Sempre que alguém amigo ou familiar vai à Ilha da Madeira, eu fico com uma imensa vontade de lá voltar e quase sempre recordo as minhas primeiras visitas ao Funchal, a bordo de um grande navio, o Hildebrand, de uma das vezes, e num hidroavião, da outra vez.
Viagens bem diferentes das que se fazem hoje, de avião e em cerca de hora e meia.
A primeira, no grande navio, apesar dos enjoos, tenho-a bem presente não só por ter sido a primeira mas também pelas actividades de que desfrutei durante as 27 horas de viagem. Havia tanta coisa para fazer a bordo e eu era uma miúda muito curiosa. Meti o nariz em tudo o que era jogo, passatempo, cinema, loja, pequeno museu de vida marinha, subi e desci tantas vezes as escadas e dei tantas voltas naquele deck!
Mas aquilo por que mais ansiava, de tal maneira o meu pai, madeirense de Câmara de Lobos, não se cansara de nos descrever como a maravilha das maravilhas, só havia de descobrir, quando, pelas 5 da manhã, ele me fez saltar da cama e me levou, totalmente ensonada, para uma vigia, primeiro e, depois, para o deck. Avistava-se já a ilha, tal qual uma gigante «lapinha» ou presépio, montes e vales, ribeiras e levadas e milhares de luzinhas, iluminando todas as casas que, aos meus olhos, e com a distância me pareciam ser de bonecas. Espectáculo único, na verdade!
Da segunda vez, quando fui de hidroavião, aquilo que me marcou fortemente foi o facto de se «amarar» e não aterrar em solo firme. A vastidão do mar metia respeito e, depois, era esperar pela nossa vez de partir numa das grandes lanchas que faziam o transbordo para o porto. Essa parte final da viagem foi a mais emocionante. Íamo-nos aproximando da terra ao mesmo tempo que íamos vislumbrando, de forma cada vez mais nítida, os rostos familiares que nos aguardavam no cais. Acenos, risos, emoções que eram interrompidos, apenas, pelos chamamentos e assobios dos miúdos da ilha, descalços e de calção que suplicavam uma moedinha que atirávamos (elas já iam mesmo de parte nos bolsinhos) para depois os vermos em mergulho picado alcançar a moeda e vir à tona da água agradecer.
Memórias que gosto de reviver e de partilhar, deixando mais uma nota, curiosa: o Hildebrand, naufragou pouco depois, na zona de Oitavos, em Cascais, o comandante teve receio de entrar em Leixões, devido ao nevoeiro e ali foi parar; as viagens de hidroavião deram lugar, pouco depois também, às primeiras viagens de avião para a ilha. Saudades da Madeira!
Viagens bem diferentes das que se fazem hoje, de avião e em cerca de hora e meia.
A primeira, no grande navio, apesar dos enjoos, tenho-a bem presente não só por ter sido a primeira mas também pelas actividades de que desfrutei durante as 27 horas de viagem. Havia tanta coisa para fazer a bordo e eu era uma miúda muito curiosa. Meti o nariz em tudo o que era jogo, passatempo, cinema, loja, pequeno museu de vida marinha, subi e desci tantas vezes as escadas e dei tantas voltas naquele deck!
Mas aquilo por que mais ansiava, de tal maneira o meu pai, madeirense de Câmara de Lobos, não se cansara de nos descrever como a maravilha das maravilhas, só havia de descobrir, quando, pelas 5 da manhã, ele me fez saltar da cama e me levou, totalmente ensonada, para uma vigia, primeiro e, depois, para o deck. Avistava-se já a ilha, tal qual uma gigante «lapinha» ou presépio, montes e vales, ribeiras e levadas e milhares de luzinhas, iluminando todas as casas que, aos meus olhos, e com a distância me pareciam ser de bonecas. Espectáculo único, na verdade!
Da segunda vez, quando fui de hidroavião, aquilo que me marcou fortemente foi o facto de se «amarar» e não aterrar em solo firme. A vastidão do mar metia respeito e, depois, era esperar pela nossa vez de partir numa das grandes lanchas que faziam o transbordo para o porto. Essa parte final da viagem foi a mais emocionante. Íamo-nos aproximando da terra ao mesmo tempo que íamos vislumbrando, de forma cada vez mais nítida, os rostos familiares que nos aguardavam no cais. Acenos, risos, emoções que eram interrompidos, apenas, pelos chamamentos e assobios dos miúdos da ilha, descalços e de calção que suplicavam uma moedinha que atirávamos (elas já iam mesmo de parte nos bolsinhos) para depois os vermos em mergulho picado alcançar a moeda e vir à tona da água agradecer.
Memórias que gosto de reviver e de partilhar, deixando mais uma nota, curiosa: o Hildebrand, naufragou pouco depois, na zona de Oitavos, em Cascais, o comandante teve receio de entrar em Leixões, devido ao nevoeiro e ali foi parar; as viagens de hidroavião deram lugar, pouco depois também, às primeiras viagens de avião para a ilha. Saudades da Madeira!
2 comentários:
Sempre tive a ideia que viajar de hidrovião não era da nossa geração...ignorância.
A minha mãe falava-me muito da sua viagem de hidrovião para os Açores, em 1943 ou 44, para ir ter com o meu pai que tinha sido para lá mobilizado.
Também foi bom recordar viagens de barco que eu, já crescidinha, nunca soube aproveitar como tu - ficava o tempo todo no camarote, enjoada e embirrenta.
Nunca fui de hidrovião.No entanto tenho bem presente uma ida nossa,de barco,estando eu mortinha por dançar com os giríssimos oficiais!!! De vez enquanto parava para ir estender-me..tal era o enjoo!! Diverti-me tanto!!!
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