quinta-feira, 21 de agosto de 2008

As festas da “NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM”


As lendas da “Senhora da Boa Viagem” todas se relacionam com a protecção de marinheiros e pescadores.
Uma delas, nasceu no rio Douro. Sendo um rio de “mau navegar”, muitos barcos naufragavam. Certo dia, numa enchente do rio, os barqueiros de Barrô viram sair da água uma imagem de Nossa Senhora. Chamaram-lhe “Senhora da Boa Viagem” e prenderam-na com cadeado a um nicho feito nos rochedos – para que não fosse rio fora, nas enchentes. Sempre que os barcos passavam pelo nicho os barqueiros tiravam as boinas e rezavam à Senhora. Todos os anos, a 15 de Agosto, retiravam-na do nicho e levavam-na em procissão pelo rio – era a Festa de Santa Maria do Barrô.
Também se diz que a primeira igreja construída em homenagem à Senhora da Boa Viagem foi em 1618, “ a poucas léguas de Lisboa - seria a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e de Sto António da Ericeira ?

Certo é que a “Senhora da Boa Viagem” é um culto dos homens do mar, padroeira de pescadores de várias localidades do País, como Figueira da Foz, Peniche, Moita e Ericeira. Mas também é Senhora de culto em muitas localidades brasileiras, do Rio de Janeiro ao Ceará, Recife, Baía,… O Papa Pio XII ( 1939-1958) oficializou-a como padroeira de Belo Horizonte .
Na Figueira da Foz é a primeira romaria do ano ( 2 de Fevereiro) e marcava o início da actividade piscatória e a partida de barcos para a pesca do bacalhau.
Em Peniche as festas realizam-se nos primeiros dias de Agosto e na Moita, em Setembro.
Em todas, não falta a procissão no mar.

Este interesse pela “Senhora da Boa Viagem”, vem-me das festas em sua honra que, desde miúda, acompanho na Ericeira. Realizam-se todos os anos, desde 1945 ( as festas interromperam-se em 1912), no terceiro domingo de Agosto. São as ruas enfeitadas, as barraquinhas de bugigangas e roupas, as rolotes de farturas, a música aos berros, a capela enfeitada, os foguetes, mas, sobretudo, a procissão no mar, à noite. Os barcos, engalanados com bandeirinhas e muitas luzes, esperam no mar a saída de outros que levam os andores de Nossa Senhora da Boa Viagem, Sto António, S. Pedro , S.Vicente e S. Sebastião depois de terminada a procissão em terra. A procissão no mar segue um percurso curto, entre a Praia dos Pescadores e a do Algodio, percurso que depende das condições do tempo e altura da maré. Há quem observe dos mirantes, da praia, do Forte, das varandas mais altas, …

Interessante é a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e de Sto António.
Foi sede da Confraria de Nossa Senhora da Boa Viagem dos Homens do Mar e da Confraria de Sto António, pelo menos desde 1609. Em 1645 passou a ser a Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem e foi por essa data revestida a azulejos, custeados pela oferta de um anel de grande valor. Foi também o lugar onde se instalou a sineta e a lanterna de fogo que anunciava aos barcos a localização do porto.
A primeira imagem da Senhora, “ em madeira estofada e policromada”, foi restaurada em 1761 e esteve exposta no altar-mor, até 1912. Na noite de 22 para 23 de Janeiro desse ano, as imagens da capela foram vandalizadas e atiradas ao mar. A mão da imagem de N.Senhora deu à costa no dia seguinte e está hoje exposta no Museu da Sta Casa da Misericórdia.
A Capela tem também imagens de Sto António, S.Pedro, S.Vicente e Sta Catarina de Alexandria.
Não está sempre aberta, mas, aos fins de semana e claro, durante as Festas de Agosto, está aberta e enfeitada.
Desde miúda que me lembro de ver à porta uma vendedora de tremoços e pevides, sentada nos bancos de pedra, com guarda chuva/sol aberto. E sempre vi a minha mãe entrar e fazer uma oração - nunca a vi entrar noutra Capela ou Igreja.

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindas fotos.O meu gosto por estas festas já vem de longe.Aprendi mais!!Bjo.
isa.

Unknown disse...

Parabens! Bonito texto, fotos tb muito boas.
Reconheço tudo que ali fala, não sabia a lenda do rio, mas da parte da Ericeira sabia bem. Estas fotos foram tiradas no ano que fui festeiro. 2008... Parabens