sábado, 25 de junho de 2011

O SABUGUEIRO

A caminho de Lamego, começámos a ver umas árvores floridas, de um e outro lado da estrada, com uns cachos lindos, carregadinhos de flores esbranquiçadas, tantas, tantas que intrigaram mesmo os mais conhecedores das coisas da agricultura. E, uns aos outros perguntavam o que era. Alguém mais entendido e depois de muito observar, identificou-as como sabugueiros. Ao ouvir este nome, logo reconheci como a flor da embalagem dos rebuçados que, no inverno, me adoçam e aliviam a garganta. Nem mais! Eram realmente centenas e centenas de sabugueiros e ficámos a saber que eram muito importantes na economia da região. Eram usados na elaboração de algumas compotas e doçaria mas sobretudo exportados para a Suíça e Alemanha para, depois, serem transformados nos agradáveis rebuçados Ricola, passe a publicidade à marca Suíça de caramelos com e sem açúcar, com um suave efeito balsâmico que aliviam as vias respiratórias e as irritações da garganta. Na composição, dizem eles entram ervas dos Alpes suíços… enfim!

Procurei saber se essa origem vinha assinalada numa embalagem dos ditos rebuçados mas descobri que nada é dito sobre a proveniência de uma grande parte dessas flores. Fiquei logo “zangada”, primeiro pela falta de verdade e depois, por não conseguir compreender por que razão não produzimos nós próprios as tais pastilhas, ou pelo menos, umas parecidas, para uso interno ou para exportar. Entretanto aprendi algo mais sobre o sabugueiro e aí vai:

- desde a antiguidade, o sabugueiro é definido como o guardião da saúde e, segundo li, o primeiro registo do uso desta planta, no âmbito medicinal, aparece nos escritos de Hipócrates, já lá vão 2500 anos. Os antigos achavam que dentro de cada sabugueiro morava uma curandeira que tinha sido morta de forma injusta. Isto deve-se ao facto de quase todas as partes desta árvore/arbusto serem indicadas para múltiplos usos - as flores; as folhas; os frutos maduros e a segunda casca seca, excluindo-se a raiz e o miolo.

Quanto à baga do sabugueiro ela contém flavonóides, ácidos orgânicos, pigmentos, açúcares redutores, isto para além de pectina, taninos e vitaminas A, e C, assim como elementos minerais. O extracto da baga tem propriedades laxativas e o sumo é um óptimo remédio contra as enxaquecas e as dores nervosas.

Quem me dera ter meios e terreno para plantar sabugueiros e….depois poder aproveitar todas as potencialidades desta linda e promissora árvore. Na minha próxima passagem pela terra vou dedicar-me à agricultura e não vou esquecer esta espécie, não vou não!

2 comentários:

Mar Lis Goiaba disse...

Muito útil esta informação!Também tinha lido há tempos... que esta planta entrava na composição da aspirina, será?!

goiaba disse...

Pois já somos duas a reencarnar na agricultura! Se nos voltássemos a encontrar seria muito bom e até podiamos partilhar a mesma quinta com umas casinhas de madeira para estabelecer a vizinhança da encarnação actual ...
Quanto à flor do sabugueiro ... a Ricola podia fazer uma referenciazinha mais correcta à origem da matéria prima!
Obrigada pela informação que deixaste.