quarta-feira, 4 de junho de 2008

SABEDORIA DA TERRA


Neste fim de semana, participei num workshop cujo tema me tinha motivado bastante, dado o meu interesse histórico pelas raízes deste País – “Sabedoria da Terra: as raízes ancestrais de Portugal”.
O objectivo do trabalho realizado era redescobrir as raízes da sabedoria ancestral da Terra, do mar e dos antepassados que nos ajudam hoje a viver melhor e que devemos respeitar e honrar.
Nos dias agitados em que vivemos não temos tempo para reflectir um pouco sobre estes temas, tudo ficou arrumado numa gaveta do conhecimento com etiqueta “História”.
Mas, quando somos chamados a visitar espaços antigos, como castelos, mosteiros, catedrais, sentimos que aquele lugar nos prende, nos lembra “a família” genética, os parentes comuns que durante séculos cuidaram a nossa terra, prepararam o nosso futuro.
Somos descendentes de muitos povos, herdeiros de várias culturas que nos deixaram uma língua própria, o seu suor, crenças e costumes. Eles vieram por terra e mar, de todas as direcções, para desbravar esta terra, lançar novas sementes, criar um espírito muito especial que caracteriza hoje o nosso povo.
Normalmente, só falamos dos Lusitanos, desse Viriato destemido, dessa herança legada a D. Henrique e do seu filho sonhador que se lançou na reconquista de terras para criar um país independente.
Estas figuras histórias não aparecem por acaso, trazem uma missão e zelam pelo seu cumprimento.
Mas a nossa herança, por ordem cronológica e simplificada, é muito vasta: primeiro os iberos, depois os celtas, fenícios, gregos e cartagineses, mais tarde os romanos, vândalos, suevos e alanos; por último, fixaram-se os visigodos e os muçulmanos, estes também chamados sarracenos, árabes, maometanos ou mouros.
Toda esta herança está aí no nosso ADN, caracterizando muito do que somos.
Muito do altruísmo, do espírito aventureiro, da melancolia, das tradições, que embora adaptadas aos tempos modernos, se mantêm.
O culto pelos nossos antepassados, mesmo daqueles mais próximos, perdeu-se. No grupo em que participei, neste workshop, a maior parte dos presentes não tinha pistas da sua ascendência. Lembramos os avós, alguns dos bisavós e quanto aos trisavós…perderam-se na memória dos tempos.
Claro que há famílias que conseguem reconstruir a sua árvore genealógica, mas são casos raros. Perdemos o rasto dos nossos antepassados, talvez porque os registos eram pouco cuidados na época e porque os nossos avós não cuidaram dessa herança.
Remontar ao tempo dos nossos trisavós é recuar a um tempo em que a fotografia, ou ainda não existia, ou era um luxo de poucos, assim como a escrita.
Também há muito que os nossos antepassados recentes tinham perdido a cultura dos ancestrais, cultura dos primeiros povos da península ibérica.
Temos imensos testemunhos arqueológicos dessa prática de povos, como os celtas e os celtiberos. Registos em pedras, em dólmenes, em vestígios de rituais que tinham como objectivo manter a ligação com os antepassados.
Nos nossos dias, há estudos e práticas de terapias espirituais que estão a ser utilizados para curas muito especiais, em famílias que se debatem com problemas de saúde ou conflitos antigos que prejudicam o seu viver actual.
Estas terapias passam por uma pesquisa, na linha familiar dos antepassados, porque se estão a desvendar caminhos novos do conhecimento na estrutura do ADN e das componentes de estrutura espiritual.
Não deixa de ser interessante!

Nota :
Os desenhos sobre as placas foram sempre consciente e deliberadamente variados. Significa que os desenhos não são fruto de uma criação puramente estética ou de um propósito puramente ornamental.
A variabilidade que apresentam não se pode traduzir por um espírito de improvisação artística. As placas são obviamente funcionais, identificam:
o lugar, a região onde o defunto foi enterrado, seguindo os rituais funerários da época. Identificam o clã, a estirpe. Os diferentes padrões identificam os clãs relacionados com os campos e territórios “marcados” pelos seus túmulos funerários. Mas identificam também a linhagem, as gerações…
Pesquisa em http://algarvivo.com/arqueo/placas/placas2.html

4 comentários:

ZIA disse...

Gostei muito desta ideia! Sou, desde sempre,uma grande defensora da preservação de tudo o que diz respeito aos nossos antepassados e em muitos momentos da minha vida senti que era herdeira de ideais, valores, hábitos que me foram sendo incutidos! E estou agradecida por isso...
Continua a divulgar coisas novas e novos caminhos!
Abbraccio
ZIA

RCataluna disse...

Ideia bem interessante!

Abraço!

goiaba disse...

Obrigada por teres escrito. Também estive no workshop e achei muito interessante essa ideia de honrarmos os nossos antepassados, não os da nossa família directa mas todos aqueles que deram origem a esta "espécie" que são os portugueses. ( e lembro-me de ter lido não sei onde que alguém escreveu sobre os lusitanos: " são um povo que não se governa nem se deixa governar" ...).
Eu acho que devo ter mistura visigótica e moura ... Sobre "mouros" sei mais, sobre os visigodos sei pouco . Vou aprofundar ...
Abraço vizinha ( salvadora das minhas debilidades informática).

Anónimo disse...

Sou uma pessoa feliz, por várias razões:1º pq.antes de ir sonhar com esta delícia q. me relembraram,li,avidamente, o q. ficou aqui dito.2º pq. o Pai esteve sp. atento a tudo aquilo de q. se fala hoje.Ele chamava a atenção para tudo o que nos veio influenciando, através dos tempos!Un baci ..(a "estudante de italiano,veja se se escreve assim!)