De acordo com o calendário das efemérides, comemora-se hoje o dia dos Avós, uma moda recente, creio, mas é sem dúvida, uma festa bem merecida.
Só conheci a minha Avó materna, a Avó Teresa. Quando nasci, os outros já tinham partido. Deles restavam apenas muitas histórias, fotografias e a memória que os nossos Pais teimavam de manter bem viva.
Da minha Avó guardo a doce imagem de uma senhora alta, morena, muito elegante, com um ar muito fino e um olhar sempre triste. Uma voz quente, pausada, umas mãos esguias e carinhosas mas, acima de tudo, tenho sempre presente o seu coração enorme, a sua disponibilidade para todos os netos, mesmo que tivesse, segundo diziam, as suas preferências… mas a uma avó isso é desculpado, claro!
Recordo a mulher lutadora que ficou viúva muito cedo e que tudo fez para educar as duas filhas, ainda adolescentes, dando-lhes uma formação muito avançada para a época; a melómana, apaixonada pela música clássica, pela ópera e pelo teatro, em geral; a educadora moderna, embora nunca abdicasse dos valores básicos em que acreditava.
E foi, já na minha adolescência, estando os nossos Pais a trabalhar fora do país, que descobrimos tudo o que era capaz de fazer para realizar os nossos sonhos, para colmatar a ausência dos Pais.
Cada um dos meus irmãos recordará certamente com maior intensidade o que a cada um deles a Avó terá feito.
Eu recordo uma experiência única que ela me proporcionou. Andava eu no 6º ano do antigo liceu, quando soube pela professora de grego que viria a Lisboa, ao D. Maria, uma companhia de teatro representar uma peça. Devo ter falado disso, à hora das refeições, quando partilhávamos as nossas vivências quotidianas. Sabendo da minha paixão pelo teatro, a minha Avó comprou-me um bilhete para eu ir ver, sozinha, esse espectáculo. Um dia cheguei à casa de jantar e, no meu lugar, encontrei esse presente! Foi uma explosão de alegria que nunca esqueci. E muitos outros casos podia relatar…
Os avós têm quase sempre essa magia, esse tempo todo, essa disponibilidade e toda uma sabedoria que nos torna mais felizes, mais confiantes e, depois, pelo menos na minha memória, a juntar a tudo isto há as coisas doces, as receitas que só elas conhecem, os mimos que só elas sabem dar de uma forma imensa e calorosa.
A presença da minha avó Teresa e o exemplo de vida dos meus avós António, Carolina e outro António, foram um alicerce forte para a minha caminhada e, ainda hoje, em momentos importantes eu os evoco e me aconselho com eles, já que sinto que estão sempre por perto.
Nota: De acordo com o que li na imprensa, este dia foi escolhido por ser o dia de Santa Ana e S. Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo. Conta a história que, no século I a.C., o casal vivia em Nazaré, sem filhos, mas sempre rezavam pedindo a graça de um filho.
O seu desejo foi cumprido e tiveram uma menina a que deram o nome de Maria. Daí Santa Ana ter passado a ser a padroeira das mulheres grávidas e mais tarde, os dois passaram a ser padroeiros dos Avós.
Só conheci a minha Avó materna, a Avó Teresa. Quando nasci, os outros já tinham partido. Deles restavam apenas muitas histórias, fotografias e a memória que os nossos Pais teimavam de manter bem viva.
Da minha Avó guardo a doce imagem de uma senhora alta, morena, muito elegante, com um ar muito fino e um olhar sempre triste. Uma voz quente, pausada, umas mãos esguias e carinhosas mas, acima de tudo, tenho sempre presente o seu coração enorme, a sua disponibilidade para todos os netos, mesmo que tivesse, segundo diziam, as suas preferências… mas a uma avó isso é desculpado, claro!
Recordo a mulher lutadora que ficou viúva muito cedo e que tudo fez para educar as duas filhas, ainda adolescentes, dando-lhes uma formação muito avançada para a época; a melómana, apaixonada pela música clássica, pela ópera e pelo teatro, em geral; a educadora moderna, embora nunca abdicasse dos valores básicos em que acreditava.
E foi, já na minha adolescência, estando os nossos Pais a trabalhar fora do país, que descobrimos tudo o que era capaz de fazer para realizar os nossos sonhos, para colmatar a ausência dos Pais.
Cada um dos meus irmãos recordará certamente com maior intensidade o que a cada um deles a Avó terá feito.
Eu recordo uma experiência única que ela me proporcionou. Andava eu no 6º ano do antigo liceu, quando soube pela professora de grego que viria a Lisboa, ao D. Maria, uma companhia de teatro representar uma peça. Devo ter falado disso, à hora das refeições, quando partilhávamos as nossas vivências quotidianas. Sabendo da minha paixão pelo teatro, a minha Avó comprou-me um bilhete para eu ir ver, sozinha, esse espectáculo. Um dia cheguei à casa de jantar e, no meu lugar, encontrei esse presente! Foi uma explosão de alegria que nunca esqueci. E muitos outros casos podia relatar…
Os avós têm quase sempre essa magia, esse tempo todo, essa disponibilidade e toda uma sabedoria que nos torna mais felizes, mais confiantes e, depois, pelo menos na minha memória, a juntar a tudo isto há as coisas doces, as receitas que só elas conhecem, os mimos que só elas sabem dar de uma forma imensa e calorosa.
A presença da minha avó Teresa e o exemplo de vida dos meus avós António, Carolina e outro António, foram um alicerce forte para a minha caminhada e, ainda hoje, em momentos importantes eu os evoco e me aconselho com eles, já que sinto que estão sempre por perto.
Nota: De acordo com o que li na imprensa, este dia foi escolhido por ser o dia de Santa Ana e S. Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo. Conta a história que, no século I a.C., o casal vivia em Nazaré, sem filhos, mas sempre rezavam pedindo a graça de um filho.
O seu desejo foi cumprido e tiveram uma menina a que deram o nome de Maria. Daí Santa Ana ter passado a ser a padroeira das mulheres grávidas e mais tarde, os dois passaram a ser padroeiros dos Avós.
3 comentários:
Cheguei agorinha mesmo a casa.Vim visitar-vos.Emocionei-me pela homenagem à nossa Avó Teresa.As tuas palavras são justíssimas.Mais:
recordaste os Avós da Madeira,da parte do nosso Pai.Que bom!Somos tão ligadas a estas "coisas"!! A este "lembrar o dia". Mas é bom ser assim.Bjo.
isa.
Gostei muito desta lembrança dos Avós! É a consciência da família que, nesta fase da nossa vida, assume um significado profundo. Também recordo os meus avós e, segundo dizem, tenho muito a minha Avó Rita!
Não sabia que hoje era dia dos avós. Conheci os meus avós todos e até uma bisavó. Tive uma avó boa e uma avó má. Da boa tenho imensas lembranças,da má não recordo nem uma palavra. A boa era muito bonita, um pouco louca e uma mulher muito forte e decidida. A má era feia e rabujenta. Os avôs eram os dois bonzinhos mas muito diferentes: um era militar e falava muito alto, o outro um alfaiate e também trabalhador do Convento de Mafra que tocava os sinos da Igreja para eu ouvir e fazia teatro.
Abraço
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