quarta-feira, 17 de março de 2010

Joana Vasconcelos no CCB

Da artista conhecia pouco e por ela interessava-me pouco.
Mudei de opinião depois da exposição “Sem Rede”, promovida pelo Museu Colecção Berardo ( no CCB) .

“ Sem Rede” é a sua primeira exposição antológica . Reunindo cerca de trinta e cinco obras elaboradas nos últimos quinze anos, este projecto traça uma panorâmica do seu trabalho e constitui uma oportunidade única para o conhecer, o redescobrir “ .
“ Vasconcelos interpreta o mundo actual através de uma singular leitura das mentalidades, mitologias e iconografias da sociedade de consumo … “
“ As suas obras combinam movimentos culturais, objectos quotidianos com valor sígnico ( espanadores, comprimidos, tampões higiénicos, utensílios domésticos, talheres de plástico, panelas e tampas) e materiais e técnicas populares ( azulejaria, faianças Bordalo Pinheiro, tricô e croché)” …

À entrada um grande candeeiro-globo revestido de balas, uma escultura monumental e tentacular de tecidos e rendas pretas, seguido de “torniquetes” de entrada revestidos de meias coloridas que se agitam enquanto rodam e logo a seguir um lustre monumental ( a “Noiva”), lindo ao longe mas … construído com tampões higiénicos.

Seguem-se obras monumentais de pedaços de tecido, tricô, croché, com aplicações várias de pendentes de plástico e vidro, botões, … pequenos e grandes monstros tentaculares – devia ter procurado o nome dos trabalhos como em qualquer outra exposição mas esqueci …
E seguem-se obras construídas com os mais diversos materiais do quotidiano :
Um sofá(?) de faróis de automóvel, uma escultura com ténis, um quadro coberto de embalagens transparentes, um painel de gravatas ao vento, o famoso sapato de tampas e panelas ( a “Cinderela”), os corações de talheres de plástico …

E também o “sofá aspirina” e a “cama valium” , o carrocel, a “Burka” ( obra dinâmica simbolizando a intolerância religiosa) . Sai-se da exposição por um labirinto grande e escuro, iluminado pela luz de flores rasteiras de vidro colorido – o “Jardim do Éden”, uma obra de 2010 .

Se gostei? Fui surpreendida pela criatividade, imaginação, desfuncionalização dos objectos do quotidiano, pela monumentalidade, harmonia de cada uma das obras.
Quase diria que gostei mas … se pudesse ver tudo ao longe e não me detivesse nos materiais utilizados … É preconceito com certeza. Hei-de pensar nisso.

Nota: a exposição pode ser vista até 18 de Maio.

3 comentários:

Mar Lis Goiaba disse...

Vi-me grega para publicar, mas com paciência lá consegui.A reportagem está optima!Grande reportagem com fotos de telemóvel!!!!!!! VALEU! LIS

ZIA disse...

BOA! Estupenda a reportagem fotográfica da Goiaba e parabéns à Lis pela paciência, eficiência e tudo o mais!!
Eu, desde que tive contacto com os trabalhos da Joana Vasconcelos, tornei-me sua admiradora. Pela criatividade, pelo toque de loucura, pela mistura de técnicas e de efeitos e, claro pelo uso e abuso da cor!!
bjs
ZIA

peonia disse...

Parabésn pelo bom trabalho de uma exposição que apetece visitar. Reportagem completa com fotos e comentários que agradaria à Joana Vasconcelos!!