segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Um exemplo

A propósito de uma semana em que vai ser eleito Presidente dos Estados Unidos um homem negro, deixo um apontamento sobre uma mulher negra que vi há dias, num programa de televisão da manhã.
Gostava de saber o seu nome mas ela não disse. É conhecida e quer ser chamada “ tia preta” ou “mãe preta”.
( Preta ou negra? É que negra seria mais correcto – “preto é carvão” – disse-me um dia um amigo negro)
A “tia preta” tem um rosto suave e bonito, uma cabeleira branca, uma voz nítida e a palavra fácil. Sem filhos, começou por criar os sobrinhos que lhe traziam para casa os amigos. Em passeios com eles num parque da cidade, recolheu o Rui, o seu “amado filho” – tinha 15 anos e era “menino da rua”, tem 44 agora, é casado, tem filhos e profissão. Outras crianças e jovens, brancos e negros, foram aparecendo em casa. Comiam, pediam carinho e ajuda, iam depois para suas casas ou ficavam “ dormindo por lá” – sem família ou com famílias desestruturadas, ninguém se importava com eles. Um outro “filho”, menino branco rebelde de uma família com 24 elementos, ficou por lá – hoje ajuda e é “o braço direito”. A “tia preta” alimenta todos. Educa, acarinha. Ensina a cooperação, a solidariedade, a partilha. Vive num T2 – um cobertor, uma almofada, um sofá, o chão, “todos se ajeitam”. É a “tia preta” !
Não percebi se trabalha ainda, se vive de uma reforma. O que tem, dá. Recebe, desde há pouco tempo, umas ajudas em géneros. Não se queixa, não pede nada.
Porque é que é assim? Diz que os pais a ensinaram a dar. Cresceu numa família feliz, numa família alargada onde cabiam sobrinhos, primos, avós, amigos – como é próprio de um lar tradicional africano.

Que pena não sabermos dar mais notícias de tantos exemplos de solidariedade e Amor!
Apeteceu-me falar deste exemplo enquanto “via” ( sem som), mais um programa em que só se fala do que está mal. Não podia a televisão pública fazer um programa “só do que está bem”? Um programa que espalhasse a “boa nova” daqueles que contornam obstáculos e ajudam os outros ajudando-se a si mesmos?
Sinto falta de algum equilíbrio na imagem que nos dão da Humanidade do séc.XXI .

1 comentário:

Anónimo disse...

Como gostei da postagem!
Mto boa.
Abraço.
isa.