me encontrava. Devido a um problema físico não pude ver tudo mas pude aperceber-me do valor e originalidade das participações internacionais, através de várias reportagens que passavam diariamente na TV.

Decorreu, enquanto estive em Veneza, a 67ª Mostra Internacional de Cinema. Os filmes eram apresentados no Lido e em duas salas de cinema em Veneza, sendo uma delas ao ar livre. Pude ver dois filmes, um japonês e um canadiano, legendados em italiano, salas enormes e cheias, rebuliço de paparazzi e imprensa agitadíssima atrás de actores, actrizes e realizadores. Filmes com direito a aplausos no final e a muita discussão nos jornais do dia seguinte. Pude festejar a vitória “da Coppola”, como lhe chamam os italianos com bastante simpatia.

Assisti à Regata Histórica e à corrida de barcos a remo, representando clubes de várias cidades da Laguna veneziana, num domingo de muito sol. Equipas masculinas e femininas, trajando t-shits coloridas a condizer com as cores dos barcos, num entusiasmo e rivalidade ferozes, sempre apoiados pelas diferentes claques.

No 1º domingo de Setembro, como todos os anos, logo pela manhã é suspenso o movimento dos vaporettos em grande parte da Laguna. Estranhei, mas logo soube o motivo - era o dia da manifestação da Liga do Norte. E vi, para meu espanto, chegarem famílias inteiras, barcos cheios de pessoas, de todas as camadas sociais e idades, usando o verde alface como cor emblemática, uma bandeira diferente da nacional e entoando o coro dos escravos da ópera Nabucodonosor. Aguerridas foram as palavras de ordem dos manifestantes, altamente separatistas as palavras do discurso do dirigente do movimento. Impressionou-me muito sentir tanta animosidade entre norte e sul, num país que eu pensava mais unido. Mas tive de esmiuçar e de registar em imagem. Curioso foi descobrir que aqueles que não defendem a separação se apressaram a exibir nas suas janelas a linda bandeira nacional.

Ainda apanhei um dia de temporal, forte chuvada e impressionante trovoada, no vaporetto, em pleno canal grande – imagem lindíssima que só registei na memória, infelizmente deixara a minha máquina a carregar em casa. Mas deu para imaginar o que são os dias rigorosos de inverno naquelas águas. E, subitamente, num sábado de sol, ao chegar à Piazza S. Marco deparei com uma pequena amostra do fenómeno acqua alta com princípio de inundação, logo aproveitada pelos turistas para as habituais brincadeiras.
Com tudo isto, construi a minha Veneza!
Mas também tenho, para vos mostrar, a Veneza mais turística, aquela que aparece em belíssimos postais e vive no nosso imaginário. Essas imagens ficam para amanhã!

domingo, 26 de setembro de 2010

Histórias Boas do Mundo 36

Duas “histórias Boas” de Portugal ( para variar…) :

- A Engenharia Química da Universidade do Porto está em vigésima posição entre as 100 melhores universidades europeias - é o que diz o ranking de Taiwan que mede a performance das universidades a nível europeu e mundial no que se refere à investigação científica. A nível mundial ocupa o 85º lugar em 500 universidades. Ainda nesta mesma área da ciência, a Universidade Técnica de Lisboa surge em 42º lugar nas universidades europeias. NADA MAU.

- O Centro de Investigação da Fundação Champalimaud, em Portugal, está a ser notícia nos jornais internacionais. O New York Times dedicou-lhe uma página, referindo-se especialmente ao novo laboratório (a inaugurar no próximo dia 5 de Outubro) e salienta-o como “pioneiro” na conjugação da investigação científica e prática clínica.
O espaço será dotado nas áreas do Cancro e das Neurociências e conjugará a investigação científica e a prática clínica para avançar no diagnóstico e tratamento de doenças do foro oncológico e outras como Alzheimer ou Parkinson. Os futuros médicos contratados terão de passar 50 por cento do tempo a ver pacientes e a outra metade a fazer investigação.
Vale a pena ver o vídeo de promoção.

sábado, 25 de setembro de 2010

Veneza 3

Murano, Burano e Troncello

No primeiro domingo passado em Veneza, dia de sol e céu muito azul, não podia recusar o convite para visitar Murano Burano e Troncello.
De Sant´Elena, de vaporetto, o acesso a diversos pontos na Laguna Setentrional é muito fácil.

