Não é de agora a ideia de que se deveria levar, desde muito cedo, as crianças a reflectirem, a pensarem no significado das palavras, a tentarem exteriorizar, com alguma ajuda dos adultos, claro, os seus sentimentos e opiniões. Pôr em prática, desde a mais tenra idade, as boas e saudáveis regras do debate, da aceitação do outro, da atenção a tudo o que as rodeia, da consciência da diversidade, isto é, abrir-lhes as portas para o conhecimento filosófico.
Li, há pouco tempo, mais uma opinião sobre esta teoria pedagógica, a propósito de uma colecção infantil, traduzida do francês Óscar Brenifier, a que recorrem alguns professores que, em diversas escolas e colégios, dão aulas de filosofia a miúdos, alguns bem pequenos. O livro propõe jogos interactivos, tópicos de discussão e estratégias que levem as crianças a aprenderem a liberdade de expressão a par de um saber gerir as emoções e os sentimentos.
Assim preparados, desde muito cedo, tornar-se-ão certamente adolescentes mais participativos e adultos mais conscientes das suas ideias, do poder das suas opiniões, do valor e respeito pelos outros. Terão mentes mais abertas, mais curiosas, uma capacidade de raciocínio mais aguçada e serão menos medrosos quando confrontados com os desafios sociais, culturais e políticos que a sociedade, cada vez mais global, lhes colocará pela frente.
Lembrei também a tentativa de uma abordagem diferente de diversos temas e problemas quando, na década de noventa se criou a área do DPS, Desenvolvimento Pessoal e Social, no ensino básico. Investiu-se na formação de docentes, elaboraram-se currículos, mobilizaram-se recursos humanos e materiais e…pouco depois, talvez por razões economicistas, jogou-se tudo fora e …desapareceu essa área e tudo o que de bom ela propunha.
E recordei um episódio delicioso que se passou recentemente, entre mim e o meu sobrinho neto, de quatro anos. Estávamos numa situação em que era necessário um ambiente calmo e propício ao momento profissional do pai… Em conversa com ele, disse-lhe:
- Olha, S., temos que fazer todos muita força para que as coisas corram muito bem ao teu pai, estamos todos a torcer por ele, não se pode fazer barulho…
Ele olhou-me com um ar muito intrigado e perguntou:
- Tia, como é que se faz essa força? É assim, com os pés, como a jogar à bola?
E vai de dar uns pontapés para o ar, enquanto eu me enternecia com a ternura da pergunta… E respondi-lhe:
- Não, S., é uma força que se faz com a cabeça, com o coração… a pensar muito… Todos a querermos o mesmo…
A reacção não se fez esperar! O S. deita as mãozinhas pequeninas e muito inquietas à cabeça e aperta-a com toda a força de que foi capaz…
Então, tentei, da melhor maneira que pude, fazê-lo compreender que temos dentro de nós outras forças diferentes das forças das pernas e braços e senti que seguia a minha explicação com um entendimento que me surpreendeu…
Percebi, mais uma vez que é possível, através do diálogo e da informação adaptada ao desenvolvimento etário das crianças, contribuir para a construção da capacidade do seu raciocínio lógico.
É isso…é importante que se «ensine filosofia às crianças», desde a mais tenra idade!
Li, há pouco tempo, mais uma opinião sobre esta teoria pedagógica, a propósito de uma colecção infantil, traduzida do francês Óscar Brenifier, a que recorrem alguns professores que, em diversas escolas e colégios, dão aulas de filosofia a miúdos, alguns bem pequenos. O livro propõe jogos interactivos, tópicos de discussão e estratégias que levem as crianças a aprenderem a liberdade de expressão a par de um saber gerir as emoções e os sentimentos.
Assim preparados, desde muito cedo, tornar-se-ão certamente adolescentes mais participativos e adultos mais conscientes das suas ideias, do poder das suas opiniões, do valor e respeito pelos outros. Terão mentes mais abertas, mais curiosas, uma capacidade de raciocínio mais aguçada e serão menos medrosos quando confrontados com os desafios sociais, culturais e políticos que a sociedade, cada vez mais global, lhes colocará pela frente.
Lembrei também a tentativa de uma abordagem diferente de diversos temas e problemas quando, na década de noventa se criou a área do DPS, Desenvolvimento Pessoal e Social, no ensino básico. Investiu-se na formação de docentes, elaboraram-se currículos, mobilizaram-se recursos humanos e materiais e…pouco depois, talvez por razões economicistas, jogou-se tudo fora e …desapareceu essa área e tudo o que de bom ela propunha.
E recordei um episódio delicioso que se passou recentemente, entre mim e o meu sobrinho neto, de quatro anos. Estávamos numa situação em que era necessário um ambiente calmo e propício ao momento profissional do pai… Em conversa com ele, disse-lhe:
- Olha, S., temos que fazer todos muita força para que as coisas corram muito bem ao teu pai, estamos todos a torcer por ele, não se pode fazer barulho…
Ele olhou-me com um ar muito intrigado e perguntou:
- Tia, como é que se faz essa força? É assim, com os pés, como a jogar à bola?
E vai de dar uns pontapés para o ar, enquanto eu me enternecia com a ternura da pergunta… E respondi-lhe:
- Não, S., é uma força que se faz com a cabeça, com o coração… a pensar muito… Todos a querermos o mesmo…
A reacção não se fez esperar! O S. deita as mãozinhas pequeninas e muito inquietas à cabeça e aperta-a com toda a força de que foi capaz…
Então, tentei, da melhor maneira que pude, fazê-lo compreender que temos dentro de nós outras forças diferentes das forças das pernas e braços e senti que seguia a minha explicação com um entendimento que me surpreendeu…
Percebi, mais uma vez que é possível, através do diálogo e da informação adaptada ao desenvolvimento etário das crianças, contribuir para a construção da capacidade do seu raciocínio lógico.
É isso…é importante que se «ensine filosofia às crianças», desde a mais tenra idade!
3 comentários:
É verdade,concordo perfeitamente.Ainda hoje o teu sobrinho neto aceitou uma conversa,comigo,tendo em conta os seus 4 anitos!! Expliquei-lhe que viver com alegria era muito importante.Perguntou: o que é Viver? Expliquei,sempre como se eu tivesse 4 anos.Estás a entender? respondeu:estou, mas deixa-me perceber ao teu colo.Claro!! Encostou-se a mim, anichado mesmo, perguntando,dizendo:unh!unh! Sai do colo,fica à minha frente, dizendo: viver é isto! Cantou,saltou,brincou. Aplaudi.Sim,nessa idade é mto bom que seja isso!! isa.
Subestimamos as crianças mas tudo lhes pode ser ensinado - desde que seja de forma que entendam. E não é precisa tanta tecnologia ... ando um pouco arrepiada com a grande revolução tecnológica que o governo quer fazer até 2010 ( 1 equipamento por cada 2 alumos, ...). Será que se vai investir "igual" na relação professor-aluno? E na "filosofia ensinada ás crianças ?
É na verdade extraordinário como as crianças nos estimulam a pensar com as sua perguntas espantosas. As próprias perguntas contêem já un substracto filosófico e isso é já meio caminho andado para fazê-las entender que a filosofia é uma aprendizagem que podem usar para entenderem a vida e que a exploração do pensamento é um valor que as ajudará mais tarde a construir a felicidade e os afectos. Subscrevo tudo.Il.
Enviar um comentário