Retomei, desde Outubro, viagens regulares no metropolitano de Lisboa e tenho reparado que os portugueses, apesar de estarem a mudar de hábitos, de maneiras de estar e até de aparência, continuam a correr muito e andam geralmente carrancudos! A qualquer hora do dia, andam atarefados, parece que vão sempre numa urgência e deixou de haver horas de ponta. São tudo horas de aflição, de trabalho, de passeio, de agitação…
As principais alterações que tenho detectado são as seguintes:
Umas pessoas, ávidas de notícias diárias e …gratuitas, retiram os jornais dos diferentes pontos de distribuição. Estes matutinos são uma invenção recente que, além de informativos, tiveram o dom de pôr os portugueses a ler mais. E é engraçado ver nas estações e nas carruagens os narizes metidos dentro do papel de jornal. Não se olham uns aos outros, não, devoram aquela meia dúzia de folhas e, uma vez lidos, estragam a pintura – largam os jornais nos bancos, por baixo deles, disfarçadamente, no chão e, muito raramente, os colocam nas diversas papeleiras que existem nas estações.
Outras pessoas falam ao telemóvel, inovação muito recente das diferentes operadoras, e fazem-no numa perfeita indiferença por quem os rodeia. Falam alto, já que o ruído de fundo do metro, assim o obriga. E ouvem-se, mesmo sem querer, as conversas mais absurdas e originais. Ainda ontem, na carruagem em que eu seguia, ia um jovem empresário que durante o percurso, foi fazendo daquele recanto sem bancos, uma espécie de escritório. Ia resolvendo os diferentes problemas que lhe eram colocados do lado de lá do fio. Distribuía serviço, dava ordens, gesticulava, falava de dossiers e até teve tempo para recusar o menu que lhe propunham para o almoço, dizendo no meio de uma sonora gargalhada: «Jardineira não, pá, que a minha mãe impinge-me esse prato quase todos os fins de semana!»
Outras ainda, de cara bem fechada, ou adormecida, por vezes com i pod nos ouvidos, viajam noutra galáxia, ocupando, no entanto, o mesmo espaço físico.
Outros, mais raros ainda, vão namorando felizes mas não muito convictos.
Entretanto eu vou olhando à minha volta e vou lendo as pessoas, imaginando o que são, o que vão fazer, que pensamentos as ocupam, que histórias encerram…Sempre me divertiu muito este divagar.
Acabada a viagem, outra novidade…já não se vêem bilhetes jogados fora e espalhados pelos corredores. A nova moda do passe ou bilhete recarregável veio evitar esse desperdício, entretanto substituído, como já disse pelas folhas dos tais jornais diários gratuitos.
Resumindo e concluindo – os portugueses não mudaram nada: continuam macambúzios, pouco amigos do ambiente, gerindo mal o seu tempo, correndo sempre, sorrindo pouco, apesar de eu saber que as razões para a boa disposição são diminutas, mas, se fôssemos um pouco mais positivos, optimistas e idealistas, teríamos certamente uma imagem mais leve e acolhedora.
É uma experiência divertida viajar de metro em Lisboa!
(Imagem: Pintura de LIS)
As principais alterações que tenho detectado são as seguintes:
Umas pessoas, ávidas de notícias diárias e …gratuitas, retiram os jornais dos diferentes pontos de distribuição. Estes matutinos são uma invenção recente que, além de informativos, tiveram o dom de pôr os portugueses a ler mais. E é engraçado ver nas estações e nas carruagens os narizes metidos dentro do papel de jornal. Não se olham uns aos outros, não, devoram aquela meia dúzia de folhas e, uma vez lidos, estragam a pintura – largam os jornais nos bancos, por baixo deles, disfarçadamente, no chão e, muito raramente, os colocam nas diversas papeleiras que existem nas estações.
Outras pessoas falam ao telemóvel, inovação muito recente das diferentes operadoras, e fazem-no numa perfeita indiferença por quem os rodeia. Falam alto, já que o ruído de fundo do metro, assim o obriga. E ouvem-se, mesmo sem querer, as conversas mais absurdas e originais. Ainda ontem, na carruagem em que eu seguia, ia um jovem empresário que durante o percurso, foi fazendo daquele recanto sem bancos, uma espécie de escritório. Ia resolvendo os diferentes problemas que lhe eram colocados do lado de lá do fio. Distribuía serviço, dava ordens, gesticulava, falava de dossiers e até teve tempo para recusar o menu que lhe propunham para o almoço, dizendo no meio de uma sonora gargalhada: «Jardineira não, pá, que a minha mãe impinge-me esse prato quase todos os fins de semana!»
Outras ainda, de cara bem fechada, ou adormecida, por vezes com i pod nos ouvidos, viajam noutra galáxia, ocupando, no entanto, o mesmo espaço físico.
Outros, mais raros ainda, vão namorando felizes mas não muito convictos.
Entretanto eu vou olhando à minha volta e vou lendo as pessoas, imaginando o que são, o que vão fazer, que pensamentos as ocupam, que histórias encerram…Sempre me divertiu muito este divagar.
Acabada a viagem, outra novidade…já não se vêem bilhetes jogados fora e espalhados pelos corredores. A nova moda do passe ou bilhete recarregável veio evitar esse desperdício, entretanto substituído, como já disse pelas folhas dos tais jornais diários gratuitos.
Resumindo e concluindo – os portugueses não mudaram nada: continuam macambúzios, pouco amigos do ambiente, gerindo mal o seu tempo, correndo sempre, sorrindo pouco, apesar de eu saber que as razões para a boa disposição são diminutas, mas, se fôssemos um pouco mais positivos, optimistas e idealistas, teríamos certamente uma imagem mais leve e acolhedora.
É uma experiência divertida viajar de metro em Lisboa!
(Imagem: Pintura de LIS)
4 comentários:
Não vivo em Lisboa, mas sempre que lá vou uso o Metro e concordo contigo.
Raramente se vê alguém a andar calmamente ou a sorrir.
Essa atitude só se encontra nos turistas...
E se imaginássemos todos que somos turistas e estamos de passagem?
Mas é que estamos de passagem mesmo!
Abraço e obrigada pela visita
Há muito, muito tempo que não ando de metro, de autocarro, de comboio!O carro é um vício e acredito que, às vezes, nem sequer é mais cómodo.
Os hábitos sociais estão em crise e em fase de mudança.O preço da gasolina vai apreçar a mudança e a criação de novos hábitos. Com os seres vivos deve ser sempre assim : só se muda quando o ambiente obriga a uma mutação.
Fico receptiva à mudança ...
Hoje ñ falarei de ideias,aliás sp.mto bem expostas,escritas,mas delas pintadas,da luz q.aprecio tanto nos quadros da L.As imagens bem escolhidas q. encabeçam o blog!
Gosto mto,acreditem! Como é moda dizer:bárbaro!! Um abraço,amiga.isa
ciao bella
auguri per il coraggio d'imparare una nuova lingua. Anch'io penso che è bellissima...
a presto...
un baci a tutte tre;)
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