Murano – sempre muito próspera, desde 1291, foi escolhida para a fabricação do vidro porque, em relação a Veneza, segundo dizem, recebia o vento tramontano, facilitando a dispersão dos fumos no ar, protegendo da poluição o ar da cidade. Ainda hoje, Murano é sinónimo da indústria do vidro e quem chega a esta ilha, encontra muitas lojas espalhadas ao longo dos canais, onde estão expostas belíssimas peças em vidro colorido, para decoração ou bijutaria, e pode visitar o Museu do Vidro.

Burano – ao sair do vaporetto, temos a sensação de ter desembarcado num mundo de bonecas, com pequenas casas coloridas, cores muito vivas e contrastantes, canais estreitos, muitos barcos igualmente coloridos e um permanente ambiente de festa.
Segundo a tradição popular, Burano, que alberga uma população maioritariamente piscatória, usa desde sempre estas casas coloridas que ajudavam os pescadores, nos dias de neblina, quando voltavam a casa depois da faina, a encontrar mais depressa o caminho para os seus lares.
Outros dizem que as cores alegres são uma forma de reacção ao clima húmido, com frequentes neblinas, dando à ilha um aspecto mais alegre e festivo. Hoje, Burano é igualmente famosa pelas suas rendas. Segundo uma lenda, um marinheiro terá conseguido resistir ao chamamento das sereias e recebeu como recompensa uma espuma mágica que, mais tarde se transformou num véu de renda para a sua noiva.

Troncello – aqui encontra-se a Basílica Troncello, dedicada a Santa Maria Assunta, uma curiosa catedral fundada em 639, remodelada em 1008 e que mantém a sua estrutura românica, com paredes de tijolo e um pórtico com arcadas do séc. IX. Mas o elemento mais curioso desta basílica é o pavimento de pedra e vidro do séc. XI, mantendo as fortes cores e os desenhos geométricos bem nítidos, aspecto que, inadvertidamente fotografei através de uma janela entreaberta e, só depois descobrir ser interdito fazê-lo.
Foi um belíssimo passeio inesquecível, completado com um saboroso almoço típico da região – fritada de peixes mistos, arroz negro e os famosos biscoitos que lembram na forma os nossos S, embebidos em licor quente e um excelente e forte café italiano. Nada mau!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Só para dar notícias


Ando “sem história” e sem fotos novas … a minha dona tem andado muito distraída! Mas hoje, quando fomos ao passeio da manhã, lá tirou o telemóvel para me documentar . Acho que me viu com um ar melancólico olhando o mundo para além dos vidros e … saímos! Aquele medo antigo parece ter-me passado e corri feliz para o muro dos meus sonhos. Foi pouco tempo mas valeu.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As Janelas de Veneza


Sempre me atraíram imenso as janelas. Pela forma arquitectónica, pelas portadas, pela ausência de decoração ou, pelo contrário, pelo excesso de elementos decorativos, vasos, flores, cortinas. Sempre me encantaram pelos mistérios que guardam, pelo que mostram e escondem, pelos sons que deixam escapar, pelas músicas, pelos silêncios. São verdadeiros olhos da alma humana de quem as habita.
Em Veneza, a proximidade da água e a humidade do ar emprestam cores e sombras únicas aos edifícios. Nos múltiplos palacetes, os vidros das janelas reflectem as transparências e movimentos das águas, a luminosidade do sol e espelham diferentes tons, desde o azul, passando pelo verde, o castanho barrento ou o cinzento chumbo. De cada vez que se passa, no vaporetto e se observam os edifícios e as janelas, se descobrem jogos diferentes de luz e sombra.
Já tinha experimentado esta sensação mas, desta vez, foi mais forte. Fiz várias vezes, a diferentes horas do dia, o mesmo percurso e pude constatar essa diversidade. Olhando as janelas de Veneza descobrem-se as colunas da arquitectura grega, as janelas das catedrais góticas francesas, esguias e com vitrais, as de influência árabe, as sacadas floridas que recordam as janelas da Andaluzia, um nunca acabar de estilos que se equilibram numa beleza rara e romântica.

