quarta-feira, 31 de agosto de 2011

À hora do estorninho …



É título meio plagiado do livro da nossa amiga madeirense “ À Hora do Tordo” ( Irene Lucília).
Mas foi o que primeiro ocorreu para falar daquele momento do fim da tarde, já com sol posto mas ainda com céu iluminado em que os estorninhos em bandos por vezes muito densos, vêm não sei de onde e se acolhem nas árvores frente à minha varanda. Chegam e procuram o lugar seguro de pernoitar, inquietam-se e achando que ainda é cedo, voltam a sair em bando para sul quase sempre, mas se calha para qualquer das outras direcções. De seguida voltam e saem e voltam até que ficam. É hora de dormir e para mim de jantar.

E é assim todos os fins de tarde, à espera que os estorninhos cheguem e aguardando que se aquietem nas ramadas, disputando o espaço com as rolas, pombas e pardais que habitam o local. Andorinhas também voam por ali ao pôr-do-sol e não se confundem com a outra passarada mas vão para longe, para beirais que desconheço .
Levei anos para descobrir que eram estorninhos aqueles pássaros pretos de bico comprido e asas robustas, maiores que pardais e que não podiam ser andorinhas e também não pareciam melros porque o bico é menos amarelo.

São aves endémicas da Península Ibérica e sul de França “de comportamento gregário que voa em bandos compactos, em interessantes evoluções, mudando rapidamente de direcção, tal como um cardume de peixes “ . Foram essas fantásticas evoluções de voo que me seduziram …

Sei agora também que os “meus” estorninhos são estorninhos-pretos mas há outra espécie, a dos estorninhos-malhados . Confundem-se para “drama” dos caçadores : podem caçar-se os malhados e são protegidos os pretos … e por isso os caçadores não gostam de caçar estorninhos … Toma!!

Sei que os meus são pretos porque estão por cá todo o ano e agora, no Verão, não têm manchas claras( só ganham algumas no Inverno), enquanto os malhados começam a chegar no Outono e são mais abundantes no Inverno e têm manchinhas claras todo o ano.

Espero que estes meus estorninhos não descubram o medronheiro que está agora carregadinho de frutos … é que “uma característica interessante e menos conhecida dos estorninhos é a sua capacidade de ingestão de álcool; graças a uma enzima específica que produz, consegue processar o álcool 14 vezes mais rapidamente que um ser humano o que lhe permite ingerir em grandes quantidades uma série de frutos e bagas que tendem a fermentar a partir de certo nível de maturação”. Valentes estorninhos!

No Inverno os bandos aumentam e hei-de conseguir melhores fotos … Até lá ficam no início duas fotos encontradas na net e no fim as que consegui tirar sem tremer …

2 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Belíssimo texto e fotos!
Por aqui aparecem mais as andorinhas!

Abraço

José Estorninho disse...

Obrigado pelo texto