terça-feira, 6 de maio de 2008

APARÊNCIAS

Quantas vezes fazemos juízos apressados de pessoas que encontramos por acaso ou com quem convivemos por breves momentos?
Lembro-me de uma pessoa, mais “conhecida” do que amiga que não vejo há muito tempo: minhota, cultora das origens, vestia como uma camponesa na cidade, usava cabelo em carrapito atrás da cabeça, arrecadas de ouro, cara lavada. Quem a visse facilmente a destratava ao menor contratempo – e ela contava vários e engraçados incidentes que deixavam os interlocutores avermelhados. Era, é, professora universitária.

Vem isto a propósito de uma crónica matinal que ouvi há dias, na Antena 1.
Algures, no Alentejo, um jornalista entrevista um casal de agricultores e cantores num grupo local. Ela com uma linda voz, ele construtor e tocador de violas. Um falar simples e ingénuo. E o entrevistador brincava com as notas musicais e com as habilidades de construção dos instrumentos como se falasse para crianças ou adultos quase analfabetos. Até que o Sr. Serafim esclareceu: tinha aprendido música no Conservatório de Lisboa e aprendera em Itália a fazer violas de “casquinha” … Não vi, mas o jornalista deve ter avermelhado.

É também o caso de um empregado de café do meu bairro que cumprimenta uma minha amiga em italiano porque ela está num Curso de italiano e ele viveu algum tempo em Itália. E, do que mais gosta em Itália? De Pompeia …
Também me tenho deixado surpreender recentemente com as conversas de rua com a carteira que faz a distribuição no meu bairro e que travou conversa comigo a propósito do meu gato porque andava de trela no passeio.

Claro que não acordei agora para esta facilidade de julgar pelas aparências. Tenho-me confrontado com muitas situações em que “dou a mão à palmatória” depois de uma primeira impressão - nos dois sentidos. Mas é importante não esquecer.

2 comentários:

maria disse...

boa noite marquesas
estou a gostar muito dos vossos escritos e arranjei um divertimento novo: descobrir o par de mãos que escreve cada um dos textos...

Pearl disse...

Somos todos tão preconceituosos e achamos justamente o contrário, não é?
Já levei algumas bofetadas de luva branca justamente por preconceitos muito elementares. Mas tiveram um efeito pedagógico.