Olhando as janelas de Veneza somos levados a viajar no tempo e imaginar os mercadores que a esta cidade/porto chegavam carregados de mercadorias, que trocavam por tantos outros produtos antes de rumarem às suas terras de origem. Veneza, as suas águas e todo um quotidiano, que se desenvolve nos canais e na laguna, tornam bem presente esse passado marítimo que lemos em tantos relatos de viagens.
Depois, já mais para o interior, quando penetramos e nos perdemos pelo labirinto de ruas e ruelas, já encontramos janelas mais pequenas, mais simples e modestas mas sempre muito importantes no conjunto das casas. Abundam varandas, as floreiras, cheias de gerânios, malvas e sardinheiras. Vêem-se muitas roupas lavadas a secar em estendais que vão de um prédio ao outro e em que quase sempre encontrei uma harmonia de cor espantosa, como se tudo fosse escolhido para ser belo.
Contrastando com este bom gosto, aparecem as marcas do tempo na corrosão das paredes exteriores, algumas mesmo muito degradadas. Só muito pontualmente encontrei obras de recuperação e restauro. Fiquei com a sensação de que essas marcas de tempo e história já fazem parte integrante da beleza da cidade. Mas interrogo-me se, mais tarde ou mais cedo, a cidade não irá ressentir-se desse aparente abandono? Não encontrei resposta para esta minha inquietação e todos os que me viam fotografar esses aspectos me questionavam sobre a razão das minhas escolhas. Como se apenas os canais e as gôndolas fossem dignos do nosso interesse.
Por ser uma cidade sem carros, existe menos ruído e menos poluição. Tem um pavimento excelente, sem passeios. Pode-se percorrer a cidade a pé, com bastante segurança e olhar para um lado e outro, apreciando os magníficos edifícios e admirando esse reflexo único das águas nas janelas de Veneza.


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

VENEZA 1

Como prometi aqui estou a dar-vos conta, sobretudo com imagens, da minha estadia em Veneza.
Decidi iniciar com algumas fotos em que tentei captar o belo “tramonto” – pôr-de-sol a que quase diariamente assistia junto à laguna, em Sant´Elena, quando saía para um reconfortante passeio, ao final do dia.
Aí bebia-se toda a tranquilidade daquela zona limite de Veneza que nem todos conhecem mas onde tive o privilégio de passar muito tempo. Um longo parque, muita relva, belíssimas e frondosas árvores, parques infantis, espaços para jogos diversos, duas agradáveis esplanadas, tudo ao longo de um calçado onde se passeia, se faz jogging, se dá liberdade aos cães que por ali passam em grande número, mas tudo num ambiente calmíssimo, sem barulho, sem pressas, sem confusão. Vêem-se os vaporetos, e todos os outros tipos de barcos que levam e trazem, num movimento incessante os passageiros que utilizam diariamente o único meio de transporte de que dispõem.
Deslumbrou-me esta Veneza. Uma Veneza diferente daquela que os turistas e os postais, belamente ilustrados, divulgam repetidamente. Uma zona da cidade recatada, familiar, verde e azul, com um casario bonito e imponente, uma musica que ora se fica a dever aos pássaros, ora ao embalar das águas ou ainda às risadas das crianças e jovens.
Uma Veneza que recomendo a todos os que pensem, mais cedo ou mais tarde, visitar esta cidade.