quinta-feira, 28 de agosto de 2008

DE AGADIR A ESSAOUIRA





Chegámos ao aeroporto de Agadir para iniciar o circuito de Marrocos Monumental debaixo de um céu encoberto e logo sentimos um bafo quente que cortava a respiração, no trajecto que fizemos a pé pela pista até ao edifício do aeroporto.
Cumpridas as formalidades, e em Marrocos elas são verdadeiramente demoradas, entrámos no autocarro que nos havia de transportar ao longo de todo o percurso. Conhecemos a equipa que nos acompanharia, Abdul, o motorista seguro e de poucas falas, o ajudante Ismail, solícito e sempre sorridente e o guia, Hadi, uma pessoa culta, dominando perfeitamente o português e revelando muita preocupação em que tudo corresse bem durante a nossa estadia. Éramos 41 participantes, grupo demasiado grande para este tipo de viagem.

Iniciámos, então, o circuito percorrendo parte da costa atlântica marroquina, passando por terras pequenas (Taghazout, Tamri, Tamanar) que logo nos foram despertando a atenção, já que nos iam revelando paisagens, gentes e usos diferentes.
O guia avisou-nos que, nos dois primeiros dias, faríamos a rota dos vestígios portugueses e, só depois, entraríamos no mundo árabe.

Chegados a Essaouira, a antiga praça-forte portuguesa de Mogador, imagem viva dos tempos da pirataria, descemos da camioneta e percorremos, a pé, toda a zona do porto, com cheiro a maresia, muitas gaivotas e venda de peixe. As casas caiadas, alguns nomes de ruas e de habitações em português não deixavam dúvidas quanto à nossa antiga presença. Na verdade os portugueses estabeleceram aqui uma cabeça-de-ponte, no século XV, mas a cidade só foi construída por volta de 1760, por Mohamed II, que aí quis criar uma base naval. As fortalezas europeias foram desenhadas por um famoso arquitecto que trabalhara para o rei francês, Luís XV.

Soubemos que Essaouira é muito procurada para a prática de windsurf e que é também uma cidade aonde acorrem artistas de todo o mundo, pintores, músicos e escritores. É uma zona de ventos alísios o que pudemos comprovar quando, após o jantar demos a habitual voltinha de reconhecimento pelas redondezas do hotel.

Estava terminado o primeiro dia, a expectativa ia aumentando e deitou-se tudo sobre o cedo já que a partida, no dia seguinte era preciso madrugar.



5 comentários:

Anónimo disse...

Boa ideia a do vosso Guia:começar pelos vestígios da passagem portuguesa.Excelente!Assim foram,mais facilmente,para a parte árabe. Continua,menina, estou a gostar...
jinho.
isa.

goiaba disse...

Cá estou de atalaia à narrativa já que tive o privilégio de ver as fotografias todas. Como és uma óptimo guia, vou ficar cheia de vontade de me pôr a caminho.( e o que faço aos dependentes? ...)
Bjinhos

Rosa dos Ventos disse...

Gostei do relato e das gaivotas!
Confesso que não faz o meu género viajar integrada num grupo tão grande.
Mas o que interessa é que vais ter muito que contar e...de pasmar!

ZIA disse...

Obrigada pela visita, Rosa dos Ventos. Tens razão, mas quando nos inscrevemos não sabemos quantas pessoas tiveram a mesma ideia... Eram quase tudo pessoas do norte, nada tinham a ver comigo nem com as duas amigas que me acompanharam. Já fiz muitas viagens em pequenos grupos, organizadas por nós, com todo o tempo do mundo, vendo e parando mais ou menos tempo consoante os nossos interesses e gosto muito mais . Desta vez, teve de ser assim.
Espero voltar com mais tempo e vagar a Marrocos!
Abraço
MAR

irene andrade disse...

Como o prometido é devido,já espreitei o teu blog.Conhecer países e costumes estranhos é sempre uma experiência que nos enriquece. Mas a verdade é que ao ler o teu primeiro apontamento,lembrei-me duma viagem que fiz à Tunísia há alguns anos e tive a mesma
sensação desagradável da falta de higiene.Muito embora as óbvias diferenças, esse Norte de Africa,e todo semelhante.Ainda bem que foste. Viagem é viagem e conhecer não tem limites, mas confesso que Marrocos não será tão cedo pelo menos objectivo meu. Beijos.