quarta-feira, 12 de maio de 2010

O PAPA ENTRE NÓS


Por estes dias é quase incontornável que as nossas ideias, as nossas conversas, as nossas reflexões não passem pela visita de Bento XVI ao nosso país. Todos, de forma mais directa ou indirecta, nos vimos envolvidos neste ambiente que é de festa para todos os católicos e de interrogação e curiosidade para os restantes. O Marquesices, respeitando e conservando, desde o início as crenças e ideologias que individualizam quem o escreve, não podia ficar indiferente a este acontecimento. Claro que seguimos, com orgulho e vaidade, as cerimónias do primeiro dia da visita papal, sobretudo porque gostámos de ver a nossa cidade tão viva e festiva. Tudo foi feito com alegria, dignidade e bom gosto. E que maravilhosa estava a Praça do Comércio, com uma luz única num fim de tarde ameno, profundamente calmo, com uma multidão que, de livre vontade, participava numa eucaristia diferente. Foram momentos únicos e de rara beleza. O altar muito inspirado enquadrava o rio a que tantas vezes voltamos as costas mas que continua teimosa e repetidamente a chamar-nos para que o olhemos e o respeitemos mais e mais. Que bom seria que as nossas autoridades conseguissem ultrapassar algumas barreiras ainda existentes de forma a dar nova vida ao Terreiro do Paço, para que pudéssemos gozar plenamente aquela praça linda e única.
De tudo o que já nos foi dado ver da visita de Bento XVI, destacamos o encontro que hoje decorreu no CCB com cerca de mil e quinhentos homens e mulheres ligados à cultura portuguesa e no qual participou a nossa querida amiga e vizinha madeirense que se encontra entre nós a passar mais uma temporada. Apesar de não ter tido a companhia de alguns amigos, retidos no Funchal pela nuvem do vulcão islandês, a ilha ficou bem representada por esta filha sempre dedicada à sua ilha e à sua cultura.
Pareceu-nos uma iniciativa muito interessante e, pelo que vimos e ouvimos contar, as personalidades provenientes de vários quadrantes do nosso panorama cultural e representantes das cinco principais confissões religiosas em Portugal, ficaram tocadas pela singeleza da cerimónia e pela reflexão a que foram convidadas pela saudação de D. Manuel Clemente, pelo discurso do Papa e pela intervenção do nosso decano cineasta Manoel de Oliveira. Do discurso do Papa retive por exemplo esta afirmação: "há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo" e ainda "A cultura actual reflecte uma tensão, que às vezes assume forma de conflito, entre o presente e a tradição. A dinâmica da sociedade absolutiza o presente, separando-o do património cultural do passado e sem a intenção de delinear o futuro". Dá para pensar…
Seguem-se as tão esperadas cerimónias no santuário de Fátima e na cidade do Porto, antes do regresso a Roma, na sexta-feira. Serão certamente mais dois momentos altos da estadia do Santo Padre no nosso país que acompanharemos com a atenção devida.
Depois… depois resta que cada um de nós, com a fé que tenha, com aquilo em que acredita ou não, com o caminho espiritual que esteja traçando ou com aquilo que procura numa incessante busca, prossiga a sua caminhada na verdade, na tolerância e na prática do bem, sem nunca perder a esperança. Se todos fôssemos capazes….

2 comentários:

goiaba disse...

Estive mais atenta a esta visita do que à anterior, confesso. Porque este Papa me era antipático, diga-mos, quis testar. E tenho de dar o braço a torcer embora saiba que muitas atitudes são de fachada. Vi, ouvi, compreendi melhor. E, claro, fiquei contente por ter havido uma participação importante para a nossa vizinha!
E o Terreiro do Paço estava lindo!

goiaba disse...

"digamos" - desculpem