terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tiro o chapéu à TVI!

Não sou uma espectadora fiel das novelas portuguesas.
Ao longo dos anos tendi sempre mais para as produções brasileiras, por diferentes motivos. Sabe-me bem saborear a língua doce, cantada, as expressões coloridas com que os brasileiros conseguem pintar a vida e os diálogos, o rigor das reconstituições históricas, a mestria dos actores que mexem com as minhas emoções. Vejo hoje muito menos novelas do que noutros tempos, mas sigo quase sempre uma que escolho de entre as que se enquadram no meu «horário de recreio»
De qualquer forma vou, de vez em quando, espreitando o canal que transmite as produções nacionais. Gosto de estar a par do que se faz, não tenho ido tanto ao teatro quanto desejaria e sempre é uma janela aberta para ver ou rever aqui e ali, alguns dos meus actores preferidos.
Vem isto a propósito de uma gala que a TVI transmitiu em homenagem às novelas portuguesas, aos actores, realizadores e técnicos nacionais, em geral.
É claro que me sentei frente à televisão disposta a acompanhar todo o desfile de figuras que me são queridas, disposta a avaliar a produção nacional e fiquei impressionada, já são 28 as novelas que a TVI produziu, em dez anos, umas de maior qualidade, outras de menor interesse mas, sem dúvida que, esta estação impulsionou a ficção portuguesa, tem sido uma verdadeira escola de actores e actrizes, de músicos e bandas jovens, tem divulgado as canções nacionais, tem apoiado escritores e guionistas, tem sido o ganha pão de tanta gente, num momento tão difícil da economia nacional.
Por aquele palco passaram inúmeros sonhos que se concretizaram, muitas carreiras recuperadas, muita gente que, por falta de formação e de vontade cultural de um país que já só sabe falar de tecnologia e de valores materiais, tem deixado de lado a função eminentemente didáctica e cultural do teatro e da comunicação.
Mais uma vez me emocionei com a presença, a desenvoltura e as palavras sábias de Eunice Muñoz, eternamente jovem de espírito, sempre acompanhando e elogiando os «colegas» mais novos, sempre humilde no seu percurso de grande senhora dos nossos palcos, ao ponto de ter confessado ontem que, agora, já podia estar descansada, havia muitas actrizes novas com muito talento para lhe continuarem as pisadas. E que grande responsabilidade para aquelas a quem lançou o desafio.
Como é possível que, no nosso país, não exista, há anos, uma companhia nacional de teatro? Companhia que mantivesse viva a nossa dramaturgia e fosse formando, com os textos clássicos e com os contemporâneos, uma camada nova de actores, já que talento não nos falta? Como se pode aceitar que actores e actrizes como Ruy de Carvalho, Sinde Filipe, Cármen Dolores, a própria Eunice e tantos, tantos outros, não figurem como residentes e guardiães de uma arte popular e maior como é o Teatro? Como se admite que passem largas temporadas sem trabalho?
Por tudo isto ficar sem resposta e por não ver, por agora, hipótese de melhorar este estado de coisas, mantive-me, ontem, presa ao pequeno écran, rendida a tanto entusiasmo, a tanto empenho e a tão grande gratidão como a que estava a ser manifestada ao timoneiro da TVI.
Ele e toda a sua equipa bem mereceram aquela festa! Que ao menos eles continuem uma escola de mérito

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei muito da ideia k tiveste de falar na Gala da TVI.Tb.gostei.Emocionei-me várias vezes.J.E.Moniz está mesmo de Parabéns.
Bjo.
isa.