Uns têm “uma terra” especial, outros sentem-se pertença de um lugar que, embora sendo o de muitos, deixa marca única. Eu não sinto que tenha “terra” ou “lugar”.
Sinto uma ligação muito frágil com a terra onde nasci, nenhum interesse pelo lugar onde vivi a maior parte da minha vida e muitas saudades de lugares onde vivi pouco (nesta encarnação, quem sabe noutras…) mas onde, provavelmente, não voltarei.
Nasci no Convento de Mafra onde os meus avós (maternos e paternos) e os meus pais viviam (no Convento uns, no Quartel outros). Brinquei nos terraços com as pombas e o vento, toquei os sinos com o meu avô materno, brinquei nos claustros interiores e fiz corridas no “jardim do bucho”, “ajudava” o meu amigo jardineiro do Jardim do Cerco onde também apanhava plantas medicinais com a minha avó materna, corria e andava de patins nos corredores do quartel (Escola Prática de Infantaria) … Essas são as minhas boas recordações de Mafra, primeiro até aos 3 anos, depois dos 6 aos 9 anos. Tenho outras recordações posteriores, mas não são boas.
Saudades tenho das savanas africanas de Angola, dos imbondeiros, das picadas e travessias em jangadas de toros meios partidos, das bostas de animal na estrada e dos sons que os denunciavam por perto, das sanzalas e dos batuques, do meu amigo Zé Maria, da baía de Luanda e dos banhos na ilha. Saudades de um tempo muito curto com os bochimanes do sul de Angola (os que restavam…). Saudades também da marginal de Lourenço Marques, das acácias rubras e dos jacarandás, da frescura da Namaacha. Tenho outras recordações mas não são boas.
Insonso é todo o outro tempo de viver em Lisboa. É difícil gostar de um lugar onde é tudo “ tanto faz”. Nunca serei de cá. Se calhar, também não quero ser.
Nos últimos anos faço um esforço de ligação a um lugar que conheci bem e onde também “fui vivendo” por períodos curtos. Era um lugar de que não gostava nada mas ando a aprender a gostar. É que, com o envelhecer vem esse tal desejo de “ter uma terra”.
Sinto uma ligação muito frágil com a terra onde nasci, nenhum interesse pelo lugar onde vivi a maior parte da minha vida e muitas saudades de lugares onde vivi pouco (nesta encarnação, quem sabe noutras…) mas onde, provavelmente, não voltarei.
Nasci no Convento de Mafra onde os meus avós (maternos e paternos) e os meus pais viviam (no Convento uns, no Quartel outros). Brinquei nos terraços com as pombas e o vento, toquei os sinos com o meu avô materno, brinquei nos claustros interiores e fiz corridas no “jardim do bucho”, “ajudava” o meu amigo jardineiro do Jardim do Cerco onde também apanhava plantas medicinais com a minha avó materna, corria e andava de patins nos corredores do quartel (Escola Prática de Infantaria) … Essas são as minhas boas recordações de Mafra, primeiro até aos 3 anos, depois dos 6 aos 9 anos. Tenho outras recordações posteriores, mas não são boas.
Saudades tenho das savanas africanas de Angola, dos imbondeiros, das picadas e travessias em jangadas de toros meios partidos, das bostas de animal na estrada e dos sons que os denunciavam por perto, das sanzalas e dos batuques, do meu amigo Zé Maria, da baía de Luanda e dos banhos na ilha. Saudades de um tempo muito curto com os bochimanes do sul de Angola (os que restavam…). Saudades também da marginal de Lourenço Marques, das acácias rubras e dos jacarandás, da frescura da Namaacha. Tenho outras recordações mas não são boas.
Insonso é todo o outro tempo de viver em Lisboa. É difícil gostar de um lugar onde é tudo “ tanto faz”. Nunca serei de cá. Se calhar, também não quero ser.
Nos últimos anos faço um esforço de ligação a um lugar que conheci bem e onde também “fui vivendo” por períodos curtos. Era um lugar de que não gostava nada mas ando a aprender a gostar. É que, com o envelhecer vem esse tal desejo de “ter uma terra”.
2 comentários:
Gostei muito. É bom ver tanta nostalgia... e aceitação do presente!
Revivo como tu os lugares plenos.Penso que, quer tenhamos ou não boas recordações da infância, é esse o verdadeiro lugar a que pertencemos.O apelo do regresso é o sinal de que a raiz nos chama sempre à origem. A vivência consciente do mundo não apaga nunca a experiência inconsciente da infância. Penso que Freud tinha razâo. É dificil contornar este estigma. Para todos os efeitos todos nós transpotamos pela vida inteira
uma infância escondida que mais cedo ou mais tarde teremos que revelar. Gostei muito do teu texto. É cá dos meus. Abraço. Irene
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