quarta-feira, 21 de julho de 2010

Viva o Mexilhão-de-Rio do Norte !!


Uma espécie de mexilhão, dado como desaparecido em 1986, é reencontrado em alguns rios de águas limpas do Norte do País. É uma espécie rara, protegida pela legislação portuguesa e europeia. Recentemente têm vindo a ser encontradas populações estáveis, com cerca de 30% de elementos jovens.

Mas … uma população de 12 mexilhões, encontrada na zona de uma das 4 barragens da Cascata do Alto-Tâmega ,impediu a construção da barragem de Padroselos e levou à introdução de alterações na construção das outras três barragens !!
Será que é legítimo? Será que não teriam capacidade para reaparecer noutro lugar com condições idênticas? Será que não podiam ser “deslocados”?
Para construir outras barragens deslocam-se populações de Humanos, em Portugal e em todo o Mundo …

Li recentemente que “ as larvas desta espécie de mexilhão se fixam nas guelras do salmão e da truta e só saem do hospedeiro depois de várias metamorfoses e já sob a forma que terão em adultos” ; crescem em águas limpas, atingem a maturidade sexual entre os 7 e os 20 anos e, em caso de necessidade, tornam-se hermafroditas;podem viver até aos 140 anos – o que denota uma alta capacidade de sobrevivência que devia deixar os Humanos mais tranquilos.

Nestas situações, em que, a meu ver, a defesa de espécies que se presumem em extinção prejudica o bem estar das populações, pergunto-me se não se pode encontrar um equilíbrio para garantir também a “sobrevivência” da espécie Humana que só não está em extinção porque tem uma admirável capacidade de resistência, adaptação, resignação, paciência, … Um equilíbrio sábio como o que tem a Natureza ( Terra, Gaia, como quiserem), capaz de se regenerar continuamente, de fazer aparecer novas espécies enquanto outras se extinguem, de renovar fauna e flora de acordo com a evolução do Clima.
Claro que o Ministério do Ambiente não quis “comprar” mais uma guerra com os fundamentalistas do ambiente : pare-se a construção da barragem, salvem-se os mexilhões dos rios do Norte, da família Margaritiferidae. E garantam-se, já agora, as águas limpas para haver trutas e salmões, para haver mexilhões … porque … Não gostam de poluição . Pudera! Os Humanos também não, mas ninguém se importa. Têm de sobreviver.

Nota : um pequeno apontamento sobre o complexo hidroeléctrico que foi “amputado” :
“Este empreendimento deveria ter um total de 1.135 megawatts (MW) de potência e uma produção eléctrica anual de 1.900 gigawatts/hora (GWh), equivalente ao consumo de um milhão de pessoas, e representa um investimento de 1700 milhões de euros. Acrescente-se que a Iberdrola já pagou ao Estado um prémio de concessão no valor de 303 milhões de euros pela exploração das barragens durante 65 anos - empreendimento que poderá permitir poupar 205,2 milhões de euros por ano com a importação de petróleo”

1 comentário:

Rosa dos Ventos disse...

Há decisões bastante questionáveis!