segunda-feira, 28 de março de 2011

TUDO TEM UMA EXPLICAÇÃO

Confesso não ser muito apreciadora do fiel amigo mas gosto bastante de alguns pratos que, como eu digo, têm o bacalhau disfarçado. O sabor e aroma lá estão mas não tenho de mastigar a posta, disso é que não gosto muito.
Vem isto a propósito de um prato de bacalhau que preparei hoje para o almoço e que reparti com as minhas vizinhas por quem sou frequentemente mimada com óptimas iguarias. E fiz Bacalhau à Gomes de Sá, como era costume fazer-se em casa dos meus pais. Depois, conversa puxa conversa, veio à baila a vontade de saber quem era este Sr. Sá que deu nome à saborosa receita. Fui à procura e descobri que, como no caso de muitos pratos tradicionais, esta receita recebeu o nome do seu criador, José Luís Gomes de Sá, falecido em 1926 e na época cozinheiro do Restaurante Lisbonense, no Porto e também comerciante de peixe. Originalmente, este prato era cozinhado no forno, mais tarde passou também a ser preparado ao lume, no tacho.

Aqui fica a receita para quem não a saiba ou não se recorde, não esquecendo que poderá optar por prepará-la ao lume ou levar o preparado ao forno para a finalizar.

Ingredientes: 2 a 3 postas de bacalhau, 5 ou 6 batatas, azeite, alho, cebolas, umas tirinhas de pimento vermelho, 2 ou 3 ovos cozidos, azeitonas pretas, salsa, sal, pimenta e louro qb.

Modo de preparar: coze-se o bacalhau, previamente demolhado, retiram-se as peles e espinhas e desfazem-se as postas em lascas. Na mesma água, cozem-se as batatas com pele, rectificando o sal. Depois de esfriarem, cortam-se às rodelas grossinhas para não se desfazerem. Entretanto, cortam-se as cebolas e os alhos às rodelas e levam-se a alourar ligeiramente com azeite. Junta-se o bacalhau escorrido e as tirinhas do pimento. Mexe-se tudo ligeiramente, mas sem deixar refogar. Por fim, juntam-se as batatas, com cuidado para não desfazer. Serve-se numa travessa, polvilhando com salsa picada e enfeita-se com rodelas de ovo cozido e azeitonas pretas.


Em conversa, por causa de continuar a gostar muito da velhinha Bolacha Maria, tive curiosidade também de saber quem teria sido a tal Maria que baptizara a bolacha e lá fui à procura.

Bolacha Maria é um tipo muito popular de biscoito feito com farinha de trigo, açúcar, óleo e essência de baunilha. Assim como o Reach Tea é um biscoito muito popular no Reino Unido, a Bolacha Maria, com o seu formato redondo, com o nome decalcado na parte de cima e com um desenho intrincado à volta, é muito consumida em Portugal, Espanha, México, Austrália, África e Índia. Em todos estes países a Bolacha Maria é considerada um dos melhores sabores para acompanhar um bom chá. É muito popular entre os bebés, as crianças e os idosos e serve de ingrediente na preparação de diversas receitas de sobremesa.

Mas… e a Maria, quem era?

A Bolacha Maria foi criada em 1874 por um padeiro inglês para comemorar o casamento da duquesa Maria Alexandrovna da Rússia com o Duque de Edimburgo, foi o que encontrei.
Descobri também que foi muito popular nos tempos da Guerra Civil Espanhola, durante a qual foi considerado símbolo da prosperidade da economia ao ser produzido com os excedentes de trigo.

Afinal, tudo tem uma história, uma justificação…basta procurar.

3 comentários:

Anónimo disse...

E como gosto de bacalhau!
A tua mana gosta dele assado,cozido,
de todas as maneiras.(risos).
Já agora outra curiosidade,se me dão
licença: o Azeite deveria ser das
propriedades do "senhor Alexandre
Herculano"...ele mesmo!O nosso escritor.
Engraçado,ñ é?
Beijo.
isa.

peonia disse...

Quanto mais velha, mais gosto de bacalhau...de todas as maneiras. Adorei saber mais acerca do sr. Gomes de Sá, mas sobre a Maria, a da bolacha, desconhecia tudo. Só a paciência da G. para nos explicar temas tão diversificados!!
Bjs

goiaba disse...

Esse era o bacalhau que a minha mãe fazia quando ía almoçar com ela ( para além das feijoadas, lulas recheadas, ...). Mas este bacalhau que a vizinha fez estava óptimo - obrigada pelo almoço.
bjinhos