
Parece ser uma óptima ideia.
As crianças aprendem as duas línguas, os dogmas religiosos do islamismo e do judaísmo, a história dos dois povos, os hábitos e os tabus, a forma de estar nos quotidianos familiares, os interesses de uns e outros.
Os livros estão escritos nas duas línguas e, nas salas de aula, as crianças ajudam-se nas aprendizagens da língua que lhes coloca maior dificuldade.
Festejam em conjunto as festas de cada comunidade, visitam a Mesquita e a Sinagoga, cumprindo práticas específicas em cada um dos espaços, aprendem o Corão e os livros sagrados judaicos. Aprendem a conhecer e a compreender o que lhes parecia estranho.
A Escola foi desejada pela comunidade, tem a participação activa dos Pais e dos professores árabes e israelitas. Nas Assembleias de Escola, muito participadas, pais e professores discutem as opções que se vão tomando e nem sempre estão de acordo.
Os Pais (israelitas e árabes), promovem passeios e fins de semana dos seus filhos com os amigos da outra comunidade e tentam integrá-los no quotidiano de cada um: alimentação, hábitos de casa, diversões e interesses.
É aí e nas aulas de História e Religião que surgem alguns problemas e interrogações.
Nem os pais árabes nem os pais judeus querem que os seus filhos esqueçam as suas culturas e há pais que se interrogam: “ Será correcto o que estamos a fazer? Não seria melhor termos apenas uma escola bilingue em vez desta concepção binacional? “
Duas crianças conversam sobre o futuro
-“ Quando for grande, sou obrigado a ir para a tropa como todos os israelitas e posso ter de combater o teu povo”
- “ Se o fizeres vou a tua casa e ponho uma bomba” …
Num passeio de fim de semana com uma família palestiniana, num momento de pausa junto a um lago, a criança israelita pergunta:
- “ A tua filha poderia ir a casa de uns rapazes meus amigos para brincarmos?
- “ Só podia até aos 5, agora não” – comenta o pai
- “ E se ela se apaixonar, pode dizer-te?
- “ Ela é educada para não se apaixonar antes do casamento”
- “ Mas ela tem sentimentos … Há-de gostar de algum rapaz. Porque é que pensa assim? “
- Há milhões de árabes que pensam assim e se ela fizer o contrário, mato-a e entrego-me à polícia”.
A criança judia olha-o perplexa, a criança palestiniana continua a comer uma espiga de milho, olhando para longe com um olhar ausente.
Numa aula de História (dada por dois professores), a professora israelita fala do “Dia da Independência” como o mais importante e feliz para os israelitas. A professora palestiniana, com a voz a tremer de emoção (e raiva …) fala desse mesmo dia como o mais triste para o seu povo, expulso das suas casas e da sua pátria. Há crianças israelitas com lágrimas nos olhos por, dizem, terem vergonha do seu povo ter causado tanta dor …
Numa Assembleia de Escola, uma mãe palestiniana conta da sua tristeza por não ter podido visitar a irmã cujo marido acabara de falecer - foi impedida por um posto de controlo israelita.
SIM ou NÃO? A verdade é que, no 2º ano de funcionamento a Escola: “Ponte sobre Wadi” abriu com o dobro dos alunos. Três anos depois como será?
Nota : sobre esta Escola foi feito um filme que vi no canal Odisseia.
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